O Vidiota

O Vidiota Jerzy Kosinski




Resenhas - O Vidiota


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allanzanetti 07/02/2022

Famoso a partir do nada
Um desconhecido é alçado à categoria de celebridade por acaso e após proferir frases simples, confundidas com metáforas engenhosas. É uma história genial sobre a sede que a mídia tem de inventar personalidades da noite para o dia. O protagonista, obcecado justamente por televisão, travou contato com a realidade a partir de uma tela durante a vida. Ele absorveu o bastante para encenar um papel, ainda que involuntariamente.
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Erika 01/05/2009

O título é idiota, mas o livro é excelente!
O livro conta, de forma divertidíssima, o que a boçalidade dos "fazedores de celebridades" é capaz de produzir.
Chance é um jardineiro que nunca saiu à rua e cujo mundo gira em torno do que conhece através da tela da TV. Ao ser "jogado" do outro lado do muro, uma série de acontecimentos o levam aonde jamais imaginaria.
Uma excelente sátira a esse mundo onde faz-se de tudo por 5 minutos de fama. Adorei!
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Dri Ornellas 25/07/2010

Acabei de ler este livro. Adorei!
Possibilita várias interpretações, todas atuais, apesar do livro ser da década de 1970.

Um jardineiro órfão e analfabeto, que só conhecia o mundo pela TV - aliás, ele adora TV - depois da morte de seu patrão, fica sem casa e sem dinheiro, sem ter, absolutamente, para onde ir ou a quem recorrer, até que acontece um acidente...

O grande "ponto" do livro é como esse homem se tornou a figura mais importante dos Estados Unidos em menos de uma semana.

Link com texto sobre o livro:

-> http://www.natalpress.com/index.php?Fa=aut.inf_mat&MAT_ID=16112&AUT_ID=135


-> Algumas considerações. Se você não leu o livro, não recomendo ler esta parte

Chance é um homem sem experiências de vida, sem passado e apático. Quando sai de “sua caverna” para o mundo, parte sem nenhuma curiosidade e sem nenhum questionamento sobre os porquês de sua situação:

- Por que era tratado daquela forma pelo velho?
- Por que não possuia documentos e estudos?

Creio que a curiosidade e a vontade de aprender sejam características humanas - tive uma professora que dizia que não existem pessoas que não gostam de estudar ou ler, como muitos dizem, só pessoas sem o hábito de tal coisa – tirar essas características do personagem pode ter sido intencional do autor para rotular, claramente, a alienação do homem moderno e espectador de TV: a falta de questionamento, a aceitação de fatos sem grandes reflexões. (Ninguém - digo, a maioria, a grande massa - se pergunta por que, em um crime, a mídia “decidiu” quem eram os culpados no dia seguinte ao acontecido, antes mesmo das investigações e da perícia, por exemplo).

Quando Chance começa a “participar” da sociedade junto a grandes políticos e a ser questionado sobre sua formação, ele não tenta esconder sua situação, mas as próprias pessoas atribuem significados as suas respostas.

Sabemos que projetamos nossas vontades nos outros. Seria isso? As pessoas ao redor de Chance estavam tão carentes de uma “pessoa salvadora” (EE carente de amor, o presidente carente de uma boa resposta para a crise sem solução, os outros políticos carentes de poder adular uma pessoa que garantisse boa reputação) que projetaram seus desejos em uma pessoa que “aparentava” corresponder a esse título?

Temos, também, a cobertura e elevação de Chance a uma pessoa pública e importante através da TV: um pequeno fato que tomou proporções gigantescas na política do país. Qualquer coincidência com a nossa imprensa não é por acaso! O que mais temos atualmente são assuntos sem a mínima importância, o menor significado, sem nenhum fundamento ou essência recebendo grande cobertura pela impressa, determinando assuntos e modas. Quem não escutava, aonde ia, conversas sobre Big Brother? Nos últimos dias, sobre Isabella Nardoni e Ronaldinho? Diria que Ronaldinho é o Chance do momento, mas seu “grande” assunto já perdeu a novidade, temos que aguardar o próximo assassinato ou o próximo “erro” de uma celebridade para termos uma “grande história” sendo coberta de modo totalmente imparcial (haha) pela nossa mídia.

O livro serve de aviso...

