Bia 10/10/2016Resenha publicada no blog Lua LiteráriaOi gente!! Tudo bem com vocês?
Hoje trago resenha nacional! Os Imperiais de Gran Abuelo é uma obra do autor M R Terci. O Lua foi um dos blogs que tiveram o prazer de ler e resenhar com exclusividade o livro, publicado recentemente em e-bokk na Amazon.
Estou in love com os trabalhos do autor. Já disse e repito: o cara é incrivelmente original.
Voltamos ao Brasil reinado por Dom Pedro II. Para a defesa do Império, homens corajosos e astutos lutavam protegendo o povo e a nação; comandados e treinados por Manuel Luis Osório; conhecido popularmente entre o grupo como Gran Abuelo ou vovozão. Os Imperiais, assim intitulados, eram duramente treinados para enfrentarem quaisquer tipos de situações e inimigos; sejam eles sobrenaturais ou não.
"Os soldados de Gran Abuelo não se intimidam nem diante do próprio Demo." página 72
Gran Abuelo era casado, e prometeu a sua amada esposa que, ao voltar da guerrilha, traria ouro para lhe presentear. O tempo passou, a mulher adoeceu gravemente e veio a falecer. Osório não conseguiu cumprir sua promessa. Desde então, Vovozão não era o mesmo; parecia que algo estava atormentando seu sono.
Acabou por falecer também, e Carabenieri; seu mais leal e antigo soldado, ocupou seu lugar ao comando dos Imperiais. Carabenieri recebeu a alcunha de Papá, e o livro é narrado por este personagem, sob a forma de diário.
Acontece que um mal estava assombrando também os soldados Imperiais. Corria a lenda que era uma dama, sedenta por sangue, que tirava não apenas o sono; mas também a vida de muitos deles. Logo, a tal da dama foi relacionada à viúva de Osório. Diziam que a viúva estava a procura do ouro e de seu amado, que nunca retornaram.
Os Imperiais, assim sendo, saíram numa jornada com destino à capela de Santo Nicolau, em Tebraria; onde jazia a cripta da viúva; levando o caixão com o corpo de vovozão para tentarem abafar o mal.
E nesta jornada, nossos heróis irão descobrir que a dama da Cripta é o menor dos males que terão de enfrentar.
"Há olhares que, de tão trevosos, murcham as flores da campina e matam passarinhos no ninho. Nunca piscam, observam o ir e vir da vida, tomando toda a luz para si. Têm a cor dos abismos e jamais se cobrirão de pálpebras piedosas." página 53
O medo de spoiler é o que faz com que minha resenha não exponha muitos detalhes do enredo. Digo de antemão que, quando forem ler o livro, vão falar que escondi fatos de vocês. Acreditem, é necessário.
Fazer uma resenha de um livro tão magnífico é algo realmente difícil. Assim como a Keila e a Fran destacaram em suas resenhas, também digo que meu desejo é que essa obra seja lida por todos.
De início, com a ressaca literária que Os Santos de Colditz me causou; pensei que se trataria da primeira obra do autor a receber uma menor avaliação da minha parte. Eu amo história, porém as do Brasil, em sua maioria, foi-me apresentada de uma forma muito cansativa e monótona na escola. Era algo que tinha de decorar, não aprender. Então, estabeleci o pré-conceito que poderia me sentir cansada. E também achava que se trataria apenas de uma saga de homens para proteger o corpo morto de seu general. Ahhh como estava enganada. Já devia saber da complexidade da mente do autor.
Em se tratando do contexto histórico encravado no enredo, mais uma vez, M R Terci foi magnífico. Cada leitor tira suas próprias conclusões, claro. No meu caso, foi um verdadeiro aprendizado. Detalhes que eram desconhecidos por mim, fazem com que eu resuma a leitura como rica em conhecimento. Quando li o nome Manuel Luis Osório, patrono da arma de cavalaria do exército brasileiro; já interliguei à Guerra da Tríplice Aliança. Não, não fujam! Também não gostava de falar desse assunto até ler esse livro.
Terci nos passa conhecimento de uma forma muito prazerosa e cheia de aventura. Mais uma vez, a mescla entre realidade e fantasia deixou o enredo perfeito e rico. A empolgação para com a história surgiu exatamente no fato de se tratar de um enredo inteligente, que me instigou a querer saber mais; a querer buscar a realidade dos personagens e das situações que realmente aconteceram. E esse é um novo elogio que trago ao autor: ele instiga o leitor a querer saber mais, a buscar por conhecimento. E falando sério, hoje em dia estamos tão carentes de autores que façam isso.
