Marcus Lemos 28/02/2013
Que achado!
Dificilmente chego a pegar um livro pra ler sem ao menos ter ouvido falar o seu nome ou algum amigo ter indicado (ou buscar por resenhas). Como a leitura exige dedicação de tempo, é uma "política" que criei para mim mesmo para eu correr menos o risco de iniciar a leitura de um livro ruim. Mas, para o livro Montenegro, abri uma exceção e literalmente julguei pela capa (e pelo conhecido autor).
E que achado! Se na "orelha" do livro brincam que Fernando Morais é um garimpeiro por encontrar histórias tão fascinantes, também me senti como tal ao encontrar, por acaso, um livro incrível e de leitura tão gostosa.
Prepare-se para ficar encantado com uma verdadeira aula de história recente do Brasil, partindo do golpe de 1930 e tomada de poder pelos getulistas; passar pela revolução de 1932; pelos governos de Getúlio Vargas; Segunda Guerra Mundial; Governo do Juscelino Kubitschek; Guerra Fria e Ditadura Militar. Afinal, Cassimiro Montenegro enfrentou as dificuldades de cada uma dessas épocas - e venceu - para por em prática os seus sonhos de ver um país integrado, com inteligência própria e indústria nacional para o desenvolvimento tecnológico.
Portanto, ao ler sobre a vida de Montenegro, percebe-se a capacidade que tinha para encantar e influenciar pessoas próximas a sonharem juntas, apesar de tudo aquilo que propôs serem absurdos para a sua época. Afinal, para que criar um correio aéreo se o povo é analfabeto e uma pomba correio é capaz de entregar o mesmo volume de cartas? Pois bem... ele insitiu e criou o Correio Aéreo Militar no início da década de 1930 que integrou todos os pontos do país; levou desenvolvimento para as cidades - eram necessários construir pistas de pouso para os aviões - e, de quebra, propiciou experiência de voo para os pilotos do Exército Brasileiro. E as histórias são incríveis, em um contexto de extrema precariedade de recursos e tecnologia.
Pouco tempo depois, o mundo respirando a Segunda Guerra Mundial, visitou o MIT nos EUA e percebeu que o Brasil tinha que parar de simplesmente comprar aviões no exterior e ter a capacidade de criar os seus próprios. E, assim, contrariando tudo, criou o gigantesco CTA/ITA. E, como se não bastasse, foi ele um dos redatores do documento que veio dar vida ao Ministério da Aeronáutica e à Força Aérea Brasileira.
Enfim, o livro se destina àqueles que gostam da história nacional e queiram se surpreender em como o país se desenvolveu no século XX, aos olhos de um sonhador cearense que, de fato, revolucionou muito mais que os céus do Brasil.