Jamile.Almeida 07/06/2022Tentou chegar perto de SapiensEnquanto que em Sapiens, Yuval desenhou toda a trajetória do homem até aqui, em Homo Deus, ele tenta ir além... o que virá.
Que Yuval é um homem com domínio incrível em várias áreas e um poder de contextualização, síntese e crítica impressionantes, acho que ninguém tem mais dúvidas.
Mas vamos ao livro. Yuval nos mostra como o homem tirou Deus do centro e poder de tudo e todos e pegou esse poder para si! Temos agora uma nova religião ? a humanidade. Ele tece os pontos positivos e negativos disso. O home tem aprendido a dominar cada vez mais ciência e daí ele mostra alguns exemplos que questiono e outros que o tempo provou o contrário, lembremos que ele publicou esse livro em 2015.
Ele diz que superamos:
A FOME ?compreendo que em termos de proporcionalidade, se analisarmos a quantidade relativa de pessoas que viviam a fome antes, realmente tivemos quedas drásticas e positivas neste aspecto... mas este é um ponto longe de ser resolvido... basta dar uma volta por aqui no sertão nordestino ou no viaduto embaixo da paulista com a Consolação em São Paulo.
AS EPIDEMIAS ? Bem, esse aí está fácil, tivemos provas e estamos ainda em pandemia... nada sabemos, a morte está aqui do nosso lado e a imortalidade é sonho de alguns mas realidade tão distante que acredito que nenhum de nós, da atual geração, veremos.
AS GUERRAS ? não Yuval, não superamos a guerra... sim, ela mudou de forma em alguns aspectos. Hoje temos ?crimes de guerra? (isso é tão demagógico, a própria guerra é um crime) a guerra virou além das ameaças de poder armamentício, virou econômica, sansões, cortes... porém ainda temos a barbárie de homens lutando entre si com poder de fogo nunca antes imaginável.
Yuval mostra que a ciência não provou a alma... mas a ausência de evidência não é evidência de ausência... ora ora... a ciência sabe todo o processo de como o homem morre, mas ela jamais provará porque um homem não deve matar outro homem... este poder está na moral, ética... que vem de conceitos de religião e família ? os quais podem e dem sim se atualizar diante dos novos aspectos e formações do mundo.
Yuval estraçalha o liberalismo como estilo de viver e econômica, fala que está fadado ao fracasso, ao mesmo tempo, afirma que até agora não há outro sistema que seja melhor. Mas esqueceu a premissa fundamental do liberalismo em toda sua crítica: A VIDA é inviolável e a coisa mais importante desse sistema... pena que muitos LIBERAIS esquecem disto e vêem outros morrerem e aceitam a condição de ?mas não foi minha culpa, não fiz nada para isso?... porém liberalismo com ética e justiça tem outro questionamento, ?o que você poderia ter feito para evitar isso? Como, diante da minha capacidade de liberdade que outros não possuem, posso evitar mortes e miséria??.
Yuval descreve o indivíduo não como um ser único, mas que a ciência nos diz que somos vários ?divíduos?... jamais Yuval, cada celula do meu corpo, em qualquer lugar que você pegar, terá uma única assinatura gênica, provando que somos um só... um só que de acordo com diversas situações, terá complexidades, respostas e ações diferentes de acordo com ambiente ou pressões que sofremos... mas somos UM SÓ.
Senti que o autor sofreu a pressão de seu próprio sucesso com ?Sapiens? e fez de tudo para tentar fazer um outro livro que chegasse perto... senti uma obra encomendada, forçada, meio feita para chocar para que tivesse polêmica e impacto... foi bom porque pude refletir muita coisa, mas, no geral, ela ficou no ?tá bom, valeu?!