Driely Meira 06/01/2017
Gostei
No ano de 1940, a Estônia foi invadida pelos soviéticos, forçando sua população a lutar contra a violenta ocupação, aliando-se às forças alemãs, consideradas heroínas na época, para expulsá-los. Quando tal expulsão finalmente aconteceu, as intenções alemãs começaram a trazer dúvidas, de forma que muitos se voltaram contra a ocupação, que durou até meados de 1944, quando a União Soviética finalmente os expulsou, o que ajudou na derrota alemã na Segunda Guerra Mundial. Depois disso, novamente, a Estônia foi ocupada pelos soviéticos.
Tendo isso como base, é possível entender a história. No ano de 1941, os primos Roland e Edgar estão lutando contra o Exército Vermelho da URSS num grupo chamado Irmãos da Floresta, que tinha como objetivo a libertação da Estônia. Mas, tirando isso e o fato de serem quase irmãos (a mãe de Roland sempre tratou Edgar como seu filho mais novo preferido), eles não tinham mais nada em comum. Roland realmente se importava e lutava pela libertação de seu país com todas as suas forças, enquanto Edgar parecia mais aterrorizado do que qualquer outra coisa.
Tínhamos uma missão: enfraquecer o Exército Vermelho que ocupava a Estônia. – página 14
Roland mal via a hora de finalmente voltar para casa e ver sua amada Rosalie, mas ambos sabiam que aquilo era pouco provável de acontecer, pois a guerra estava longe de acabar. Rosalie era prima de Juudit, a esposa de Edgar, mas, ao contrário do primo, ele não amava a mulher, então não parecia animado para voltar para casa, assim como ela não desejava que ele voltasse.
O livro não segue uma ordem cronológica, mas é dividido em seis partes (além do prólogo e epílogo), e cada uma delas nos apresenta acontecimentos de alguma década (décadas de 40 e 60), mas, novamente, não em ordem cronológica, o que me deixou confusa algumas vezes. A autora narra as partes de Juudit e Edgar em terceira pessoa, enquanto a de Roland aparece em primeira.
Logo, todos os homens no meu país vestiriam apenas o uniforme do Exército estoniano, de mais ninguém, não daqueles conquistadores estrangeiros nem dos aliados, apenas o nosso próprio uniforme. Era isto que buscávamos: recuperar nosso país. – página 11
Enquanto Roland luta o livro todo pela liberdade dos oprimidos, seja ajudando pessoas a fugirem do país ou simplesmente lutando, Edgar adquire uma nova identidade e toma partido dos nazistas, fazendo o possível para ser reconhecido e promovido como ele acreditava que merecia, e, além disso, abandona Juudit, que nem mesmo sabia se o marido estava vivo ou não. Acontece que ela acaba se envolvendo com os planos de Roland e se envolve tanto com os alemães quanto Edgar, que não sabia o que tinha acontecido com Roland, mostrando-se temeroso em relação ao primo.
Como eu adoro livros históricos, bati os olhos em Quando as pombas desapareceram e fiquei imediatamente curiosa, colocando o livro acima dos outros na listinha de não lidos. Acontece que eu não havia gostado muito do início, então o deixei de lado e fui ler outras coisas, e a leitura acabou ficando para 2017. Voltando a lê-lo, me senti fisgada pelo início, que se passava durante 1941 e 1943, mas, infelizmente, a leitura não foi tão ágil quanto no início.
Acontece que eu já tinha escolhido o meu personagem favorito (Roland), mas o protagonista mesmo, aquele que sempre aparecia e que tinha o maior destaque era Edgar (ódio eterno). Pensem numa pessoa que troca de lado a todo momento, ficando sempre contra quem tem mais chances de perder. Edgar apoiava a resistência contra os soviéticos, mas, depois que a Alemanha caiu, ele passou a escrever livros sobre as atrocidades cometidas pelos alemães, como se nunca tivesse sido parte daquilo. E, se isso já não é o suficiente, no final, a autora finalmente revela um mistério que cercava a obra desde o começo. Fiquei chocada, mas não surpresa.
Agora era o momento que esperávamos e para o qual havíamos nos preparados. Os alemães tinham ido embora e os russos estavam a caminho para conquistar nosso país. Mas não permitiríamos que eles entrassem. – página 263
Enfim, Quando as pombas desapareceram (título que faz sentido quando se lê o livro) foi interessante e me ensinou várias coisas que eu ainda não conhecia a respeito dos soviéticos e alemães, além dos estonianos. E algumas partes da história são ágeis, tensas e nos deixam com o coração na boca (como foi o caso do final do livro), temendo o pior... Mas, grande parte é só maçante, e eu fiquei um pouco decepcionada, pois esperava bem mais.
Ele estava de cabeça erguida. O campo de batalha jamais combinara com ele. Aparentemente, isso combinava. – página 257
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