Sueli 28/10/2016
Vou Para Rendezvous Ridge!
Cada leitor tem suas próprias idiossincrasias e uma das minhas é a conexão instantânea com a narrativa de Nora Roberts. Não há estranhamento, necessidade de adaptação à narrativa e nem ajustar meus “flaps” para voar nas asas de seus romances.
Mas, percebo que cada vez mais Nora Roberts quer falar sobre sentimentos familiares que ela domina como nenhuma outra autora do seu gênero literário. Acredito que a paixão por seus filhos, noras e netos esteja, cobrindo uma de minhas autoras favoritas, com cobertas quentinhas, confortáveis e muito difíceis de serem abandonadas, então, em “A Mentira”, Roberts capricha e nos deixa com água na boca ao nos apresentar personagens adoráveis e, imagino eu, muito próximas do seu próprio universo.
Eu tenho uma paixão bem mais antiga por outra Nora... A Nora Ephron. Tudo isso bem antes de saber que ela era produtora, roteirista, diretora, e sei lá mais o quê, de vários filmes que eu amo, como por exemplo: Sintonia de Amor, Mensagem Para você, Harry e Sally, e vários outros. E, por pura coincidência, outro dia assisti a um documentário, escrito, dirigido e produzido por seu filho, cujo título é – Nora Ephron, Tudo É Cópia.
E, sim, ela, Nora Ephron, acreditava piamente nas palavras de sua mãe, quando esta dizia que tudo é cópia, o que fez com que os roteiros da família Ephron tivessem vários diálogos de suas próprias vidas.
Um dos maiores sucessos de Nora Ephron foi baseado em uma das experiências mais traumáticas que uma mulher pode ter na vida – ela descobriu a traição de seu marido, um jornalista superfamoso, quando estava grávida do segundo filho deles.
E, o que esta mulher falida, destruída moral, física e publicamente, fez? Publicou o maior sucesso editorial da época! Ela deu a volta por cima em grande estilo! E, você pensa que o livro é um drama lacrimoso? Nada disso! Você chora de rir o tempo todo... Ela ganhou rios de dinheiro e ele, o marido, chafurdou na lama.
Ela vendeu o livro para ser adaptado para cinema, que foi outro grande sucesso, com a Merryl Streep e o Jack Nicholson. E, caso você fique interessado, o nome do livro é “O Amor É Fogo”.
Mas, porque eu falei isso tudo? Apenas para exemplificar que quanto mais autoral, mais o livro mexe comigo. Adoro sentir a emoção verdadeira estampada nas palavras escritas.
Agora, um pouquinho mais de “A Mentira”. ;)
Callie Rose é a garotinha mais esperta e sedutora que já vi e sua mãe, a sofrida Shelby, a ruiva que tirou o fôlego Grif, não fica atrás.
São quatro gerações de ruivas batalhadoras – Violet, Ada Mae, Shelby e Callie.
O que me deixou com a leve sensação de já ter conhecido essas mulheres incríveis antes. E, a cada página que eu lia, mais eu me lembrava de outro de meus filmes prediletos – Flores de Aço, de 1989. Uma adaptação da peça escrita por Robert Harling.
Até mesmo as características físicas da Shelby, do presente romance, combinam com o tipo físico de Julia Roberts, cuja personagem chamava-se igualmente Shelby.
Além disso, muitas cenas do livro são passadas no salão de cabeleireiro fundado por sua avó, Violet e situado no condado de Rendezvous Ridge, Tenesse, para onde Shelby vai, em busca de abrigo, paz e amor. Embora, o salão do filme seja dirigido por Dolly Parton, que não era parente da Shelby :D – simplesmente, maravilhosa! Aliás todo o elenco...
Roberts nos brinda com uma trilha sonora de primeiríssima qualidade, começando com hits antigos e muito bluegrass, que adoro!
Aí, você me pergunta: A história é boa?
A história é ótima! Tem drama, humor – do tipo crianças, família, comida, cachorros, amizade, etc., suspense, um antagonista mau que nem o Pica-pau... Então, é Nora Roberts no terreno que ela domina como ninguém, onde ela não erra de maneira nenhuma.
A meu ver, o único senão é que o livro acabou muito rápido! E, se você entende do que estou falando, sabe que quando um leitor gosta de um livro, ele poderia ter no mínimo umas 800 páginas!
Leitura imperdível! E, só não dei 5 estrelas porque eu queria mais! :/