Grafias Noturnas

Grafias Noturnas L. F. Riesemberg




Resenhas - Grafias Noturnas


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C.K. 23/04/2024

Como é bom ler contos
Eu terminei de ler esse livro há mais de um mês e só estou conseguindo fazer essa resenha agora. Ganhei esse livro do próprio autor, o que foi muito especial para mim. Mesmo assim, tentei ser o mais imparcial possível haha. Já havia lidos alguns contos no Blog do autor, mas ainda queria ler o livro em si. Assim que li alguns do site, achei a escrita muito parecida com a do Stephen King, alguns traços em comum (não o exagero do Stephen, mas a fluidez para escrever). Não sei se ele teve alguma influência do King, mas é um ponto que gostaria de destacar.
Vou descrever o que achei de cada conto:

Prólogo: A Reunião
Jurei que seria super clichê, mas não foi. Adorei o final do prólogo, o que me instigou a querer ler ainda mais;

O Guarda-Chuva
QUE CONTO LEGAL, um dos que mais gostei. Li esse quando estava no meu avô e simplesmente adorei a atmosfera que o autor criou, muito bem escrito. Eu realmente achei, assim como todos os outros contos, muito original. Não imaginei que a história tomaria esse rumo, uma ótima escolha.

A Cápsula do Tempo
Me lembrou muito a minha infância, do tempo em que eu achava que poderia congelar aqueles momentos no tempo e, quando abrisse a cápsula, pudesse vivê-los de volta. Me passou um sentimento de nostalgia, e ao mesmo tempo agonia; a mesma coisa que sinto em ler ou assistir uma obra de não-ficção, como se estivesse observando a vida de alguém de perto. Os contos desse livro fizeram com que eu refletisse bastante. Por exemplo, a questão do medo do desconhecido. Porém, o personagem, também possui o medo de saber o que é o desconhecido, justamente a solução. Quem ler, vai entender.

A Visão
Me lembrou muito um filme de romance, no qual uma mulher recebe um coração doado. É lindo, realmente um conto muito bonito.

O Botão
Até onde a ganância nos leva? Não sei explicar, mas consegui imaginar estar assistindo essa cena em uma televisão de tubo antiga, uma vibe 1940. Adorei, bem fora da caixa.

A Luta do Século
Eu AMEI esse conto. Pensar em um ser que obtém sua força de uma forma tão gutural para algo tão banal... Adoro contos com esse ser em específico.

O Balanço
Me fez acordar de repente, e logo senti uma dor no peito. Como voa.

Meu Herói
Não sou uma pessoa particularmente religiosa, mas deu para perceber (por mais que eu possa estar errada), sobre quão grande é a fé do autor. Um conto lindo, um amor muito grande.

A Doença do Porco
Achei tão criativo KKKKKKKKKKKKKKKKKK
Eu que me lasquei no final, como sempre.

A Lei de Lavoisier (Aplicada à Arte)
Meu conto preferido, com toda a certeza. Me lembrou A Vida Invisível de Addie La Rue, só quem leu ambos vai entender MUAHAHA. MUITO bem escrito, fiquei apaixonada. Que conto bom (odeio não poder dar spoilers, se não perde a graça).

Racha
Medo. Puro medo. Tenho completo pavor de trânsito, que coisa desnecessária.

No bordel, depois da meia-noite...
"é com nossa reputação, minha cara". Meu segundo conto preferido, EU AMEI. Vulnerável e predatório ao mesmo tempo, muito massa.

Panelas de Ouro
Eu preciso saber. L. F., você já contou essa história aos seus alunos? Espero que sim haha. Amei. Amei a forma como você trabalhou os pecados da humanidade em cada um dos contos, a esperança. Me lembrou o livro "Torto Arado". Que irmãos, hein.

Atraso na Entrega
O segundo que achei mais fraco. Não que o conto seja ruim, mas não foi para mim e achei bem rasinho. Não trouxe a vibe que os outros carregam.

