spoiler visualizarLuiz H. 25/06/2023
"Nossos defeitos nos fazem ser quem somos."
Saliento de imediato que o livro não tem terceiro ato, o que já é bem evidenciado como algo frustante, visto que a obra não conclui as teses apresentadas, os problemas, os pensamentos, nem se quer os próprios personagens. Dito isto, direi o que penso sobre o livro, e após isso, sobre o Carrick.
A princípio, Imperfeitos apresenta-nos uma ideia belíssima: uma sociedade elitista que encontrou uma forma de separar os "perfeitos" e os "imperfeitos". O sistema de marcação é ótimo: sua função narrativa é boa, impactante e surpreendentemente funcional.
Não só isto, o começo do livro traz a filosofia do perfeccionismo e do humanismo da melhor forma possível, que é, com a apresentação da nossa protagonista, alguém que, anteriormente, era denominada como "perfeita" sendo abruptamente transformada na maior escória da sociedade: Uma Imperfeita. O sangue forte da protagonista tornou-se a prosa inicialmente ainda melhor; a mesma desafiou o Tribunal.
Após isso, ela é julgada completamente, fazendo com que, todo o enredo, a partir deste ponto seja inteiramente transformado. Os cápitulos da transição de "perfeita" para "imperfeita" são a melhor parte da obra. É incrível o peso colocado. Incrível. O Juiz Crevan fez-se um ótimo papel ate neste ponto. É um personagem simples, com milhares iguais perante a indústria, mas ele funciona bem. Ele é um homem com a qual a "coroa" enlouqueceu sua mente, e Celestine provoca isso ainda mais. A queda de Crevan como "humano" é bem sútil e interessante.
Tudo que eu citei acima é somente na primeira metade da obra, a qual certamente vale um 7,0/8,0. O problema é, após Celestine declarar-se definitivamente como "imperfeita", a narrativa morre. Vários problemas surgem. Em primeiro lugar, a maneira que a Celestine é tratada é ridiculo: não é nada crível. Há situacionais patéticos, que aparentam ter sido escritos por autores do wattpad. É péssimo, é ilógico, é estressante. São coisas do tipo: sequestro, abuso, traição. Perdoe-me, mas não é isto que significaria ser "imperfeito". Pegaram toda a filosofia interessante, que poderia tornar-se um aglomerado de situacionais poéticos, a algo que, qualquer um escreveria. Pegam personagens aleátorios para criarem uma situação exagerada, apenas para a Celestine sofrer. Colocam-a num pedestal tal grande que faz como se a Celestine fosse a única imperfeita dentre toda a prosa; e não deveria ser assim.
São mais de 100 páginas de coisas vazias, que qualquer um escreveria: perdeu toda a emoção, toda a filosofia, para fazer algo fácil. Nem mesmo a "investigação" é algo profundo. É só algo que nem sequer tem uma construção: algo ruim > chororo > conclusão óbvia. É só isso.
Dos personagens, só o Carrick, pois de resto, são rasos demais. A Celestine tem potencial: sua transformação é massa, mas falta muito ainda. Agora, o Carrick está pronto. Carrick é livre; é como se fosse um espirito narrativo. A construção dele é tão sútil e vaga que faz-o ser um belissimo personagem. Suas aparições, sua personalidade, sua filosofia são incríveis. Ele lembra-me Grimmer de Monster.
É isto: primeiro metade do livro é ótima, mas após isso, me decepcionou bastante.