Vinicius.Dias 11/09/2020
Achei brilhante!
Se você é um admirador de quaisquer outras culturas, se curte mitologias e Deuses que remetem a civilizações mais antigas, se tem um comichão para viajar e conhecer novos locais e se adora uma boa trama repleta de suspense, reviravoltas e enganações: esse livro é para você!
O que Neil Gaiman fez nesse livro foi destrinchar as entranhas dos EUA e toda a pluralidade/diversidade que se encontra naquele país. A história conta a trajetória de Shadow, um ex-presidiário que teve sua vida tornada de cabeça para baixo de um dia para o outro e se envolveu em uma guerra que sequer tinha noção da existência. Tudo começa com a saída da prisão no meio de uma tempestade após sua esposa falecer. No caminho para casa ele conhece o Sr. Wendnesday, um trambiqueiro mais velho que o convida para trabalhar para ele. Assim que aceita, o sobrenatural/fantástico entra em ação. Tem Leprechaun bêbado e brigão, tem morto voltando a vida, tem Deuses antigos sofrendo pela falta de adoração de seus fiéis, tem Deuses novos e arrogantes por conta da fama? Cara, tem de tudo nesse livro!
Uma coisa bacana é que os personagens são apresentados de uma forma muito orgânica. A medida que o protagonista viaja de cidade em cidade, eles aparecem e contribuem com diálogos bem interessantes. Além disso, uma coisa que chama bastante atenção é a capacidade do Neil Gaiman de te transportar para esses lugares e de trazer aspectos regionais de uma forma muito bem feita. Você realmente se sente participando dessas viagens ao cerne dos EUA.
Voltando a história, que guerra é essa em que o Shadow se envolveu? A guerra entre os antigos e os novos Deuses. Aqui o autor tem uma sacada genial na qual coloca a criação dessas figuras acontecendo do imaginário coletivo das pessoas. Sendo assim, os novos Deuses foram criados à partir da evolução que fomos tendo como civilização com a introdução de novos instrumentos/oportunidades. Deus da tecnologia, Deus das ferrovias, Deus dos carros, Deus da mídia? isso é brilhante e ao mesmo tempo traz à tona uma mudança de paradigmas que aponta o quanto nós, seres humanos, mudamos a nossa essência espiritual e voltada para a natureza, pelo materialismo/individualismo. Triste, mas sensacional!
Acho que vale comentar que esse livro é a edição favorita do autor e por isso é um pouco diferente da primeira edição lançada. Ele traz cerca de 12.000 palavras a mais, além de uma entrevista bem interessante do final. Ou seja, estamos diante daquilo que o autor acredita ser o melhor da história e não do que as editoras acreditam que vai vender mais. Então, não dá pra não se empolgar ainda mais com esse fato.
Eu adorei a história. Fiquei preso nela na última semana e acho que vale muita a pena! Sei que existe uma série de televisão mas ainda não tive a oportunidade de assisti-la. Acho que agora será inevitável não acompanhá-la.
Aproveitem!