A Presa e o Predador
Não gostei desse conto. O exagero do ódio incomodou um pouco, mas não é esse o ponto. Para a época que foi publicado, entendo o porquê de aquela palavra estar escrita ali, pouco se falava sobre a utilização de termos capacitistas. Mas, ler "retardado" em um sentido pejorativo me deixou bastante incomodada. Tenho certeza que o autor mudaria isso em uma atualização.

Pessoas de Bem
KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK, me fez rir. Imagino a cara de palhaço do cara.

A Máquina da Alegria
O êxtase e a alegria momentânea nos cegam. Assim como o cara não foi capaz de perceber que estava sendo fritado vivo. Me lembrou sobre o que o excesso do uso de telas causa.

A Emissora
Gostei desse. Gostei de como o autor tem o talento de evocar sentimentos no leitor. O medo de estar desolado, isolado. Era um segredinho deles, poxa. Os Beatles do perigo.

Gata Rainha
Uma palavra que define: bizarro. Que estranheza.
O cara é louco, certeza.

Viva a Morte!
Touché. É a hipocrisia, meu caro. Uma criança mimada, teve o que mereceu. Ninguém desafia a morte.

Eu Não Matei Charles Bronson
O ocupante do terceiro lugar de melhor conto do livro. Confesso que fico incerta desse top três, pois todos são MUITO bons.
Psicopatia? Bipolaridade? Não sei. Mas o senso de poder desse homem era forte viu. Amei a intensidade dessa história.

Resumo final: A maioria dos contos é muito bom. É possível ver autenticidade na obra, ver a "assinatura" dele. Por mais que tenha me dito que descobriu seu gênero "certo" para escrever tempos depois da publicação desse exemplar, é uma obra excelente que merece atenção.
Espero que no futuro venha a publicar mais livros, e que ganhe reconhecimento.
Agradecendo por aqui: Muito obrigada pelo carinho e atenção, é um gesto que sempre lembrarei com o coração quentinho.
Ganhou uma grande fã e apoiadora.

Obs.: quero seu autógrafo.
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Carla 11/12/2009

Contos favoritos ...
Grafias Noturnas caiu nas minhas mãos por puro acaso ... indicação da minha irmã.
Adorei o livro é ótimo. Achei bem escrito, bem trabalhado, gostei de todos os contos, mas sempre tem aquele mais mais que na minha opinião são: 'A Lei de Lavoisier', 'A Visão', 'O Botão' e o mais legal de todos ... o que me identifiquei mais 'Eu Não Matei Charles Bronson'.

Espero ler mais de L. F. Riesemberg em breve.
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Cláudia 04/02/2010minha estante
também espero, o guri sabe o que faz.




Mario Carneiro 24/11/2009

Grafias Noturnas (Editora Biblioteca 24x7), de L. F. Riesemberg, é um livro especial. Especial por ser o primeiro romance de um escritor que já desponta como uma das maiores promessas da literatura fantástica nacional. Portanto, é uma obra que já nasce com valor histórico e, por isso mesmo, resulta indispensável.

Riesemberg não comete o erro de tentar apavorar a todo custo, preferindo investir em boas histórias do que nas típicas profusões de adjetivos supostamente amedrontadores. De fato, algumas histórias nem poderiam ser consideradas de horror ou sobrenaturais, mas sempre enveredam pelos campos do inesperado, muitas vezes flertando com o realismo fantástico.

Desde já, adianto que um ou outro detalhe me incomodou, e nem todos os contos me empolgaram; tem uns dois ou três que ficam abaixo da média do Riesemberg, ou seja, não são ruins, mas perdem feio para os contos realmente ótimos do livro.

