Camila 19/09/2020Decepcionada, infelizmenteJá aviso que tem spoiler, porque o que tenho pra falar não vai dar pra dizer sem citar os acontecimentos!
Seria chover no molhada falar que Cronin tem uma imensa habilidade em construir personagens, desenhá-los de forma cirúrgica e dar uma história a cada um deles. Também é chover no malhado dizer que muito da história central do livro é construída por histórias detalhadas de cada um desses personagens. Eu gosto, eu curto, mas entendo quem não. E aceitei esse fato.
Aceitei também que, por se tratar de uma fantasia (que não é meu gênero preferido de livro), e não de uma ficção científica (que amo e me parece que venderam o primeiro livro assim erroneamente) tem alguns momentos que a gente fica que nem aquele meme da Nazaré Tedesco: sem entender o que tá acontecendo. Tudo bem.
Agora, o que não está bem, o motivo para eu ter dado 3 estrelas (e sim, pra mim 3 estrelas para esse livro é como se eu estivesse dando 2 para qualquer outro livro) é simplesmente porque Cronin enrolou e enrolou e não conseguiu dar um final decente pra vários personagens!
Estou decepcionada com este livro porque:
1 Nunca fui muito com a cara da Alicia, mas cara, ela merecia um final melhor. A guria só passou perrengue no rolê e termina daquela jeito? Aliás, a Alicia de mulher super forte, se tornou muito ingênua, da onde que ela tirou que o Fanning ia cumprir aquela promessa estapafúrdia? Entendo que os acontecimentos em Os doze foram fortes demais para ela, mas tipo, não, ela poderia ter um final melhor inclusive porque...
2 O Michael também merecia um final muito diferente, lá no primeiro livro já tava na cara que eram casal. Até porque se for analisar, na real o Michael nem um final teve. Afinal de contas o que aconteceu com ele depois? Chegou na Europa? Tinha alguém vivo lá? Voltou pros EUA? Se afogou no meio do caminho? Foi um fim totalmente aberto, e não é um aberto que só-existe-um-jeito-de-ter-terminado-e-o autor-só-não-contou, foi aberto mesmo, dá pra supor vários finais, mas nunca ter certeza de nenhum. Detesto finais abertos.
3 E a decepção master: Gunnar e Jenny Apgar. Eu sei que são personagens secundários, mas bah, foi sacanagem! Depois do Massacre da Plantação (é esse mesmo o nome? Me esqueci, enfim, aquela coisa lá na plantação de Kerville no segundo livro) eles se separam e Gunnar se lamentava pela perda da irmã. Gente isso era nítido! Como disse acima, Cronin tem um jeito de escrever que desenha perfeitamente os sentimentos e personalidades dos personagens, seja homem ou mulher. E daí eu me pergunto, por quê ó céus, em quase 700 páginas ele não escreveu uma linha que fosse com o reencontro dos irmãos???? Passaram-se não sei quantos anos e em nenhum momento se fala no reencontro deles. O Gunnar tava pra morrer e eu pensando "tá Cronin, é agora que você faz o óbvio, manda a Sara chamar a Jenny, o homem tá morrendo, esse livro precisa de uma cena desses dois", mas não, nada. E não é como se não pudesse ser feito, porque ele fez a mesmíssima coisa com o Tifty e Nina. Poxa vida Cronin você escreveu sobre tanta coisa e não pôde escrever uma ceninha com o reencontro deles. Confesso que ali o livro perdeu a graça e faltavam acho que umas 200 páginas pra acabar ainda.
Bom, eu teria mais uma ou duas coisinhas pra falar, mas vou encerrar por aqui, porque não gosto de resenhas muito grandes e o que de fato me incomodava eu já falei!
Eu gosto da história, gosto como Cronin consegue criar personagens (parece que não faz esforço) e com certeza foi uma das melhores leituras do ano...
Mas poderia ser melhor!