Mais no blog A menina do fim da rua http://a-menina-do-fim-da-rua.blogspot.com/2008/05/o-vidiota-jerzy-kosiski.html
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Pimenta 14/05/2013

“O vidiota”, uma fábula midiática
Jerzy Kosinski (1933-1991) é reconhecido como, além de bom escritor, um ativo representante dessa classe, e, também, entre outras qualificações virtuosas, professor e defensor de causas humanitárias voltadas à comunidade judaica. Esse autor polonês, naturalizado estadunidense, no campo específico da literatura, apresenta irregularidade estética em sua extensa bibliografia: seus últimos trabalhos, até o suicídio, não tiveram o mesmo êxito de seus três primeiros romances.
A crítica considera “O pássaro pintado” (The painted bird), o primeiro romance, o mais significativo. Independente da crítica, é bem provável que seu livro mais famoso seja “O vidiota” (Being there). O livro por si tem méritos inquestionáveis. Mas esse conciso romance, com pouco mais de cem páginas, também se popularizou devido ao excelente roteiro feito pelo próprio autor para o filme dirigido por Hal Ashby que, no Brasil, recebeu o título de “Muito além do jardim”. A propósito, a atuação de Peter Sellers no papel do protagonista é um primor.
O livro conta a história de Chance, um jardineiro que fora acolhido desde sua nascença na mansão de um ricaço. O personagem passa a vida inteira apenas cuidando do jardim da mansão e recebendo em troca alimentação, roupas elegantes, descartadas pelo patrão, e moradia, um pequeno quarto com mobiliário básico. No mais, e mais importante para a trama, Chance é simplesmente viciado em assistir a tudo que esteja passando na televisão, assim gasta todo o seu tempo livre, com os olhos vidrados no vídeo.
Outro detalhe importante é que nunca sai da mansão e pouquíssimas vezes sai dos limites do jardim e de seu quarto. É analfabeto. Não possui registro de nascimento, identidade, carteira de trabalho, nenhum documento. Raríssimas vezes troca palavras com outros empregados. Sua cultura se reduz a seus aprendizados naturais, em relação à jardinagem, e a artificiais, promovidos pela teleaudiência. A rotina é sempre a mesma, trabalho e televisão, ponto.
Quando o patrão, conhecido apenas como o Velho, morre, o destino de Chance sofre alteração. É convidado a se retirar da propriedade, por interesse dos herdeiros. Sem muito questionamento, ele se retira, levando uma grande e pesada mala com alguns pertences, envergando sobre o corpo uma roupa impecável do falecido patrão. Mal põe os pés dentro do mundo que só conhece por meio da tevê, sofre um acidente e, por obra do acaso, o inocente Chance recebe acolhida na residência de outro homem rico e influente.
Ao se apresentar como Chance, “the gardener” (o jardineiro), entendem, por aproximação fonética, que ele ele se chama Chauncey Gardiner, e assim se inicia uma série de curiosos equívocos, gerados pelo comportamento cândido desse inábil protagonista .
Ao conhecer o dono da casa - Rand, um paciente terminal, presidente de uma importante corporação financeira -, Chance solta uma de suas meras explicações acerca de jardinagem que, fora de contexto, é tomada como alta metáfora de teor político-existencial. Por causa dessa e de outras assertivas do mundo natural, ele acaba sendo considerado um grande e discreto empresário que domina como poucos o mercado financeiro. Ou seja, o tipo ideal para compor quadros políticos da alta roda.
Em pouco tempo, o misterioso Chauncey Gardiner é um sucesso midiático, citado num discurso do presidente dos EUA, aumentando muito a curiosidade da imprensa sobre sua pessoa. Assim como cresce bastante o interesse dos serviços secretos de várias nações por obter informações privilegiadas sobre ele. E tudo porque o analfabeto fala sobre como cuidar do jardim, respeitando as estações do ano e coisas do tipo.
No fundo, o jardineiro Chance permanece o mesmo, um idiota infantiloide com o foco sempre direcionado para a televisão. Por vezes, em situações inusitadas, repete a seu modo o que frequentemente acompanha nos programas televisivos. Metáfora por metáfora, o que se depreende do livro é o grande poder de manipulação da mídia. Ainda que seja pouco provável que, por meio de equívocos, um simplório jardineiro possa ser transformado num ícone da economia mais forte do planeta, fatos próximos a esse são bastante usuais desde antes da década de 1960, quando o livro foi lançado. Ao menos um dado, no entanto, carece de verossimilhança, porque nunca será com inocência e coração puro que se fará política séria, com diminuição de desemprego ou controle de uma inflação desembestada. Nem nos EUA, nem na Europa, nem em qualquer outro lugar do mundo.
Ao final do livro, após um faiscar de flashes, decompõem-se as imagens tanto de Chauncey quanto de Chance. O protagonista aliena-se da realidade e parece atingir uma espécie de nirvana. A partir daí, “A paz dominava o seu coração.”