Digo com todas as letras que, se tivesse lido esse livro na fase escolar, aprender esse pedaço da história do Brasil teria sido mais interessante, com toda certeza.
Ressalto que o autor não “joga” os fatos históricos no leitor, e tão pouco se trata de meras citações. Ele teve muito cuidado ao levantar esses pontos. Mostra ao leitor as dificuldades que os soldados enfrentavam em batalha; a realidade nua e crua das epidemias que acometiam nosso país, e não posso deixar de citar, a triste verdade da escravidão. Ler a obra nos faz compreender melhor a realidade do nosso passado.
A parte fantástica também não ficou para trás. Não é exagero dizer, repetidamente, que o autor tem a mente brilhante. Trazendo elementos do nosso próprio folclore, somados à sua originalidade sem igual; o enredo se torna mágico e diferente das outras obras que li de sua autoria. Sabemos que é uma história de guerra, mas nem mesmo nós estamos preparados para os rumos que a leitura seguirá.
Outro ponto que me deixou em êxtase, também já comum nos livros do autor, é o reencontro com personagens e lugares de outros livros de sua autoria. Amei reencontrar uma velha amiga da Cripta, e conhecer ainda mais sobre sua história.
Devido a minha curiosidade, a leitura foi demorada, pois fiz pesquisas enquanto lia. Mas isso não quer dizer que você também precisará se dispor de pesquisas. Eu as fiz por ser curiosa, por sentir vontade em saber exatamente onde estava pisando. E gosto disso. Até meu vocabulário se tornou mais rico. Porém, apesar de toda a concentração depositada, surgiram novos sentimentos de minha parte em relação às obras de Terci.
Antes de falar sobre “tais sentimentos”, para que vocês possam me compreender melhor, vou citar os personagens.
Gran Abuelo, apesar de falecido; se faz muito presente através das memórias que Papá nos passa. E como não gostar de Papá... Tão corajoso e destemido. Tão íntegro. Quisera eu ser protegida por ele...
Medroso se tornou meu personagem favorito. Quem já leu minhas outras resenhas que tratam de outras obras do autor, devem ter notado uma diferença gritante. Desta vez, foram os personagens humanos que me conquistaram. Se tornou totalmente impossível não ser conquistada pelos Imperiais. Me senti parte do grupo, e assim como eles, passei a não temer “as páginas” que estavam por vir. Saibam que não existe permissão para o medo entre os imperiais.
"A farda não abafa o homem no peito do soldado." - página 12
Talvez movida pelo espírito de coragem, pela primeira vez fiquei relaxada em um livro do autor; e as peripécias do grupo me arrancaram risos. Rir e relaxar em uma obra do Terci? Achei que seria impossível, pois nas demais precisava tomar relaxante muscular, tamanha era minha tensão.
Não se enganem, por favor. Que fique claro que foram em alguns momentos.
Apeguei-me por completo com o bando de humanos, e essa foi uma fraqueza. É minha regra pessoal não me apegar com humanos quando se trata de horror.
Por falar em horror, ele se manteve clássico e inteligente como sempre. A atmosfera não muda, temos a sensação de estarmos “acompanhados” mesmo nos momentos que ditei como relaxantes. Nada forçado, nada apelativo. Apenas acreditamos naquilo que está escrito, e nossa mente faz o resto.
"Há uma regra no campo de batalha: quando um homem vai ao chão cadáver, ele não mais se levanta. Odeio quando violam as regras militares!" - página 191
Enredo coerente desde os mínimos detalhes, tão fácil de ser visualizado. E ainda hoje, ao conversar com o autor, entendo o motivo dessa conexão “visual” que senti ao ler: ele foi a fundo em pesquisas, até esteve onde os Imperiais e Dom Pedro II estiveram, tudo para deixar nossa leitura ainda mais palpável.
Recomendo a leitura, para todos, mesmo para aqueles que não gostam de terror. O teor histórico é realmente fabuloso. É um livro que terei em casa, e que servirá para presentear de conhecimentos meus filhos (quem sabe), sobrinhos e afilhadas.
Espero que o livro seja brevemente publicado, e tenha toda a atenção que lhe é merecida.
Mais um para a minha coleção particular de livros favoritos do autor.
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http://lua-literaria.blogspot.com.br/2016/05/resenha-os-imperiais-de-gran-abuelo-m-r.html