O gigante da guerra

O gigante da guerra Diego Guerra




Resenhas - O gigante da guerra


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Crônicas Fantásticas 15/09/2020

O Gigante da Guerra
Resenha por Brena Gentil

Título: O Gigante da Guerra | Autor: Diego Guerra | Editora: publicação independente | Gênero: fantasia sombria, ficção | Páginas: 240 | Ano: 2016 | Nota: 5,0 / 5,0

“O Gigante da Guerra” é a voz dos que são deixados para trás durante uma guerra que parece não ter fim.

Estamos acostumados a ler histórias sobre guerras e sobre quem estava nelas. No entanto, em toda guerra há os que são deixados para trás, esquecidos diante do heroísmo dos guerreiros, abandonados e subjugados pela política que só tem olhos para as batalhas.

Através do ponto de vista dos esquecidos, o autor desenvolve as transformações que uma sociedade sofre para sustentar e sobreviver a guerra. A história se passa num império fictício, em tempos distantes, e mesmo assim aborda temas atuais: luta de classes, escravidão, amadurecimento precoce, preconceito, abandono, violência, corrupção e, sobretudo, aborda a maldade intrínseca ao ser humano. O que somos capazes de fazer para seguir nossos desejos, para sobreviver? Diante do desespero, sabemos escolher fazer o certo ou cedemos à violência que nos foi imposta? Fazemos por necessidade ou as condições adversas apenas desmascaram quem somos?

Os irmãos Lenna e Ward sofrem a partida de seu pai para fazer parte do exército do Império. Os deuses levaram sua mãe, a guerra levou seu pai. Abandonados, as crianças vão batalhar pela fazenda da família e se você acha que o Império vai ajudá-los, não poderia estar mais enganado. O Império existe para tirar-lhes tudo – a fim de sustentar a guerra – e punir os que desrespeitam suas leis. Dhun Sulen é a mão implacável do imperador e nada passa despercebido por ela, nem pelo prelado da vila, Belmar. É nesse cenário que conhecemos a vila, os camponeses, o culto aos deuses e como eles influenciam a moralidade de seus moradores; tudo magistralmente encadeado pelo autor, que apresenta uma visão clara do ambiente e da cultura sem ocasionar pausas na leitura.

Enquanto Ward exerce seu papel de herói e tenta reunir meios de manter a fazenda, Lenna encontra Druhu, um escravo desertor. Em sua mente infantil e ingênua, Druhu só quer liberdade, porém, sua chegada tem o potencial de mudar a vida de todos os camponeses. Ward não vai ser herói para sempre; Lenna não termina como uma menininha medrosa; Druhu não vai deixar de ser escravo; os camponeses não vão se encolher diante da lei. Aqui, os acontecimentos impactam significativamente na relação entre os personagens, que vão muito além das figuras principais.

“Não existe liberdade entre os homens, senhora. Só diferentes formas de escravidão.”

Com um universo bem construído e narrativa feita em terceira pessoa, Diego Guerra dá rumo a história através de sua extrema competência em criar personagens complexos num cenário desolador. A escrita de Diego é quase poética, e tanta beleza em suas palavras contrasta com o mundo sombrio que criou. A relação de Lenna e Druhu é uma das coisas mais belas que já li, e eles realmente alcançam a liberdade… Talvez não da forma que queiramos, mas alcançam.

“O Gigante da Guerra” é leitura obrigatória para os amantes de fantasia sombria e realismo mágico. É uma leitura que surpreende por seu peso e pela capacidade de nos fazer sofrer. Espero que Dael acolha suas lágrimas…

“A certeza de que o que diferenciava o violento e o pacífico ou o cruel e o clemente não era sua disposição para o mal, era o tempo e o sofrimento. Aquele era o verdadeiro gigante daquela guerra. O gigante de todas as guerras: o fraco pagaria com sangue, suor e merda a vitória que os fortes clamariam para si.”

A obra pode ser adquirida em e-book na amazon. Vale ressaltar que a história é ambientada nas “Chamas do Império”, mesmo universo de “O Teatro da Ira”, primeiro livro do autor, que também indico a leitura. Os dois livros são independentes entre si e qual você lê primeiro não afeta em nada a experiência.

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site: https://cronicasfantasticas.com.br/2019/03/11/o-gigante-da-guerra/
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Diego.Chronos 06/11/2019

Grande livro!!!

