LAPLACE 29/11/2016Corrida Final EmocionanteCom a revelação de que Jefferson e seus amigos estão vivos, Donna não hesita em partir com a equipe da Reconstrução de volta para Nova York. Não importa a ameaça dos mísseis nucleares — cujos códigos a Resistência está atrás —, ou a guerra que pode se iniciar a qualquer instante e devastar o mundo mais do que a Doença foi capaz de fazer, seu único objetivo é reencontrar Jefferson.
Já ele, que imagina que nunca mais irá rever sua amada, deseja que Donna fique bem onde quer que esteja, enquanto precisa fugir de todas as tribos de Nova York, uma vez que descobriram a verdade que ele escondeu para promover a união e criação de um único grupo: a verdade de que o restante do mundo sobreviveu e não foi atingido pela Doença.
Tendo sido resgatado por Kath e os gêmeos, Jefferson, Crânio e Peter tentam se manter vivos, enquanto buscam uma forma de recuperarem a bola de futebol e o biscoito, que foram roubados por Chapel, quando ele os traiu na reunião das tribos e se aliou à terrível Uptown.
Se antes a tribo de Evan já era a maior ameaça de Nova York, agora com os mísseis nucleares norte-americanos em mãos, Uptown se transformou na maior ameaça do mundo.
Querem saber como vai terminar? Então corram para ler o livro! Sério, corram mesmo.
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Antes de começar, preciso dizer que, se você vai ler Nova Era depois que conferir essa resenha, vai uma dica: respire. Respire muito, porque quando começar a leitura você não terá tempo para isso, e se pegará sem fôlego em diversos momentos.
Eu já falei aqui e repito: um grande diferencial do Chris Weitz é a sua capacidade de criar tramas incríveis em poucas páginas. Se em Mundo Novo e Nova Ordem a narrativa foi rápida e sem enrolação, em Nova Era o Chris arrancou o freio e empurrou o carro ladeira abaixo.
Praticamente não temos um momento de descanso, é um acontecimento grandioso atrás do outro e, o melhor de tudo, o autor faz isso sem atropelar as coisas. Não parece que algo foi mal trabalhado, ele dosa bem cada conflito, mostrando o que deve ser mostrado e seguindo em frente.
Temos um grande número de narradores nesse volume final, tendo, inclusive, a oportunidade de mergulharmos nas mentes de Imani e do sociopata Evan. Conhecemos mais sobre o passado desses e de outros personagens, seus anseios, personalidades e caráter, o que nos ajuda a entender as razões de alguns e odiar ainda mais outros.
O Chris trabalha nossas emoções sem pedir licença, ele criou esses personagens que tanto amamos e nos testa a cada capítulo, colocando-os em risco. Eu não diria que Mundo Novo é uma dessas sagas onde qualquer personagem pode morrer, porém, tendo em vista a forma como o autor mostra o quão cruel as pessoas podem ser, nós ficamos na expectativa de que talvez algum personagem querido não chegue vivo até o final. E sempre tem aquela “justificativa” de que no volume final qualquer um pode morrer, já que a história vai acabar mesmo.
Até porque estamos na iminência de uma guerra nuclear, a qualquer instante tudo pode ir pelos ares, e até personagens da equipe dos mocinhos que, em teoria, devem salvar o mundo, nos surpreendem com as decisões que consideram tomar. Esse é um diferencial da narrativa em primeira pessoa e do quão fundo o Chris vai na mente de cada personagem.
Enquanto que na narrativa em terceira pessoa, e até mesmo em muitas em primeira, nós apenas temos as decisões dos personagens, com um ou outro parágrafo de reflexão sobre o por quê de ele ter optado por fazer tal coisa, nos livros do Chris nós temos um verdadeiro debate introspectivo e vemos que, por mais que saibamos qual é a decisão certa, às vezes nos perguntamos se não seria melhor escolher outro caminho.
Do meu ponto de vista, Nova Era fechou a trilogia Mundo Novo da melhor forma possível, desde antes das últimas páginas já tomamos conhecimento de que as coisas não poderiam acabar de outra forma, contudo isso não estragou a experiência e o que encontramos no final.
Um ou outro ponto pode parecer ter ficado solto, contudo se analisarmos nas entrelinhas, se nos atentarmos para o que aconteceu, para forma como os personagens agiram uns com os outros, vemos que as respostas estão lá, o Chris apenas não quis anunciá-las em alta voz, mas deixou implícito para que captássemos a mensagem.
Essa foi uma saga que valeu muito a pena ter lido, não me recordo de um momento de insatisfação durante a leitura, de achar que o autor estava enrolando ou algo do tipo. Sentirei bastante falta desse universo e desses personagens. Donna, Jefferson, Peter, Crânio, Kath, Carolyn, Minifu, os gêmeos, são tantos, mesmo os que morreram ainda no volume 1, ficaram marcados em minha memória.
Se você não conhece essa trilogia do Chris Weitz, não perca tempo, definitivamente é uma leitura da qual você não irá se arrepender.