Elidiane 04/11/2016Não Tive nenhum prazer em conhecê-los O livro possui uma narrativa em mosaico, com pequenos fragmentos poéticos, onde o personagem/narrador é um homem de 90 anos, que vive em São Paulo, e usa a escrita para lidar com a velhice e desesperança.
Entre passeios pela “metrópole apressurada”, reflexões, e lembranças da infância e juventude, o personagem escreve, numa tentativa de publicar seu primeiro livro. Ele fala sobre a decrepitude, solidão, melancolia, e a saudade da amada “aquela que não voltará jamais”, como ele a chama.
O livro tem uma linguagem poética, e um texto bem elaborado, característica marcante do autor. Traz citações de diversos autores, desde os gregos antigos a Schopenhauer. O texto é repleto de palavras que não são usuais no vocabulário informal, mas que dão o tom da narrativa. Outro recurso utilizado pelo autor é a eliminação dos artigos definidos, dando ritmo à leitura.
Por se tratar de uma narrativa feita por fragmentos, o livro não possui um “ponto alto” da história, nem possui uma ordem cronológica dos fatos narrados. Seguimos o tempo inteiro na cabeça do narrador, somos levados pelas suas memórias, idéias, divagações e sentimentos. Adorei a leitura, e as reflexões causadas pelo livro,(mesmo que alguns momentos se tornem cansativas) talvez o leitor acostumado com uma romance com grandes acontecimentos, e reviravoltas não se atraia, mas ainda sim, vale uma chance.
site:
http://decaranasletras.blogspot.com.br/2016/11/resenha-223-nao-tive-nenhum-prazer-em.html