fernandaugusta 29/04/2023Mensagem de Saigon - @sabe.aquele.livroPaxton Andrews sabe o que é ser deixada de lado pela própria família. Após perder o pai em um acidente, aos 11 anos, nunca foi acolhida pelo amor de sua mãe, ou de seu irmão, sempre distantes e frios. Criada em Savannah, em 1963 já sabe que não pode suportar os arroubos do sul segregado, em meio à luta pelos direitos civis.
Até que, aos 18 anos, em, 1968, Paxton resolve que irá para Berkeley, cursar Jornalismo, para horror de sua família tradicional. Na Universidade da Califórnia, se torna uma mulher independente e conhece Peter Wilson, irmão de sua colega de quarto e melhor amiga, Gabby. Apesar de apaixonados, Peter e Pax resolvem terminar os estudos para casar, porém após concluir a fauldade de Direito, ele é convocado para ir ao Vietnã. E morre, cinco dias após chegar lá.
Desolada, Paxton toma uma decisão extrema - tranca a faculdade e resolve pedir ao sogro (dono de um jornal) a vaga de correspondente de guerra em Saigon. Aos 22 anos, Pax embarca para o que seria a realização e a ruína de sua vida, quando conhece os horrores da Guerra e também os amores que nunca sonhou que viveria além de Peter, em meio à destruição e morte.
Danielle Steel dá uma boa aula de história americana ao entrelaçar a história de Paxton com a luta pelos direitos civis em um sul extremamente preconceituoso e, posteriormente, ao levá-la para o conflito no Vietnã, onde toda a segunda parte da trama se desenvolve.
Paxton é jovem e idealista, e isso muitas vezes me deu nos nervos. Mas logo ela amadurece para uma teimosia e um destemor muitas vezes sem sentido, a não ser o de "mostrar a verdade" que se passa através de sua coluna "Mensagem de Saigon", que logo vira um sucesso nos EUA. Também é uma protagonista sofredora, mas forte, marca da autora em suas obras. Paxton, entretanto, quebrou todos os recordes de perdas amorosas (pode pedir música!) no Vietnã e a força da narrativa vem justo da autora não poupar sua mocinha das más notícias em relação a seus afetos, o que leva a cenas muito emocionantes.
Só que tanta tragédia vai cansando, e esta é a impressão que tive, à medida que fui avançando. DS quis levar Paxton até o fim da guerra em 1975, o que prolongou a história e a deixou com um arraste na parte final. Final este bem abrupto e infelizmente, sem nenhum epílogo.
Vale a pena conhecer pela ambientação histórica esmerada, mas não estamos falando de DS em sua melhor forma. "Mensagem de Saigon" é um livro capaz de emocionar e surpreender, mas precisa ser encarado com uma boa dose de paciência.