Vamos comprar um poeta

Vamos comprar um poeta Afonso Cruz




Resenhas - VAMOS COMPRAR UM POETA


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Bookster Pedro Pacifico 16/06/2021

Vamos comprar um poeta, de Afonso Cruz
Nas poucas páginas que compõem esse livro, fica evidente a genialidade do autor português - característica que eu já tinha escutado de outros leitores. A obra foge totalmente daquele conceito de romance que estamos acostumados a ler. Ela inova tanto na forma, como no conteúdo, usando uma premissa questionadora para construir a narrativa: “Numa sociedade dominada pelo materialismo, as famílias têm artistas em vez de animais de estimação”.

Digo questionadora porque a obra me fez refletir muito sobre os valores e a forma de vida das novas gerações - nas quais eu me incluo. Pode-se até classificar a história como uma distopia, já que, na sociedade apresentada por Afonso Cruz, o ideal utilitarista domina as ações individuais. A subjetividade perde totalmente seu espaço, dando lugar a um pensamento objetivo, exato e racional. Tudo é mensurado e calculado. O consumo deve ser sempre estimulado. No meio dessa inversão de valores, denunciada de forma inteligente e bem-humorada, é que os personagens passam a questionar a utilidade da arte.

Ora, para que serve uma manifestação como essa? Arte e cultura são uma contradição tão hedionda ao modo de pensar dessa sociedade que a função de um poeta sequer consegue entrar na cabeça desses seres tão matemáticos. E fazendo esse esforço, os personagens logo precisam colocar essa figura exótica e subversiva no meio da cadeia consumidora: vamos COMPRAR um poeta!

Além de ser um romance muito bem escrito e inovador, que fez acabar meus marcadores, o apêndice escrito por Afonso Cruz fecha a obra com chave de ouro, revelando ao leitor a importância da arte e cultura para o desenvolvimento de uma sociedade mais humana. Leitura para se fazer em pouco dias, mas que ficará marcada por bastante tempo, acendendo a vontade de cair de cabeça nas demais obras do autor.

Nota 10/10

site: http://instagram.com/book.ster
Fernanda.Martins 06/07/2021minha estante
Esse livro é lindo demais ! Li ano passado e ressignificou muita coisa


Rosi 06/11/2021minha estante
Livro genial...impossível sair o mesmo apos leitura ..impossível não indicar essa leitura !


Bruna Foliatti 28/12/2021minha estante
Assisti a um vídeo teu no YT que recomendava o livro. Fiquei interessada e resolvi lê-lo. Venho no Skoob e encontro vc nas resenhas do livro. ?


Marina 08/07/2022minha estante
Senti a mesma coisa lendo o livro. A história em si é ótima, muito singela e bonita. Mas quando cheguei no apêndice eu só aplaudia, mais didático, impossível!


Rodrigo954 30/11/2023minha estante
Que livre espetacular!!! Foi minha primeira compra que chegou hoje dessa blackfriday. Em cima da mesa, ele me olhou, eu olhei pra ele e o resultado foi lido nessa noite! Livro lindo, tocante, importante!!! O apêndice realmente coloca os pingos em todos os is. Brilhante!


Carol 07/12/2023minha estante
Livro lindo e genial! Todos deviam ler


Nara_Thais 05/03/2024minha estante
Sua resenha descreveu o que venho percebendo e sentindo também com essa leitura que, só pelo título, me cativou de imediato. Entrando na madrugada lendo pq achei que ia me dar sono, mas é um tema que me desperta. E o autor provoca isso muito bem.




Kira 29/03/2021

Surpreendente
É uma distopia poética, que questiona o valor que damos as artes e a cultura.
Curto e profundo.

"Uma sociedade pode ser melhor se a imaginarmos melhor."
Angie - @livros_libras 29/03/2021minha estante
Eu adorei este livro!!! Muito gostosa a leitura, né?!


Kira 29/03/2021minha estante
Eu tbm, favoritado hahaha




Katia Rodrigues 19/03/2023

O pesadelo dos emocionados
A fictícia sociedade distópica dominada pelo materialismo criada por Afonso Cruz, na qual artistas desempenham o papel de animais de estimação e tudo é medido com exatidão, até mesmo as emoções, nos faz refletir sobre o papel da poesia, dessa que não se limita `a palavra, que pode ser encontrada nas coisas do cotidiano, num sorriso, num abraço apertado, numa refeição compartilhada.

