Naty__ 20/02/2017"Inteligência é a capacidade de se adaptar à mudança" - HawkingTudo começou com um selo chamado Crânio, com o fito de estimular o leitor a entender e questionar o mundo que estamos construindo; de trilhar novos caminhos, mostrando que ciência, inovação, história e filosofia podem ser tão surpreendentes quanto a mais criativa obra de ficção. Aqui tudo é real. E ainda assim, fantástico e muitas vezes assustador. Assuntos delicados e surpreendentes são tratados com o respeito que merecem, com uma linguagem que aproxima o leitor. E então Onde nascem os gênios surge estreando o selo.
Onde nascem os gênios? O que eles comem? Onde vivem? O que fazem? Não, aqui não é Globo Repórter, mas este livro promete trazer reflexões que muitos sequer imaginariam. No entanto, não esperem fórmulas mágicas, matemáticas e científicas. Nem tudo se prova, nem todos os argumentos são cientificamente comprovados, afinal, como poderia? No entanto, algumas coisas são tão bem calculadas, bem pensadas que o leitor apenas reflete e concorda ou, se não concorda, pelo menos entende como o autor chegou àquela conclusão.
Em Onde nascem os gênios, o leitor embarca numa viagem para desvendar a origem e as raízes dos grandes gênios da humanidade. Não é uma ficção, nem tampouco um livro com dados específicos. Eric Weiner primou por fazer algo peculiar: um diário de viagem, um ensaio com informações histórias, além de acrescentar humor na dosagem certa e mostrar que fez uma vasta pesquisa para conclusão desse trabalho – ao final, o autor nos mostra sua bibliografia selecionada.
A linguagem não é difícil, mas a obra é densa pelo seu conteúdo. Aprendemos muito e conhecemos o lado oculto de diversos escritores, filósofos, pintores – aqueles considerados gênios. Há ainda alguns que não sabemos se foram gênios ou não, o autor nos mostra a divisão de opiniões, a exemplo de Steve Jobs. Porém, para ele não importa se Jobs foi um gênio, o importante é conhecer o lugar onde ele nasceu e entender mais sobre essa cidade.
Algumas coisas podem parecer confusas, mas se a gente parar e analisar, é possível compreender o real sentido. O autor nos leva a caminhos que inspiraram figuras como Sócrates, Michelangelo, Leonardo da Vinci, David Hume e Mozart, com a finalidade de descobrir o que ainda paira de especial sobre cada um desses lugares. Podemos compreender essa ligação através da teoria da evolução, concebida enquanto Darwin andava de carruagem; Beethoven caminhava na mata; Freud e suas grandes descobertas que tomaram forma durante suas visitas a uma cafeteria.
Infelizmente, nem todos os gênios conseguiram colocar seu nome na história, ainda que muitos tenham existido e existam até hoje. Através de Eric conhecemos gênios que nem sabíamos, assim como analisamos melhor a genialidade de outros e onde nasceram. Afinal, onde nascem os gênios? De Atenas ao Vale do Silício, passando por Hangzhou, Florença, Edimburgo, Calcutá e Viena, Eric busca entender a ligação entre o ambiente e o surgimento dessas grandes mentes.
A obra não é apenas isso, ele não estuda o lugar; analisa as pessoas, como viviam, o que faziam e, a partir disso, divagamos sobre a origem dos gênios. De certo, como afirma o autor, hoje em dia a maioria das pessoas são rotuladas como gênios. Aquelas que possuem o Q.I. elevado, tira as maiores notas no colégio, na faculdade; jogadores de tênis; criadores de aplicativos. Ele declara que, atualmente, sofremos de um caso sério de inflação de gênios – a palavra é usada promiscuamente.
Infelizmente o Brasil é o país em que acadêmicos, em sua maioria, preferem passar de disciplina, se possível, sem ler determinado livro. Ainda que a nota não seja uma das melhores, o fato de ser aprovado já é motivo de vitória. Muitos não se preocupam em ler, em mergulhar os olhos em qualquer tipo de leitura, principalmente a acadêmica – essa é a maior inimiga de grande parte dos brasileiros. Gramática, então? É como se fosse a versão do diabo em forma de papel.
A gente ri, faz piada, mas é lamentável como muitos daqui não se preocupam em melhorar o seu vocabulário, sua escrita, seu conhecimento, preferem passar “rasteiro”, conseguir um trabalho através de QI (Quem Indica), a conquistar por méritos próprios.
O que chama a atenção é a dedicação da Editora DarkSide em criar um selo nessa área e, tenho certeza, ainda que não seja o atrativo para a maioria, vai agradar muitos leitores, assim como já me agradou. Recomendo, recomendo e recomendo!