Jon O'Brien 28/06/2020
Dolorosamente cruel
Pense só numa leitura um tanto difícil de ler e que me deixou enojado no final. Estou falado de Nossos Dias Infinitos, da Claire Fuller. No Brasil, o livro foi publicado pela Morro Branco e tem uma edição linda demais. Quer saber o que eu achei do livro? Prometo que é sem spoilers. Acompanhe a resenha!
Nossos Dias Infinitos conta a história de Peggy, uma menina que aos 8 anos de idade é levada pelo pai até uma cabana no meio do nada. Lá, seu pai lhe diz que todas as outras pessoas do mundo morreram, e então os dois têm que trabalhar todos os dias para erguer a cabana aos pedaços e poder viver.
Inicialmente, é claro, Peggy acredita na história do pai, mas até quando isso vai acontecer, considerando que ele parece mentir com frequência (e conveniência)? Nossos Dias Infinidos é um livro que me pareceu ser simples inicialmente, talvez por sugestão da capa, pareceu um mistério bastante descritivo e que acaba não tendo muito suspense. Mas minha concepção final do livro, garanto, não é essa.
Primeiro, vamos falar sobre a escrita da Claire Fuller. Muitas pessoas acharam maçante, e eu, que estou acostumado e gosto de desenvolvimentos lentos, achei um tantinho enfadonha. Isso não significa que a história é ruim; significa apenas que não tem um ritmo alucinante, e que, embora eu goste do que estou lendo quando estou lendo, não sinto tanta necessidade de procurar o livro quando termino a leitura do dia. Por isso, aconteceu de eu ficar vários dias sem retomar a leitura, sem sentir falta.
Claire Fuller ambienta o cenário e aprofunda os personagens como ninguém. Novamente, as descrições na trama podem parecer meio maçantes para algumas pessoas, mas inegavelmente Fuller tem um dom para isso. Eu me senti bastante conectado com o cenário, embora a trama não tenha me despertado tanto interesse durante a leitura. Eu senti falta de um desenrolar um pouquinho mais rápido.
O que devo alertar em relação à leitura é que Claire Fuller não dá todas as informações de bandeja. Ou melhor, parece que dá, mas na verdade há muitas coisas subentendidas em que é preciso ficar atento para não correr o risco de chegar no final e ficar de queixo caído, tal como eu fiquei. O livro tem algumas reviravoltas que eu já esperava, mas ele ainda assim surpreende com o final.
O livro me parecia muito um mistério jovem-adulto, mas, a partir das últimas revelações, em um final que não fica exatamente claro, embora dê a entender um acontecimento trágico, acaba ganhando um ar muito mais adulto. A reviravolta, que consegui acertar mas não consegui pensar nas implicações dela, é tão, mas tão brutal, que eu passei mal depois da leitura. É de sentir dor, mesmo, dor e nojo!
Nossos Dias Infinitos é dividido em dois tempos, um a partir da época da viagem de James e da filha, e outro quando Peggy já está em casa. A trama é bem costurada e muito inteligente. Espero ler mais algo da Claire Fuller em breve.
Resumindo, o livro é praticamente perfeito, tirando a questão da lentidão que foi um pouco chatinha (até para mim, um leitor tolerante a isso), com bons personagens, muito bem-escrito e com um encerramento doloroso demais.
Decidi não contar muitos detalhes sobre o livro, para não correr o risco de dar spoilers. Recomendo a leitura e espero que você goste tanto quanto eu.
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