Quem de nós leitores vorazes nunca ouviu a seguinte pergunta: "Pra que ler tanto?". Às vezes seguida da crítica velada: "Não leio porque sou uma pessoa muito ocupada, você sabe" dita assim como acusação. Sim, eu sei muito bem... Têm tantas coisas importantes, tantas obrigações e responsabilidades na vida que não podem desperdiçar seu precioso tempo nesta atividade prescindível, entretenimento, seguramente elevado, porém inútil. Pois lhes digo que graças à literatura, entende-se e vive-se melhor a vida. Graças à poesia, ama-se melhor.

Ig: @_katia__rodrigues_
Craotchky 19/03/2023minha estante
Bela mensagem


Katia Rodrigues 19/03/2023minha estante
?


Alê | @alexandrejjr 20/03/2023minha estante
Curto e certeiro texto, Katia. E ainda somos coroados com um título magnífico!


Katia Rodrigues 20/03/2023minha estante
Valeu, Alê! ?




Craotchky 22/02/2023

Tenho milhas a percorrer antes de dormir
"O que é fazer versos senão confessar que a vida não basta" - Pessoa como Álvaro de Campos.

Um alicate é útil pois serve para alguma coisa, isto é, tem uma finalidade; sua finalidade é a utilidade que ele tem. Nesse contexto, um alicate não esgota em si mesmo a razão da sua existência. O valor do alicate está em sua utilidade. Da mesma forma, o valor de uma caneta está fora dela, neste caso em facultar a alguém a capacidade de registrar algo escrevendo. Uma caneta que não escreve é inútil. O valor de um serrote é cortar. Um serrote que nunca corta algo parece não ser útil, portanto não vale de nada.

Bem, dizem que ser feliz é a principal meta de uma vida. Absolutamente tudo o que cada indivíduo faz todos os dias parece servir a esse fim. Mas para que serve a felicidade? Qual a sua finalidade? Você usa a felicidade para que? Onde reside seu valor? Aparentemente a felicidade vale por si; seu valor não está fora dela, como acontece com o alicate, a caneta e o serrote; a felicidade parece não ser instrumento "para alguma coisa", mas ser ela própria uma finalidade a ser alcançada. Nesse sentido a felicidade é inútil.

E a arte? Onde ela se situa nesse cenário a partir do princípio de utilidade? E a cultura? Será mesmo que apenas aquilo que é indubitavelmente útil tem valor? Eis uma das questões levantadas por Afonso Cruz nessa pequenina mas preciosa fábula distópica moderna, bastante moderna. Nesta sociedade a quantificação numérica presente no sistema econômico capitalista avançou a tal ponto que penetrou no cotidiano da vida e das interações humanas. Coisas comuns passam então a ser mensuradas em cifras. Um beijo é definido pela quantidade de saliva depositada na bochecha de alguém; a intensidade de um grito é descrito pelos decibéis que alcança; o caminho até a casa é apresentado pelo número de passos...

Nesta sociedade em que a figura divina deixou de ser Deus e passou a ser Mamon, (termo de origem bíblica que representa riqueza e posses materiais) a noção de utilidade ganha uma definição muito particular: algo útil se define especialmente como algo que se traduz em valores monetários, alimentando o sistema financeiro social. Inútil é tudo aquilo que não se deixa converter em participação econômica, tendo assim valor de mercado desprezível, incluindo possíveis pensamentos e comportamentos.

Nesse modelo de vida utilitarista extrema, categorias artísticas como pintores, bailarinos, atores e poetas (espécimes chamados de inutilistas), por exercerem atividades que não produzem bens materiais e em consequência não alimentam a máquina econômica, são vendidos como animais de estimação. Além disso, tudo é monetizado através de emblemas de empresas que patrocinam os mais variados artigos como roupas, lençóis, toalhas de mesa, facas, pantufas. Afinal, em uma sociedade assim, deve-se monetizar tudo o que for possível. Até mesmo a linguagem é afetada, tornando-se racionalizada, precisa, exata, pragmática, objetiva, rigorosamente numérica, desprovida de figuras de linguagem, metáforas, eufemismos, imaginação.

Lógica de produção e consumo, cálculo de eficiência, monetização da vida, sociedade excessivamente materialista, o papel da arte; estes são alguns elementos trabalhados pelo autor; e com muita suavidade, acredite. Este livro de Afonso Cruz é uma pequena joia. A obra se equilibra entre sua leveza e suas provocações reflexivas de cunho questionador. Os capítulos extremamente curtos (uma ou duas páginas) e a narrativa muito fluída permite a leitura completa em pouco tempo (em verdade li essa novela em poucas horas).
Nath 22/02/2023minha estante
Interessante as reflexões, não conhecia esse livro. ?Como fotógrafa q trabalha na área da cultura visual, eu sempre me vi numa "encruzilha" quanto ao dilema na minha profissão: dedicar a minha criatividade unicamente a minha arte ou transformar minha arte em produto comercial para "vender meu peixe" e assim pagar as minhas contas.. no final, vivemos numa sociedade capitalista onde para sobreviver temos q comercializar tudo para consumir, sobreviver e pagar as contas.. triste, mas é a realidade..? Artistas tem sim que aprender marketing na faculdade para vender sua obra como produto útil, se não ele morre de fome dentro dessa nossa sociedade capitalista. Eu que o diga! ?


