Diana Canaverde 25/12/2016
Quer um martíni? Saiba pedir... Blog Minhas Escrituras.
"Encostou a cabeça na parede e se perguntou se um dia voltaria a dormir, se conseguiria deixar o coração bater num ritmo regular o suficiente para cair num abençoado estado de esquecimento.!
Olá pessoas, tudo bem?
Bom eu ainda não estou sabendo lidar com a leitura deste livro. Eu estava com expectativas bem altas e depois de ler, tive a certeza de que a Cláudia realmente merece o título de minha escritora favorita de livros nacionais desde ano de 2016. Eu estava com receio de não curtir tanto a leitura, porque ele foge um pouco da minha zona de conforto, mas como eu amo a escrita dela, não resisti e resolvi arriscar e deu super certo. Esse livro foi fodástico, não encontro outra palavra melhor para defini-lo.
Este livro foi escrito em homenagem a um personagem que contem em uma série de livros que a Claudinha escreveu de forma independente se não me engano é a saga da família Woodson. Charlie, é um personagem muito adorado pelos leitores da Cláudia, então a criação deste livro, separado da série, trouxe festa aos fãs de Claudinha e aos novos leitores, como eu, uma satisfação imensa em conferir a leitura.
Charlie Walsh só tinha uma coisa em sua mente: encontrar seu pai e matá-lo. Depois da história que sua mãe lhe contou, ele não pensava em outra coisa. Mesmo sabendo que aquilo partiria o coração de sua mãe, que o criou sozinha com todos os sacrifícios e ele reconhecia isso, essa ideia, fez com que ele saísse de casa e fosse ao encontro de seu pai em Las Vegas, a cidade do pecado e da perdição. Mas, não seria tão fácil se aproximar, afinal seu pai não era nada mais e nada menos que Tony Conicci, o don da máfia italiana.
"-Então ele é o cara.
-Sim ele é seu pai. - Ela suspirou."
Ele sabia que tinha que ter uma estratégia para chegar até ele. Sabia que não seria fácil, sabia que precisava fazer algo violento para chamar a sua atenção, só não sabia como reagiria se chegasse a ficar frente a frente com ele.
Charlie conseguiu, ficou frente a frente com seu pai. Quando menos esperava já estava lá dentro. Ele sabia que estava numa espécie de experiência e os caras não pareciam tão ruins quanto ele imaginava. Ele sabia que mais cedo ou mais tarde iria fazer algo bem mais pesado e que carregaria um peso enorme nas costas.
"Foi em 29 de setembro que Charlie decidiu. Ele tinha um propósito agora. E paciência para cumpri-lo, até o fim. Mesmo que o fim significasse a morte."
Las Vegas não tem compaixão de ninguém... ela te encanta, faz com que você se apaixone, te vicia... te faz fazer coisas altamente duvidosas e quando percebe você pode estar no fundo do poço. Charlie sabia disso. Só não sabia da intensidade de tudo aquilo. Para ele estar ali era tudo novidade, ele foi se apegando e se afeiçoando e tendo dúvidas do que queria, se seguiria com seu plano, se olharia nos olhos de Tony e o mataria tão friamente.
Não posso falar muita coisa, porque se não acabo contando algum spoiler aqui... porque Charlie passa por uma transição de conhecimento muito grande. Ele vê e sente coisas totalmente contraditórias e fortes. A densidade aqui está presente do inicio ao fim. Eu fiquei presa em cada página que li, em cada acontecimento e cada plano bem sucedido na visão deles.
"Dirigiu pelas ruas de Vegas, sentindo-se em parte coproprietário delas. Era uma cidade que nascia a noite, vibrava com o som dos caças-níquéis e cheirava corrupção da alma humana. Era sem dúvidas a cidade do pecado, capaz de comer vivo tanto um apostador experiente quanto um novato."
Claro que fiquei bem chocada com algumas cenas, nada que eu esperasse, eu sabia que encontraria muita violência, mas eu não sabia da dimensão delas, mas cada uma delas foi tão bem escrita que me senti envolvida, meu sentimento de empatia foi tão forte e significativo que gritei internamente querendo que Charlie desistisse de toda essa loucura, sim porque essa decisão dele ir atrás do pai dele, foi uma loucura.
