Itin | @merasliteratices 10/06/2021A visão do futuro de um dos maiores intelectuais da atualidade. Se em 'Sapiens' viajamos através da história e dos passos que passamos para chegar até aqui, em 'Homo Deus' Yuval Harari divaga sobre o futuro num livro mais filosófico do que sua contraparte histórica anterior.
'Homo Deus' é dividido em três partes: um retrospecto sobre o que compõe nossa realidade e nos faz humanos; depois em como nós abrimos mão do significado em troca do poder, onde o humanismo surge como uma religião centrada em nós; e por fim a profecia final de como o ser humano se tornará obsoleto e será substituído pela IA.
Embora interessante e assustador o retrato negro do futuro que Harari pinta para nós, predizer o futuro é impossível, e todos os diversos "fins do mundo" já previstos, foram (em sua maioria) meras alucinações. O ponto forte da obra não é a profecia, mas sim os pontos filosóficos onde ela se alicerça!
O livro traz um debate cru de como o Humanismo matou os deuses e agora influencia as mais variadas vertentes políticas que pontuam o mundo atual. Do comunismo ao liberalismo, são todas variantes de um único pensamento universal. Liberdade de expressão e de pensamento são colocados em check numa análise imparcial.
A parte mais curta e interessante do livro é um debate entre consciência x inteligência, em como os algoritmos podem nos substituir (e já o fazem), uma vez que não seremos mais importantes para o sistema. Mas de onde vem essa importância? Um capítulo final sobre o Dataísmo, a religião da informação, fecha a obra com uma mensagem forte!
Uma obra ambiciosa e embora superficial no que tange alguns debates filosóficos e atalhos históricos (e não teria como ser diferente), consegue passar sua mensagem e nos levar a refletir: os dados estão substituindo nossa importância, ou sempre foram onipotentes e só agora nos demos conta disso?