Nath 22/02/2023minha estante
Enfim, essa sua reflexão me fez lembrar uma notícia que circulou nesse carnaval 2023 q tb me fez refletir, a notícia:" a supermodelo brasileira Gisele Bundchen faturou $24 MILHÕES de reais da Brahma, em UM único dia, para marcar presença no palco da marca no carnaval do Rio.. enquanto que um segurança do mesmo evento falou ganhar $200 por dia para trabalhar 15horas diárias durante todo o evento do carnaval.. Nesse caso o culpado pela desigualdade absurda salarial não é a Gisele, e sim os milhares de consumidores no país q acha útil e traz felicidade comprar a Brahma pq a Gisele Bundchen segurou a cerveja no camarote da marca? Enfim, o bem vindo ao capitalismo ?


Paloma 22/02/2023minha estante
Não sei o que mais rico aqui, a resenha ou os comentários ???????? arrasaram.
Esse livro já estava na minha lista, agora deu mais vontade de ler.


Craotchky 22/02/2023minha estante
Colocações pertinentes, sobretudo dentro de cada contexto. Penso que talvez a mensagem da novela é alertar para um possível extremo.
Paloma, o mais rico provavelmente é o livro, mas também a conversa, como essa, que a resenha pode promover. Leia, é bem curto. O corpo do texto deve ter uma 75 páginas apenas.


Nath 22/02/2023minha estante
Valeu, Paloma. :) ??Esse tipo de discussão construtiva sobre arteXcapital eu sempre estive engajada devido as minhas faculdades e a minha Pós, ambas em jornalismo e fotografia. E agora estou tb dentro de mais outro grupo de artistas visuais (fotógrafos) no MBA Cultura Visual na América Latina onde essas discursões sobre arteXcapital sempre estão em voga entre nós. Se deixar eu passo hooooras falando sobre o assunto kkkkk?


Paloma 22/02/2023minha estante
Que massa Nath! ???????


Karen.V 17/04/2023minha estante
Parece ser bem interessante. Adicionei à minha lista de desejos ?


Craotchky 17/04/2023minha estante
Sim, Karen. A premissa desse pequeno livro me saltou aos olhos. É um livrinho de excelente custo-benefício: exige pouco tempo de dedicação de leitura (já que é bem curto) e entrega muito como experiência e possibilidades de reflexão.




Peleteiro 14/04/2020

Sútil e comovente
Uma sutil e adorável leitura, sobretudo num momento em que o governo brasileiro tenta legitimar a ideia da arte como uma inutilidade, e do investimento na área como um despropério. O romance, por si só é leve, doce e encantador, mas foi o seu apêndice que mais me atingiu. Ao final da leitura, encontramos um curto e afiado manifesto em defesa da arte, trazendo como defesa o que mais falta aos governos estúpidos: embasamento.
Matheus656 09/07/2020minha estante
Boa colocação. E digo mais. Governos de direita que priorizam o lucro e a economia acima de tudo, da vida, da arte, do imaterial. Fadados ao fracasso. A sociedade está sendo levada a um belo obscurantismo. Triste, cinza.




Cleber 18/08/2022

Para que serve a arte?
Em português de Portugal, com humor e com uma genialidade irônica, esse livro foi uma ótima surpresa! Através de uma realidade distopica o autor nos faz pensar sobre o que e a arte e suas variações. Afinal, para que serve a poesia?
Daniel 18/08/2022minha estante
Genial mesmo esse livro!




Rick Shandler 13/09/2022

Vamos comprar um poeta - Afonso Cruz
É inútil ler este livro. Tu não vai receber nada em troca. Lucro? Nada. Apenas o prejuízo do dinheiro gasto em sua compra. Sua conta no banco permanecerá a mesma, bem como sua carteira. Gastará teu tempo e não haverá nenhuma vantagem em ler este livro e é por isso que tu deve lê-lo.