(Publicado originalmente na Semana Online #73)
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Cassionei 15/08/2015

Muito além da tela
O jardineiro Chance viveu durante toda a sua vida morando e trabalhando em uma casa, de onde jamais lhe fora permitido sair. Tinha como distração apenas uma TV com controle remoto, à frente da qual passava boa parte do dia. Não sabe sequer ler e escrever. Para ele, a realidade se resume ao velho dono da casa, que como pagamento pelos serviços lhe dava de presente suas roupas usadas, mas de grife; à empregada, que lhe servia o almoço; e à televisão, que lhe mostrava o mundo “além do jardim”. Agora, com a morte do velho, é expulso pelos herdeiros e se vê obrigado a conhecer o outro lado do muro.

O início do romance O vidiota (Ediouro, 112 páginas), escrito por Jerzy Kosinsky nos anos 70, lembra a “Alegoria da caverna”, de Platão. Na história do filósofo grego, homens acorrentados desde tempos imemoriais viam sombras projetadas no fundo de uma caverna, produzidas por uma fraca luminosidade vinda da entrada. Quando um deles consegue se soltar, descobre que o que viam não era a realidade, mas a aparência dela. Chance, por sua vez, continuou a achar que “tudo o que via fora dos limites da casa se assemelhava ao que havia contemplado na televisão.” Na adaptação para o cinema (que no Brasil recebeu o título de Muito além do jardim), cujo roteiro foi do próprio escritor, há uma cena que não consta no romance. Chance, vivido pelo ator Peter Sellers, ao pedir informações para um grupo de menores delinquentes, reage de uma forma inusitada quando um deles aciona um canivete automático na sua frente: tira o controle remoto que levava no bolso e aperta os botões, como se tentasse trocar o canal que não lhe agradou.

Depois de ser atropelado sem gravidade pela limusine de uma mulher rica, o jardineiro, é apresentado ao círculo dos grandes empresários e economistas de um país em crise financeira como se fosse um homem rico, devido às suas roupas. Perguntado sobre o que acha da situação, ele responde: “Em um jardim, há uma estação para o crescimento das plantas. Há a primavera e o verão, mas também o outono e o inverno. E depois, a primavera e o verão voltam. Enquanto as raízes não forem cortadas, tudo está bem, e tudo continuará bem.” Um assombro! De um dia para o outro, Chance passa a ser conhecido internacionalmente pelas suas metáforas inteligentes, é convidado para entrevistas e inclusive é citado em um pronunciamento do presidente do país. Repetindo inocentemente gestos e falas que via na televisão, se torna uma das pessoas mais influentes do mundo, mesmo sendo analfabeto, simbolizando, talvez, muitos políticos e empresários que galgam postos importantes mesmo tendo pouco estudo.

Mas a comparação que me vem à mente é do protagonista de O vidiota com o telespectador brasileiro. Este tem opinião para tudo, mesmo conhecendo superficialmente sobre o que vai falar, pois apenas reproduz o que seu formador de opinião preferido na TV afirma. Seja o jornalista que fica durante todo o seu programa berrando, seja a apresentadora dondoca que nunca saiu do seu estúdio, ou ainda o autor da novela das oito, o brasileiro reserva a eles um altar na estante de sua casa. Pena que esses deuses televisivos defendam a pena de morte, o ódio ao semelhante, o julgamento sem provas, a crença em milagres e em soluções fáceis. Faz falta um controle remoto para trocar essa falsa realidade de forma definitiva, substituindo as sombras projetadas na tela pelas cores vivas da realidade. Ou, melhor ainda, pelo preto e branco das páginas de um livro como esse de Jerzy Kosinsky.

site: http://cassionei.blogspot.com.br/2010/07/meu-texto-sobre-o-vidiota-hoje-na.html
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Ray 10/12/2021

Não gosto de finais abertos, queria saber mais. O que acontece depois que acaba? O que vai acontecer quando descobrirem? Vão descobrir?

Enfim, é bom.
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