A Cláudia conseguiu me prender nessa história da máfia de uma forma que eu fiquei completamente surpresa. Porque a história foge completamente da minha zona de conforto e eu arrisquei com medo e terminei completamente envolvida e submersa de como esse mundo é cruel. Eles são unidos, eles pensam em suas famílias, eles cuidam uns dos outros, mas a violência com que Tony (e os outros dons) trata seus negócios mexeu muito comigo, mostrou que o ser humano pode ser bom quando quer, mas pode ser muito cruel também, ainda mais quando tem o poder em suas mãos.
As cenas de violência neste mundo é normal e Cláudia descreve de uma maneira crua e bem desenvolvida, ela foi completamente fiel, eu falo isso porque minha vontade de assistir o Poderoso Chefão (novamente) foi bem forte, eu li algumas coisas sobre isso e fiquei incrivelmente surpresa com o quanto ela foi fiel a tudo isso. Ela descreveu cenas que mexeram até com o meu estômago, mas não a critico por isso, aliás eu dou os devidos aplausos por ela ser uma mulher segura e completa, por ela nos presentear com uma história, forte, densa, violenta e completamente bem escrita e desenvolvida. Desde o enredo aos personagens.
Eu não sou fã dela atoa. O que eu sinto por ela vai além da admiração. Ela é mulher, filha, esposa, mãe e ainda escreve livros excelentes que ultrapassam qualquer barreira da insanidade. Ela é fodástica mesmo!!!!! Com todas as letras.
A diagramação do livro está simples, a capa completamente condizente com enredo e a parte de trás do livro também. Ela deu títulos aos capítulos de forma condizente com que vai acontecer na história. As folhas são amareladas e a fonte está em um tamanho menor, mas não me atrapalhou na leitura, acho que minha ansiedade pela leitura nem me fez perceber se eu me incomodei ou não com o tamanho delas.
Desculpe pela resenha imensa, mas não tinha como escrever menos que tudo isso. Eu espero que esse livro chegue na casa de um monte de gente e que ele possa emocionar, trazer vários tipos de sentimentos em cada leitor, da mesma forma que aconteceu comigo. Eu fui de sentimentos de amor a ódio de uma forma desconhecida. De uma forma completamente inesperada. E tudo com atitude das pessoas. Elas podem despertar o melhor e o pior e cabe a nós escolher para que caminho quer seguir.
Eu tenho um sentimento de ódio mortal pelo Tony. Eu senti uma enorme empatia por Viking, quase morri com Pandora... mas o meu personagem preferido (óbvio) foi Charlie. Ele me surpreendeu, ele me engrandeceu, ele não tomou muitas atitudes admiradoras. Mas ele foi forte, foi complexo, corajoso, surpreendente!!! Ele cresceu, amadureceu e chegou em um caminho que mesmo sem volta, poderá mostrar o melhor e o pior dele, mas que ele saberá ser alguém capaz de tomar as melhores decisões.
Cláudia, eu só tenho que te agradecer por essa história. Eu costumo dizer que amor ler, não curto viver o que leio. Mas quando um autor sabe mostrar a que veio, escreve com humildade, sabe o que faz, não enche uma história só para ganhar leitor, merece totalmente a minha admiração.
Aqui encontramos violência, relação familiar, coragem, sabedoria, intensidade e densidade. Eu recomendo para amantes de histórias fortes, com pitadas de drama, que goste de livros sobre máfia e que não se importa de ler a verdade nua e crua. Sejam bem vindos a essa história, não deixem de conhecê-la. Te convido a vir tomar comigo, Um Martíni!
"-Arrependimento é intrínseco à aprendizagem.
-Mas porque aprender alguma coisa tem que doer tanto?
-Tenho uma teoria de que as pessoas gostam de dor. O ser humano praticamente inventou todo o drama do qual reclama diariamente, só para poder sentir alguma coisa. Somos tão dependentes da dor quanto do prazer."
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