Hellen @Sobreumlivro 04/09/2020QUANTAS UNAS VOCÊ CONHECE?Eu estou tentando encontrar palavras para conseguir definir esse livro desde 2018, quando o li pela primeira vez. Eu ainda não encontrei. Esse é um daqueles livros que precisam ler lidos na escola. É o tipo que eu gostaria de ter conhecido quando era mais nova, para entender mais sobre as coisas que falavam ao meu redor. E bem, por onde começar quando as ilustrações demonstram mais do que palavras? Nesse relato autobiográfico de não ficção, encontramos nossas histórias - o que meninas e mulheres são subjugadas, silenciadas, erotizadas e violentadas diariamente. Uma narrativa passada na década de 70 que se mantém extremamente atual.
A violência de gênero é uma realidade;
A cultura do estupro é uma realidade;
A culpabilização da vítima também.
Como mulher, é fácil identificar as situações descritas por Una. Eu não vivi metade do que ela viveu na infância e adolescência, mas as descrições e o modo inflexível como a autora tratou torna fácil a identificação. É nessas histórias que percebemos ao que as mulheres são expostas rotineiramente, há muito tempo.
Mas, quem é Una e o que ela está desconstruindo?
Parafraseando a contracapa, Una examina nessas páginas o que significou crescer e vivenciar uma série de atos violentos, numa cultura que silencia e questiona as ações femininas enquanto releva a violência masculina.
Paralelamente a sua biografia, a autora descreve como foi crescer num lugar onde um assassino em série estava estuprando e matando mulheres. Em West Yorkshire, na década de 70, um homem de bem, trabalhador e casado esquartejou pelo menos 13 mulheres - mas a polícia não sabia disso. Pelo menos, não da parte sobre ser um homem de bem. Talvez por isso, o estripador de “prostitutas” foi interrogado e liberado mais de 9 vezes. A polícia não estava atrás de um homem de bem.
É nessa realidade que encontramos o impasse da narrativa: eles estavam atrás de quem? E, se eles estavam atrás do assassino, porque eram as condutas das mulheres que questionavam? Porque a sociedade e o sistema estavam mais interessado em saber o que elas faziam, usavam ou estavam do que encontrar o assassino? E, quando foi uma garota “de bem”, porque não levaram a sério suas palavras?
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Como Una propõe, garotas descobrem que tem más reputações antes mesmo de descobrir o significado da palavra.
PUTA
vadia
má
prostituta
LOUCA
Quem não recebeu um desses adjetivos?
.
Nessa HQ de quase 200 páginas, encontramos Una Pequena. Uma borboleta ainda em casulo. Aos poucos, na tentativa de voar, ela vai confiando em pessoas. E é nesse meio tempo, que encontramos uma realidade tabu: abuso infantil. E se ela tivesse a oportunidade de falar? De poder conversar sobre as coisas que aconteciam ao redor? E se ouvissem pessoas realmente interessadas em ouvi-la? Durante a leitura e diante dos acontecimentos recentes, percebo o quão necessário é a educação sexual.
.
Eu tentei falar desse livro, mas não sei se foi o suficiente para fazer com que vocês coloquem essa história na sua lista de desejados. Mas, espero sinceramente que vocês deem uma oportunidade a essa história e se torne o ponto de partida da sua desconstrução.É nessa realidade que encontramos o impasse da narrativa: eles estavam atrás de quem? E, se eles estavam atrás do assassino, porque eram as condutas das mulheres que questionavam? Porque a sociedade e o sistema estavam mais interessado em saber o que elas faziam, usavam ou estavam do que encontrar o assassino? E, quando foi uma garota “de bem”, porque não levaram a sério suas palavras?
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Como Una propõe, garotas descobrem que tem más reputações antes mesmo de descobrir o significado da palavra.
PUTA
vadia
má
prostituta
LOUCA
Quem não recebeu um desses adjetivos?
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Nessa HQ de quase 200 páginas, encontramos Una Pequena. Uma borboleta ainda em casulo. Aos poucos, na tentativa de voar, ela vai confiando em pessoas. E é nesse meio tempo, que encontramos uma realidade tabu: abuso infantil. E se ela tivesse a oportunidade de falar? De poder conversar sobre as coisas que aconteciam ao redor? E se ouvissem pessoas realmente interessadas em ouvi-la? Durante a leitura e diante dos acontecimentos recentes, percebo o quão necessário é a educação sexual.
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Eu tentei falar desse livro, mas não sei se foi o suficiente para fazer com que vocês coloquem essa história na sua lista de desejados. Mas, espero sinceramente que vocês deem uma oportunidade a essa história e se torne o ponto de partida da sua desconstrução.
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