Acompanhamos os irmãos Ward e Lenna e como as privações, eventos e a própria luta pela sobrevivência podem moldar o caráter das personagens de forma drástica tanto para o “bem ou mal”. Essa linha tênue que separa o que definimos entre o certo e o errado será o fio condutor na história.
A guerra distante como pano de fundo, traz para todos as mazelas que acomete aos mais fracos, pobres, esquecidos e deixa tristezas, tragédias e miséria.
A relação de amizade entre Lenna e Druhu (o Gigante) ficou bem legal e demostrar que aproximação com o “desconhecido” pode mudar a visão e o preconceito. São muitas as questões que podem ser levantadas para reflexão como a empatia, o que é liberdade e como em momentos difíceis e de privações, a natureza da humanidade pode ser despertada para a brutalidade.
Para fans de uma fantasia sombria bem escrita, com leitura fluida e uma trama envolvente e visceral eu recomendo.
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Brena 03/02/2019

Em choque ainda xD
Vai demorar um pouco para eu digerir essa estória e fazer uma resenha, mas sinto a necessidade de recomendar essa obra a todos!
O Diego trabalha maravilhosamente bem os personagens, cada personalidade é singular, e a transformação que eles sofrem durante a estória é envolvente e coesa. Os deuses são elencados de forma pontual, e eu acabei por conhecê-los e assimilar a cultura do Império sem um pingo de infodumping.
Após muitas lágrimas cheguei ao final. Poucos autores conseguem criar um final digno de todo o desenvolvimento da obra, o Diego conseguiu! Amei muito

site: https://cronicasfantasticas.com/
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Max Roger 07/11/2017

O Gigante da Guerra é o segundo livro lançado pelo autor brasileiro Diego Guerra, livro este que compartilha o mesmo universo com “O Teatro da Ira - Chamas do Império”.

A história de “O Gigante da Guerra” se passa 20 anos antes dos eventos do “Teatro da Ira”, e tem como enfoque principal três personagens: Os irmãos Ward e Lenna; E o nosso querido orog (gigante) Druhu. Os dois primeiros ainda crianças veem a partida do seu pai para a guerra, e com isso arcam com todas responsabilidades de cuidar das terras da família, enfrentando todo o tipo de mazela que é apresentada em tempos de guerras. Já o nosso querido gigante, é um escravo imperial que foge da batalha (não é spoiler) e que tem o simples desejo de tornar-se livre.

“Não existe liberdade entre os homens… Só diferentes formas de escravidão”

Existem personagens secundários muitos bons, como a Abbie Vermelha, Joram, Mosher e a magistrada Sulen que dão uma senhora encorpada e base para os temas desenvolvidos durante a trama.

O autor trabalha perfeitamente o desenvolvimento dos personagens, a relação de amizade entre a Lenna e o Druhu foi uma das coisas mais bonitas e tocantes que já li.

Sobre a escrita do autor não tenho nada a reclamar, é simples, objetiva e por muitas vezes poética. Poesia essa que traça e transmite temas como liberdade e violência de uma forma real fazendo o leitor imergir até o fundo na história, em muitos momentos você chega a sentir o gosto acre na sua boca devido a fatos que ocorrem no livro.

O Gigante da Guerra é uma história incrível, bela e ao mesmo tempo triste. Mas que nos mostra o que temos de pior. É disparada a melhor leitura de fantasia nacional que já fiz. Recomendo a leitura do livro, e espero que as pessoas que o lerem façam uma breve reflexão do que é abordado no livro.

“O fraco pagaria com sangue, suor e merda, a vitória que os fortes clamariam para si.”
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Paulo 30/07/2017

Grimdark é um gênero que se tornou muito popular nos últimos tempos. Histórias com personagens cujas características beiram mais para o cinza do que para o bem ou o mal. Ambientações repletas de violência, pessoas cuja moralidade é duvidosa em um estilo que busca se aproximar mais à realidade. Mesmo assim, são histórias que se baseiam nos feitos de grandes homens ou de companhias de soldados. Não existem tantas histórias nesse estilo de narrativa que se baseiam nos homens comuns. E é aqui o lugar onde O Gigante da Guerra se situa. O que eu li nas páginas desse livro é uma história incrível e ao mesmo tempo muito dolorosa, capaz de levar todos aqueles que se envolvem com os personagens à tristeza e a fortes emoções.

Temos aqui uma escrita muito poética apesar da temática mais voltara para o obscuro. Diego Guerra consegue passar em suas páginas uma ode à dor e ao sofrimento. Entretanto, as palavras com as quais ele tece suas descrições são belamente encadeadas. É aquela escrita belamente perversa, que te encanta em seu aspecto mais sombrio. Apesar de o livro ser pequeno, não se deixe enganar; a narrativa é pesada e vai exigir um pouco do leitor. Mas, talvez percebendo isso, o autor compôs capítulos pequenos que deixam bons ganchos para que o leitor sempre continue sua jornada pelas páginas do livro. A narrativa é escrita em terceira pessoa onisciente tendo como ponto de vista a personagem Lenna. Temos alguns capítulos vistos pelo olhar de Ward e alguns poucos (acho que um ou dois, se não me engano) no de Druhu. O autor apela bastante para as descrições, mas elas não são nem um pouco cansativas. Ele consegue passar bem o ambiente das fazendas e da vila de uma maneira que o leitor se familiariza muito rápido com as redondezas. Para mim, não houve nenhuma curva de aprendizado: me assentei em poucas linhas na escrita dele. Existem alguns elementos de construção de mundo e algumas palavras específicas, mas são muito poucas. O objetivo é realmente construir uma história situada naquele ambiente distante de tudo, logo a escrita não complica o que não precisa ser complicado.