Vamos comprar um poeta é uma sátira em forma de distopia que apresenta um mundo 100% objetivo e materialista (tão diferente do nosso, né?). Neste mundo utilitarista, onde tudo é medido e contabilizado (da saliva de um beijo a quantidade de lágrimas) a maior ofensa possível é ser considerado um ?inutilista?. A cultura, expressão máxima do subjetivo, é tão preterida neste mundo do capital que se torna um artigo exótico, sendo possível comprar poetas como animais de estimação alternativos.

É nesta visão distópica que Afonso Cruz constrói sua história de uma delicadeza ímpar. O autor leva ao máximo a oposição entre preço e valor, nos levando a refletir sobre o quanto persistimos em valorizar as coisas erradas e acabamos esquecendo o que realmente tem valor. Afonso Cruz dá um tapa de luva na cara de uma sociedade pautada por coachs de produtividade e que se vê cada vez mais consumista.

Enfim, Vamos comprar um poeta é um livro com um nível de subversão de 15%, porém estudos apontam que lê-lo pode aumentar a felicidade do leitor em 10%, com possíveis acréscimos em sua produtividade. Como efeito colateral, pode levar o leitor a pensar. Tem que ler.
@freitas.fff 13/09/2022minha estante
Ótima resenha, Rick! No espírito do livro RS


Rick Shandler 13/09/2022minha estante
Achei minha resenha inútil.???




luizbrbs 12/01/2024

Leitura muito rápida e o texto bem fluido (mesmo sendo em português de Portugal). Gosto do humor seco e da crítica ao capitalismo no final da história.
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marcio.chiara 24/03/2021

Qual a utilidade de um poeta?
É com base nessa pergunta que eu diria que o livro se constrói. Tudo deve ser útil? Qual a utilidade de um poema para a economia?

A economia, por sinal, é a tônica desse cenário distópico.
Tudo é mensurado, da saliva de um beijo ao percentual de nervosismo de uma pessoa, a fim de mostrar a evolução econômica daquele contexto.

De maneira muito bem elaborada e com muito humor, gerou uma leitura extremamente agradável. Sorrisos e risadas foram marcadores de páginas. Aliás, a as metáforas aparecem com bastante frequência, divertindo a leitura.

Recomendo muito a todos!
Dickson 26/03/2021minha estante
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Joao 18/01/2023

Elegante
Vamos Comprar um Poeta foi uma leitura super leve e divertida, com entrelinhas bem importantes. É um livro super rápido de ler, o que se adéqua perfeitamente para um dia de domingo.
Com a narrativa de ser uma sociedade onde os artistas ocupam a posição de animais de estimação, onde tudo é mensurável e calculado, o autor consegue trazer muitos sentimentos a história. Deixando o leitor compenetrado. Durante a evolução da prosa, o que me marcou muito foi a diferença no pensar da personagem. Uma pessoa que calculava quantos mL de lagrimas tinha escorrido em um choro, passou a ter uma alma poetisa.
O livro trata também de relações familiares e como a questão do dinheiro, e/ou falta dele, impacta no lar.
Enfim, uma leitura de poucos dias que fica marcada por bastante tempo.

“Tenho milhas a percorrer antes de dormir.”
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Janaina Edwiges 11/10/2021

Nunca abandone a poesia!
Lidar com o ócio gera um incômodo, um sentimento de culpa, que advém de um princípio intrínseco à cultura ocidental capitalista: devemos sempre realizar atividades produtivas, tudo que fazemos precisa ter um fim prático. O nosso valor passa a ser mensurado pelo quanto podemos ser eficientes. Lembremos dos idosos, cada vez mais esquecidos e abandonados neste corpo social, que determina que se não somos mais úteis à economia, nos tornamos um estorvo, simples peças descartáveis.

Vamos comprar um poeta surge como um sopro de esperança nesta perspectiva tão cruel que nos oprime. Afonso Cruz apresenta uma família que vive em uma realidade distópica, em que tudo é quantificado, inclusive os gestos de afeto, em que os objetos são patrocinados, os nomes das pessoas são compostos por letras e números (quanto mais algarismos após a vírgula, mais pomposo é), o cumprimento ideal é ?crescimento e prosperidade?, o entretenimento se baseia em atividades geradoras de lucro ou que estejam de alguma maneira relacionadas ao dinheiro e a divindade clamada em momentos de emoção ou súplica é Mamon, termo que remete à riqueza material.

