Thamyres Andrade 24/05/2017Mais rápido que o Galvão narrando jogo da seleçãoDeus do céu, help. Respirando fundo pra falar sobre esse livro.
Sophie é uma adolescente comum. Até que, de repente, acorda sozinha no meio de uma floresta desconhecida. Buscando entender onde estava, descobriu que tinha ido parar numa outra dimensão, no Mundo Numérico. Explorando o local, conhece outros moradores, todos atendendo por números em vez de nomes, e descobre também que passou a se chamar Quatro. Não bastasse toda essa confusão, há uma guerra prestes a acontecer entre pares e ímpares, sustentada por acusações de roubo e sumiço do Zero, número que mantém o equilíbrio e a ordem desse universo. E com a ajuda de sua melhor amiga Clara - vulgo Quatorze - ela se sente no dever de impedir esse conflito de enormes proporções, que certamente acabaria com a sua esperança de voltar pra casa.
Ufa! Quanta informação, né? Pois é. Essa distopia é toda assim, meio corrida, meio viajante, meio sei lá. E vamos combinar que tudo isso contado em apenas 155 páginas, já era de se esperar que saísse um cosplay do Galvão Bueno narrando jogo da seleção.
Assim que tive o primeiro contato e li a sinopse, pensei que pudesse ser uma aventura interessante, no mínimo excêntrica. E como foi. Não sei dizer se apenas beirou ou se foi uma completa esquisitice do começo ao fim.
Por se tratar de um mundo distópico o que se espera é que ao menos os detalhes sejam bem desenvolvidos pra que o leitor possa se ambientar do novo local e sentir-se dentro dele. Mas, na realidade, os fatos vão acontecendo uns por cima dos outros. A cada trecho acontece algo grandioso, que não te permite assimilar a bomba anterior. É isso. A autora foi jogando bomba atrás de bomba, sem dó nem piedade. Me senti num verdadeiro campo minado.
A ideia como um todo não é ruim, mas a história foi pessimamente trabalhada. Algumas coisas aconteciam e me deixavam confusa ao ponto de ter que reler páginas inteiras pra conseguir compreender, tão perdida ficava. Até a metade do livro, gostei da personagem principal, mas depois parece que ela descamba ladeira abaixo e eu comecei a achá-la dramática e exagerada ao extremo. Os demais personagens, ou melhor números, também me causaram confusão. Não bastasse uma história permeada de 4, 2, 8, 14, 3, 13, que já provoca um vuco vuco danado, a Gabriela Varela ainda inventou de encher – eu disse encher – o tal Mundo de números com vírgula. Era 12,053 pra cá, 8,516 pra lá. E – pasmem, tinha até um personagem que se chamava 11,986107. Pensem na minha agonia e no meu cérebro fritando, tentando lembrar quem era quem. Pensem.
O final? Oh God. Nada se explica. Absolutamente nada. Depois de acompanhar toda essa tchaca na butchaca, já curiosa pra saber se a autora me surpreenderia nas últimas páginas, não há explicação, um motivo. Como assim, Braseel? O final fica TOTALMENTE em aberto, dando margem pra uma continuação, que por sinal vasculhei a internet de cabo a rabo e não senti nem o cheiro. A sensação que ficou foi de ilusão, me senti ludibriada, pois em lugar nenhum da capa ou da sinopse indica um segundo volume. Depois do sentimento de ter sido trouxa com força, veio a irritação. E, por fim, o seguinte pensamento:
1. Se não há uma continuação, o livro é bem pior do que eu pensava.
2. Se houver mesmo um Mundo Numérico Parte 2, eu passo é bem longe.
Nota 1, na gentileza.