Resenhas -

Paulo Silas 12/04/2021

"Frequentemente se procurará apresentar a história de diferentes ciências no contexto de um desenvolvimento fechado em si" - é com essas linhas que Walter Benjamin inicia o seu texto presente na obra "História da Literatura e Ciência da Literatura". Datado de 1931, o autor discorre sobre o período de uma crise geral na qual a história da literatura também estaria situada, fazendo-se necessário analisar essa disciplina para além do seu próprio desenvolvimento enquanto tal, mas enquanto no desenvolvimento de momento de toda a história.

A obra é bastante curta, em cujas poucas páginas se registra a preocupação de Benjamin em estabelecer aquela que seria a tarefa da história da literatura: situar a literatura como um órganon da história. Como pontua ao longo dessa tenra obra, "apenas uma ciência que renuncia a seu caráter museológico está apta a colocar o real no lugar de ilusão" - eis uma das razões pelas quais a história da literatura não poderia ser compreendida apenas como uma disciplina história, uma vez que o seu surgimento não teria se dado desde seu início na seara da história.

Manoel Ricardo de Lima aduz no posfácio do livro que o cerne dessa obra estaria num "desdobramento de uma ideia da educação pela literatura". É o que as poucas, mas ao mesmo tempo densas e complexas linhas de Benjamin parecem apontar. Traduzido por Helano Ribeiro, as trinta e cinco páginas do livro que contam com o texto de Benjamin (pois disso em diante se tem o mencionado posfácio) são dividas de um lado pela tradução e de outro pelo texto original em alemão. Se se considerar que o texto em si inicia na página 10, tem-se pouco mais de dez páginas de conteúdo benjaminiano. Mesmo sendo curto, é um livro para ser lido sem pressa.