Por sorte, os contos realmente ótimos são a esmagadora maioria. :)

Falemos um pouco deles, só o bastante para atiçar a curiosidade:

O Prólogo: A Reunião dá o tom do que virá a seguir, com seu tom de fábula sombria; uma história fechada sobre uma assembléia entre o Diabo e seus súditos, e que talvez se passe no mesmo universo dos outros contos (talvez). Um começo tão bacana gera expectativa, então partimos para o próximo conto esperando por coisa boa.

Felizmente somos atendidos: O Guarda-Chuva é justamente o conto que ficou em segundo lugar no concurso que organizei. Um conto clássico de horror sobre um grupo de amigos que resolve pregar uma peça no amigo certinho. História sutil e elegante. Não faria feio em uma daquelas antologias clássicas que já resenhei aqui na Biblioteca. O final é um calafrio.

A Cápsula do Tempo certamente vai lembrar os leitores do filme Presságio, com Nicolas Cage. Riesemberg teve a idéia antes do filme aparecer, em uma daquelas coincidências que acontecem de vez em quando. Mesmo assim o conto difere por sua abordagem intimista, com uma perspectiva sombria.

A Visão fala sobre um menino cego e sua conversa com um estranho. Um conto tocante, que talvez não seja o mais imprevisível do mundo (ah, convenhamos, a gente adivinha o que vai acontecer várias linhas antes), mas o que importa se o conto emociona do mesmo jeito? Eu apenas dispensaria a "moral da história", que me pareceu desnecessária.

O Botão (aparentemente inspirado no conto Button button, de Richard Matheson) propõe um dilema moral para um casal sem grandes perspectivas. Perfeito e arrepiante!

A Luta do Século é um dos contos que não empolgou; não é ruim, pois um escritor como Riesemberg nunca fica abaixo de um determinado nível de qualidade. Mas não trás nada de novo para os aficionados pelo gênero terror, apoiando sua trama unicamente em um recurso que já foi usado muitas vezes na literatura fantástica (que diabos, eu mesmo já usei em dois contos!). Mas talvez o maior problema seja que, depois de tantos contos quase excelentes, a menor qualidade deste aqui se torna mais evidente.

Mas tudo bem; o conto seguinte (O Balanço, que mostra o diálogo entre um garoto e um velho desconhecido), é bom o bastante para fazer o livro voltar às alturas.

Meu Herói, conto sobre um menino que considera Jesus Cristo o primeiro e maior super-herói de todos os tempos. Bem, confesso que não gostei muito, por razões meramente subjetivas. Já ouvi muitas histórias no estilo antes, e sou meio avesso ao tipo. Mas tenho certeza que a maioria vai gostar.

A Doença do Porco é um conto que me deixou intrigado... Será que o Riesemberg escreveu ela há tempos antes, profetizando uma pandemia, ou simplesmente se inspirou na gripe h1n1 para escrever? Sei lá, só sei que a história deixa um quê de desconforto em vista da verossimilhança. Isso é terror real, caras. Coisa boa.

A Lei de Lavoisier (Aplicada à Arte) é um caso à parte. Não é bom, é transcedental! Perfeito. Poderia figurar em uma antologia entre Ray Bradbury e Guy de Maupassant, que estaria no mesmo nível de qualidade. No conto, um escritor encontra uma maneira de reescrever grandes obras da literatura, sem que ninguém perceba o plágio. Para quem é escritor, a história ganha ares ainda mais deliciosos, pois aborda temas que torturam qualquer candidato à escriba (como o conhecido e irritante plágio involuntário, a falta de compreensão sobre isso por parte de algumas pessoas, etc). Riesemberg estava inspirado pra caramba, pois o desenrolar é recheado de pequenas pérolas, frase realmente ótimas como: "Foi um lapso interessante da mente, no qual nunca havia sequer ouvido falar. Sem conhecer melhor definição para o que sentiu, diria que era um deja vu ao contrário: como se nunca tivesse estado antes naquele lugar, apesar de conhecê-lo muito bem." Enfim, uma idéia genial e original ao extremo, com o melhor final que um escritor poderia imaginar.