Nesta sociedade, não há espaço para atividades puramente culturais, desprovidas de valor monetário. Os animais de estimação não são mais os adoráveis bichinhos, mas os profissionais ligados à arte. Assim, quando uma garotinha pede aos pais um poeta de presente, esta delicada história começa a se edificar diante dos nossos olhos e nos inspira reflexões profundas. Posso ser uma sonhadora, mas cada dia me sinto mais convicta de que quero contribuir para um mundo em que ?nunca se abandona a poesia, nem num parque, nem na vida?.
Alê | @alexandrejjr 20/01/2022minha estante
Lindo texto, Janaína! Parabéns!


Janaina Edwiges 22/01/2022minha estante
Obrigada, Alexandre!




Rafa 05/11/2020

Artista de Estimação
Conquanto ?Vamos Comprar um Poeta? trata-se de um livro curto, a sua mensagem é generosa e valiosa. A obra é notadamente uma crítica à nossa escassez cultural. O autor elabora fragmentos extraordinários que nos leva à reflexão da importância da arte na sociedade contemporânea.
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Toni 03/11/2020

Vamos comprar um poeta [2016]
Afonso Cruz (Portugal, 1971-)
Dublinense, 2020, 96 p. 📖

As personagens de Vamos comprar um poeta expressam surpresa, descrença ou raiva através de uma expressão curiosa—“Por Mamon!”—palavra emprestada do hebraico que significava “dinheiro” e foi, posteriormente, associada a uma espécie de entidade demoníaca da cobiça. É neste mundo utilitarista de números, consumo, assertividade linguística (sem espaço para ambiguidades) e ubiquidade mercadológica que A. Cruz reacende uma das perguntas mais relevantes de nosso tempo: para que servem, afinal, arte e cultura? 📖

Há menos de uma semana eu discutia com outro brasileiro na Brown que dizia que a literatura não tinha impacto social imediato. Sabemos que sim e temos até dados para demonstrá-lo, mas a dificuldade maior será sempre traduzir em números palpáveis uma mudança de paradigma, a quebra do preconceito, a ampliação de horizontes, o conforto da identificação, o encontro de alteridades. 📖

O romance, narrado por uma jovem que certo dia diz aos pais “Gostava de ter um poeta. Podemos comprar um?”, imagina um universo no qual—em tempos de falência de um sistema unicamente voltado ao lucro e carente de imaginação—de fato é possível ir à rua e comprar um exemplar “um pouco subversivo” para garantir “a qualidade poética”. 📖

Lembrei imediatamente do ensaio “Ariel”, de José E. Rodó [1871-1917], no qual o uruguaio faz uso de duas figuras-chave da peça A tempestade—Ariel e Calibã—para traçar uma alegoria da América Latina em sua relação com os Estados Unidos. Ariel é a América Latina, o espírito livre, “inutilista” como se diz dos poetas no universo de A. Cruz, constantemente assediado pelos interesses materiais de Calibã, o “monstro” utilitário. Num texto breve e delicioso, Cruz nos mostra que a poesia não é passividade: serve para ver o mar, mas também para romper grilhões de gênero. A poesia, como já dizia Saramago, desassossega. E do desassossego nunca se volta o mesmo, por sorte. 📖

Eu grifei tanto este livro que as poucas frases que sobreviveram incólumes devem dar, no máximo, para montar um par de haicais. Leiam — é precioso.
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Rhana 02/03/2022

Ótima reflexão
Tive que ler esse livro pra escola, e mesmo com a minha amiga dizendo que era bom não acreditei que era tão bom assim!!!
Ele conta a história de uma garotinha que vive num mundo hiper materialista e capitalista, onde o que mais importa são os lucros que você vai ter. Neste lugar, envés das pessoas comprarem bichos de estimação ou plantas, as pessoas compram artistas e a menina do livro, resolveu comprar, especificamente, um poeta.
É muito lindo ver a garota mudando de pensamento e vendo que a cultura e a arte também são importantes, não só os ganhos. E teve um diálogo em específico que eu achei incrível:
"- Por acaso, o poeta acha que vegetais e frutas são o mais importante da
pirâmide das necessidades?
-Evidentemente que não.
-É o quê, então?
-É a liberdade."
A única coisa que me incomodou no livro é o fato dos diálogos não terem sinalização (no que eu coloquei aqui fui eu que adicionei os travessões), o livro é de Portugal, então a escrita é um pouco diferente, mas não foi algo que me incomodou.
Em resumo, o livro é muito bom e trás várias reflexões incríveis, indico para todos.
Ps:+12(não tenho certeza, mas acho que é isso, o livro é bem levinho, mas acho que a partir dessa idade dá para compreender melhor)
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Nayara 22/02/2024

Vamos comprar um poeta
Essa fábula de Afonso Cruz é um dos livros mais lindinhos que já li. Realmente amigos estavam certos sobre esta obra.
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