Marcos Pinto 16/01/2017Assassin’s Creed é uma famosa franquia de jogos que, posteriormente, foi adaptada para a literatura – e recentemente para o cinema. Nos livros anteriores, na série “principal”, os eventos transcorriam no passando, mostrando como uma guerra milenar entre a Irmandade dos Assassinos e a Ordem dos Templários mudavam os rumos da história. Nessa nova faceta da série, o enredo se passa no presente, com uma parte histórica em Nova York.
O grande protagonista é Owen, um jovem traumatizado pela morte do seu pai em uma prisão. Contudo, ele acredita veementemente que seu pai era inocente, se esforça para provar isso. Quando ele ouve falar do Animus, uma máquina que acessa as memórias dos seus antepassados armazenados no seu DNA, percebe uma possível chance de provar a inocência do pai. Entretanto, outras memórias são reveladas.
Owen e seu amigo possuem um passado muito mais interessante, onde eles tiveram contato com uma parte do Tridente do Éden, uma arma mística milenar, que pode fazer coisas desastrosas se cair nas mãos erradas. Ademais, descobrem que já fizeram parte de uma das Ordens. Essas informações os colocam em perigo, levando-os a uma aventura alucinante, tanto no passado quanto no presente. Restará a eles lutar pela sobrevivência; porém, quando se enfrenta Templários e Assassinos, as chances não são tão grandes.
“Vou contar umas coisas muito doidas a vocês. Mas vocês precisam acreditar. Juro que é tudo verdade. – Ele andou em volta da mesa, olhando periodicamente para a imagem da Terra. – Duas facções vêm travando uma guerra secreta pelo destino da humanidade desde o início da história escrita, e provavelmente por mais tempo do que isso. Essas facções são ancestrais. Foram chamadas por muitos nomes, mas no momento são conhecidas como a Irmandade dos Assassinos e a Ordem dos Templários” (p. 64).
Partindo dessa premissa, Matthew J. Kirby traz uma nova perspectiva bem interessante para a série, rejuvenescendo o enredo e deixando a leitura mais atual. Se por um lado a série perde um pouco do seu brilho, que é a parte histórica sensacional e a participação de personagens icônicos como Leonardo da Vinci e Maquiavel, ganha na possibilidade de alcançar novos leitores, já que o protagonista é um garoto do nosso tempo.
Os personagens da obra são bem apresentados, apesar de não terem um aprofundamento tão grande. De todos, Owen é o único que recebe uma atenção um pouco maior, contudo, por ser o primeiro livro de uma nova série, isso já era esperado e é aceitável. Porém, mesmo sem o devido aprofundamento, alguns personagens já começam a se destacar e mostram boas possibilidades pela frente, principalmente do lado dos Assassinos. Estes prometem boas aventuras e muitas lutas.
A escrita da obra, por sua vez, é bem leve e não muito aprofundada, combinando bem com a pegada mais juvenil que o enredo recebeu. Isso, juntando com a boa ambientação e as cenas de ação, deixa a leitura ágil, fácil e envolvente. É possível ler a obra em apenas algumas horas sem qualquer dificuldade, restando ainda aquele desejo de querer conferir logo a continuação.
“– Parece que, se o senhor vai culpar a vítima pelo crime, também seria capaz de culpar o termômetro por esse calor terrível, o que é uma posição cívica muito curiosa para um policial” (p. 110).
Talvez o único ponto negativo que possa incomodar um pouco mais o leitor é a falta de algumas informações no enredo. A mitologia dos Assassinos, a sua história e até mesmo algumas técnicas de luta e ação não são devidamente explicadas. Quem leu as obras da série anterior ou tem contato com os jogos não enfrentará problemas, mas para quem está começando no universo provavelmente restarão algumas dúvidas que poderiam ter sido sanadas.
Quanto à parte física, não há o que reclamar. A Galera providenciou uma capa bonita e com boa relação com a obra – apesar de guardar um spoiler – e uma diagramação simples, mas agradável. A tradução e a revisão estão ótimas, fazendo com que a leitura seja ainda melhor.
Em suma, Revolta em Nova York é um bom início para essa nova série de Assassin’s Creed; deixa alguns buracos e algumas pontas soltas, mas nada que não possa ser devidamente trabalhado no próximo volume. Para quem procura uma obra com ação, aventura e uma leve parte histórica, sem dúvidas esse é o livro ideal.
“A guerra parece grande, mas é escrita em letras minúsculas, e cada vida e cada morte importam” (p. 115).
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