Ivy (De repente, no último livro) 27/08/2019
Resenha do blog "De repente, no último livro"
Eu comecei a ler esse livro esperando uma coisa e encontrando outra. Para ser bem sincera, não sei porquê havia me convencido de que este era um suspense histórico, ambientado nos anos 30 ou 40. Quando comecei a ler e vi que estava ambientado nos tempos atuais, me senti um pouco frustrada, por conta da idéia que havia formado que encontraria nestas páginas. Na verdade, El silencio de la ciudad blanca até está em alguns capitulos narrado em tempos passados, nos anos 70, mas a história em si é bem diferente do que eu havia imaginado.
Criei na cabeça a idéia de uma versão espanhola de Jack, o Estripador. E embora o ardiloso psicopata deste livro até tenha um lado sombrio ao estilo de Jack, de resto não há nada de semelhante entre uma história e outra.
Além disso, o livro demora pra prender. A escrita de Eva Garcia é carregada de detalhes históricos, dados e fatos sobre a cidade de Vitoria. Pra quem como eu, que não conhece a cidade e nem é familiarizado com as lendas e culturas de lá, a leitura pode ser curiosa mas também pesada porque o leitor se sente sobrecarregado de informações. São tantos lugares, monumentos e lendas que me senti cansada e perdida em muitos momentos, e a investigação demora pra se desenrolar, apesar de os crimes continuarem ocorrendo e sempre termos algumas surpresas, senti que tudo ocorria de maneira lenta, e Ayala, junto à sua companheira Estíbaliz de Gauna, parecia estar andando em círculos, sem descobrir nada.
Até a metade senti a leitura cansativa, e mesmo quando o leitor é transportado ao passado, conhecendo os passos de Blanca Días de Antoñana, a mãe dos gêmeos, fica dificil entender qual a relação entre os dois fatos e se sentir impressionado pela narrativa. Apenas depois da metade, quando o passado e o presente se encaixam e a gente vai entendendo o que culminou com os crimes cometidos, a trama se torna mais vivaz.
O que mais gostei foi a personalidade de cada personagem, estão todos muito bem caracterizados e até mesmo o grande psicopata, quando revelada sua identidade, me impressionou, porque suas motivações e trajetória foram super bem explicados.
O mérito da autora foi ter criado um caso bem único, apavorante e original, eu não consegui sequer deduzir a identidade do assassino, e as várias reviravoltas do caso cada hora apontavam para um lado, isso foi bem inesperado e surpreendente. Ainda assim, não foi um primeiro livro que me deixasse um impacto profundo ao ponto de me fazer seguir lendo os próximos da trilogia.
A trama de El silencio de la ciudad blanca é requintada, super elaborada, e por isso, é o tipo de livro para aquele leitor realmente habituado com suspenses mais lentos, que se firmam nos detalhes e tardam em revelar o mais bombástico. É aquele livro para se degustar com paciência, com um enredo inteligente, bem trabalhado, mas que pode ser pesado dependendo do momento. Apesar do carisma fascinante de seus protagonistas, o excesso de informações da ambientação se torna um problema em certo momento da leitura. Mesmo assim, o mistério é mantido até o final e a surpresa com a revelação do assassino faz esta primeira parte ser digna de se considerar um bom livro policial.
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