Racha é muito bacana. Riesemberg evita o moralismo ao descrever um carro como uma criatura viva, selvagem e impassível, que não se importa com a vida alheia quando deseja competir com um rival. Paradoxalmente com o tema, é um conto recheado de beleza e poesia.

No Bordel, depois da Meia-Noite... é excelente e irônico. Gostaria de fazer um paralelo com outro conto, mas pra quem ler, isso seria o equivalente a um spoiler. Digamos apenas que Riesemberg compensa o erro que cometou em outro conto do livro, cujo tema é semelhante.

Panelas de Ouro é a versão do autor para aquelas típicas lendas folclóricas e "causos" regionais. Quem não gosta de ouvir uma boa história, contada por um tio ou um avo que veio do interior? Pois esse é o clima que esse conto passa, um sabor de nostalgia e infância. E mais alguns calafrios de lambuja.

Atraso na Entrega é legalzinho, uma história sobre um rapaz que recebe um e-mail bastante atrasado, com implicâncias que o assustam. O problema é que, em vista das explicações racionais para o acontecido, a reação do personagem me pareceu meio descabida, exagerada. Ahhh, Riesemberg, estamos chegando ao final do livro, não vá perder o fôlego agora!

A Presa e o Predador é um conto doloroso... Doloroso para aqueles que já foram perseguidos por colegas mais fortes e agressivos (ou seja, que sofreram a infame prática do bullying); é tão real que incomoda. Terror cotidiano e real, que deixa um gosto amargo na boca. Isso é ruim? Não, do ponto de vista literário é ótimo, pois o conto atinge seu objetivo. É claro que nem todos vão gostar da experiência, mas enfim, aqui não é pra gostar mesmo, é pra provocar.

Pessoas de Bem é uma história hilária, sobre um espertalhão que tenta se dar bem às custas de um milionário. O final resultou um tanto "forçado", na minha opinião, mas mesmo assim a ironia é deliciosa.

A Máquina da Alegria, homenagem clara a Ray Bradbury, é outro conto nostálgico recheado de poesia. Mestre Bradbury ficaria orgulhoso se pusesse as mãos nesse aqui.

A Emissora, sobre um motorista solitário que sintoniza uma rádio com músicas desconhecidas, é outro conto das antigas, com elementos sobrenaturais bastante sutis. Tão sutis que talvez sequer tenham acontecido, num recurso literário que muito aprecio.

Gata Rainha é narrado em primeira pessoa na forma de um monólogo. Muito legal, principalmente para quem gosta de gatos e conhece algumas lendas e mitos à respeito dos felinos.

Viva a Morte! é um barato, um sarcasmo tão grande que é impossível não rir do desfecho. Bem feito para aquele principezinho de meia-pataca!

Bem, estamos chegando ao final, e a montanha russa está em rota ascendente faz tempo. Como será que o livro vai terminar? Pois continua subindo, dessa vez de maneira quase vertical: Eu Não Matei Charles Bronson, outro dos contos premiados do autor, é um verdadeiro tapa na cara do leitor (ou melhor, um tiro de espingarda cano duplo). Provocativa como um bom conto de Chuck Palahniuk, acompanhamos a busca por justiça de um homem que foi roubado na calada da noite. Interessante notar que, embora alguns contos anteriores do escritor tivessem preceitos morais bastante evidentes, ele não se faz de rogado quando resolve abandonar qualquer filosofia edificante. Eu Não Matei Charles Bronson é o segundo melhor conto do livro, na opinião deste que vos fala, perdendo por pouco para A Lei de Lavoisier. Em resumo, fecha com chave de ouro este verdadeiro baú de tesouros.

Portanto, fica a dica: não deixe passar em branco a estréia de L. F. Riesemberg. Seu livro é uma verdadeira carta de amor ao gênero fantástico, e ainda vamos ouvir falar MUITO desse cara!

Abraços, boa leitura!
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