spoiler visualizarartu 15/01/2022
Deus está morto; e em breve será a vez do Homo Sapiens
Yuval Harari, autor de Sapiens, retorna em Homo Deus para continuar a narrativa sobre a história do animal que virou deus, analisando o presente e especulando sobre o futuro.
Dessa vez, a expectativa não é tão otimista. Após assassinar Deus, o ser humano tomou seu lugar como centro do universo; agora, ao invés de seguir à risca passagens de um antigo livro sagrado, a sociedade baseia seus valores nos sentimentos humanos.
Porém, o Humanismo se revelou instável e deu ensejo a atitudes questionáveis. Ao colocar o Homo Sapiens como centro do universo, os outros animais tiveram sua importância e necessidades menosprezadas. A moral da social tornou-se relativa, mutável e, portanto, inconfiável.
Atualmente, a humanidade vive cercada de ilusões e equívocos. A verdade é que Deus morreu e ele levou o sentido consigo. O homem nunca se recuperou dessa perda, ao invés disso, tentou substituí-la com o progresso; mas essa atitude não passa de escapismo. O niilismo e o hedonismo parecem ser os guias dos humanos na sociedade contemporânea.
E o progresso não para. Os sapiens ainda tentam agarrar o sonho da amortalidade. A felicidade e a tecnologia agora andam de mãos dadas, o objetivo é maximizar o prazer e atender às vontades humanas (ou até controlá-las). E as maiores expectativas para o futuro talvez sejam o surgimento do humano superior, o Homo Deus, e a ascensão do dataísmo, a religião dos dados.
Sendo assim, o futuro não anima; assemelha-se muito mais a uma distopia como em Admirável Mundo Novo. O autor está ciente disso e, por isso, escreveu esta obra. O objetivo é questionar mais afundo o rumo que estamos tomando como espécie e expor mitos e contradições que são disseminadas pela religião humanista. Acho que, por conta desse fator, Homo Deus torna-se uma leitura mais interessante que Sapiens. É um ótimo livro para reflexões, e acho que todos deveriam o ler pelo menos uma vez na vida.