vinicius.fagundes.93 25/03/2017
ATENÇÃO! ESSA RESENHA CONTEM SPOILERS DO PRIMEIRO LIVRO DA SÉRIE! LEIA COM CUIDADO!
A Sociedade da Rosa é o segundo livro da série Jovens de Elite, da autora Marie Lu, que também escreveu a série Legend. O primeiro livro, Jovens de Elite, nos apresenta Adelina, uma jovem que vive em Kennetra, um país afetado por uma doença que marca os sobreviventes com deformações físicas, e os deixa com habilidades especiais. Os marcados, denominados malfettos, são descriminados pela sociedade, até mesmo por suas famílias, como no caso de Adelina que é maltratada pelo pai. A única pessoa que tem como amiga é sua irmã, Violetta.
Após acidentalmente matar o pai, Adelina é condenada a morte, mas é salva de sua execução por um grupo de malfettos revolucionários, conhecidos como a Sociedade dos Punhais. Adelina se junta ao grupo, e começa a aperfeiçoar seus poderes ilusórios. Adelina se aproxima rapidamente dos membros da Sociedade dos Punhais, principalmente de Rafaelle, um gentil acompanhante, e de Enzo, líder dos Punhais e príncipe exilado de Kennetra.
Mas as coisas não são tão simples quanto parecem. Adelina precisa lidar com a natureza sombria dos seus poderes, alem de precisar fazer um acordo com Teren, o Inquisitor chefe e soldado mais leal da rainha, para salvar a vida de Violetta. Adelina precisa determinar em quem deve depositar sua confiança.
A descrição do plot que eu fiz ali em cima é focada no primeiro livro, porque seria chato entregar a direção da história logo de cara, sabe? Então achei melhor explicar um pouco da história do primeiro livro no começo, e passar o resto da resenha falando mais da escrita e dos personagens, que são as partes mais importantes do livro, na minha opinião. Essa é a segunda que eu leio da Marie Lu, e pela segunda vez, eu concluo uma leitura completamente satisfeito com o que eu li.
A narrativa é feita na maior parte pela Adelina, excluindo alguns capítulos narrados pelo Rafaelle ou pelo Teren. Os capítulos da Adelina são narrados em primeira pessoa, e os outros são em terceira pessoa. Pra ser totalmente sincero, eu estou um pouco cansado de livros YA narrados em primeira pessoa, porque parece que todos eles são. Mas a escrita da Marie Lu é muito boa, ela consegue passar muito da história só nos pensamentos dos personagens, então não dá pra reclamar muito.
O worldbuilding da série em geral é bem básico, a coisa mais diferente que tem no universo dos Jovens de Elite é a explicação de como os poderes deles funcionam, que é longa demais pra explicar aqui. Eu acho que a série poderia ter usado um pouco mais de originalidade no mundo criado, mas acho que a intenção foi dar maior foco para os personagens, e para as transformações que eles passam ao longo da história. Se a intenção foi essa mesma, deu bastante certo.
ESSA É A PARTE DA RESENHA QUE VAI TER SPOILER, OK? SE NÃO QUISER SABER DETALHES IMPORTANTES DA HISTÓRIA, PULA PRO FINAL!
O ponto mais forte da história pra mim é a evolução da Adelina como personagem. No começo do primeiro livro, ela é uma menina reprimida e rejeitada pelo pai. Ao longo do primeiro livro, descobrimos que não só ela tem o poder de criar ilusões, ela teve esse poder reprimido pela irmã, que é uma malfetto sem marcas. Por ter passado a vida com o seu poder contido, quando ela está longe da família, esse poder se liberta e ela se torna cada vez mais sedenta por poder e controle.
Além disso, a rejeição que sofreu pelas mãos do pai, combinado com o que ela pensa ser uma traição pelos Punhais enchem a alma dela de escuridão, e no final do segundo livro, ela é basicamente a vilã principal da história, tendo tomado o trono de Kennetra, e induzido Teren a assassinar a rainha Giullieta. Eu nunca imaginei que uma série YA ia se arriscar transformando a protagonista em vilã, mas fui surpreendido positivamente.
Os outros personagens são bastante interessantes, principalmente Teren, Enzo e Rafaelle, e no segundo livro Maeve, rainha da nação de Beldain, mas eu fiquei simplesmente vidrado da transformação da Adelina. Quero mais livros que se aprofundam mais no lado sombrio dos personagens assim. Mais personagens complexos, com motivações interessantes, e menos personagens básicos, por favor!
OK, ACABARAM OS SPOILERS!
A Sociedade da Rosa, e a série Jovens de Elite no geral, é mais um exemplo de porque a Marie Lu é uma das minhas autoras de YA favoritas. Ela criou uma história interessante e com personagens bem construídos. Até aí já tava bom, mas ela ainda foi e fez uma transformação incrível com um desses personagens, de um jeito que eu nunca tinha visto em um YA na vida.
site: http://laoliphant.com.br/resenhas/sociedade-rosa-marie-lu