Gostei de todos os elementos do livro, mas preciso falar dos personagens. Como o autor criou algo tão competente assim. Antes de mais nada é preciso dizer que não temos personagens virtuosos nesse livro. Todos são muito humanos, passíveis de erros e falhas. Lenna pode ser considerada a personagem mais próxima de um "herói", mas ela tem suas características mais problemáticas: corajosa, porém cheia de si, devota dos deuses e, às vezes um pouco moralista. Já Ward começa tendo aquela aura de herói, mas um acontecimento durante a história muda completamente a sua perspectiva. Ele se torna um personagem cruel em sua vontade de sobreviver. E Druhu é um pobre coitado que apenas deseja se redimir pelos males que fez. Em sua inteligência limitada ele encontra em Lenna uma pessoa que finalmente lhe dá o respeito que merece.

A relação entre os personagens é o que vai movimentar a história. Os acontecimentos servem para testar estas relações. Vamos ver os personagens mudando a maneira como enxergam uns aos outros com o desenvolvimento da narrativa. A vila serve como o lugar onde estas relações se chocam explosivamente. Por esse motivo, a construção dos personagens de apoio é tão importante para a narrativa de O Gigante da Guerra. Seja Abbie Vermelha, Joram ou até o velho Moshe que pouco aparece, todos acabam afetando de alguma forma a maneira como os irmãos se relacionam e como estes encaram Druhu. Novamente, esta não é uma história de pessoas virtuosas. Vamos ver os vícios e as pequenas maldades que existem no coração destas pessoas. Seja o prelado que usa sua posição para chantagear as pessoas e tirar uma parte dos lucros, a velha sacerdotisa que vê uma oportunidade para enriquecer ou o avô mal humorado do qual ninguém gosta, mas todos procuram. A magistrada serve como a implacabilidade da mão do imperador. Quando ela chega, algo irá mudar.

Muitos são os temas trabalhados. Para mim, o livro se destaca por falar daqueles que ficam para trás quando os guerreiros saem para a guerra. Não paramos para pensar no que acontece com os camponeses que são deixados em suas vilas quando os homens fortes seguem para o combate. A dureza da vida dentro de uma fazenda e toda a banalidade das cobranças feitas pelo governo para manter sua máquina de guerra funcionando. A vida dessas pessoas se torna muito difícil e o pior que existe em seus corações é libertado. Durante esses momentos é que a história toma seus piores rumos. Mas, será que se estivéssemos no lugar daquelas pessoas, faríamos realmente diferente? O ser humano tem uma tendência natural a ativar o seu instinto de sobrevivência em situações extremas.

E aí chegamos ao outro tema trabalhado no livro: a violência. Ward é o mais testado neste sentido. Após ele sofrer uma situação extrema, ele desenvolve um ser obscuro dentro de si. E esse ser obscuro vai fazer com que este personagem mude completamente de caráter. Outros personagens também vão revelar esse lado violento. Em vários momentos, Lenna e Druhu sofrem com a violência vinda de outras pessoas. Seja uma violência oriunda do consumo de álcool, a vingança por um ente querido que se foi ou uma pequena maldadezinha do dia-a-dia. Muitos trechos do livro são repletos de violência, mas nem sempre ela se manifesta fisicamente. A psiquê dos personagens é muito testada também. Você pode fazer o mal a uma pessoa quando retira tudo de bom que existe em suas vidas.

Por fim, queria falar da temática da liberdade. Isso porque Druhu é um gigante que fugiu de uma vida de escravidão (isso não é spoiler!!! está na descrição do livro). E o que me parece é que muitas vezes Druhu é o personagem mais livre nas redondezas. Ele faz o que faz porque tem um desejo de ajudar as pessoas e aquela que o reconheceu lá no fundo de seu coração. Os aldeões são escravos de um governo que cobra taxas exorbitantes nos períodos de colheita e leva seus filhos para a guerra. Filhos estes que nunca retornam ou voltam cheios de sequelas terríveis. Os irmãos estão presos por uma promessa a seu pai de que cuidariam da fazenda e fariam dela seu sustento. Eles poderiam ter abandonado a fazenda em vários momentos da história, mas não foram capazes de fazê-lo.

O Gigante da Guerra é aquele tipo de história que você precisa ir com o espírito preparado. Não é uma história que você deva ler quando está com astral baixo. Conta sobre o que existe de pior no ser humano. É uma história incrível que deveria ter uma visibilidade maior porque o autor se debruçou sobre o tema de uma maneira tão belamente sórdida que me emocionou bastante. Já considero uma das melhores leituras deste segundo semestre e não encontrei quaisquer problemas na escrita, na construção de personagens e no desenvolvimento do mundo e da narrativa. Vou recomendar este livro a todos vocês como uma leitura a ser feita em algum momento da vida. A quantidade de temas que merecem uma reflexão neste livro são inúmeras e são extremamente necessárias para nos dar aquele choque essencial para nos tornar pessoas melhores.

site: www.ficcoeshumanas.com
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