Naty__ 04/11/2019Poesia não é um gênero muito atrativo aos leitores, digo isso com lástima e pesar, já que é um dos que mais me agrada. Além de não ser uma área tão investida pelas editoras, poucas pessoas ousam publicar obras desse aspecto, muitas vezes por saberem desses fatores e outras tantas por se sentirem inseguros.
Anotações em viagens e horas de insônias foram divagações como fontes inspiradoras para escrever seus poemas – uma forma de fugir da realidade (ou para se encontrar nelas). Neste livro temos textos publicados por Thedy Corrêa com palavras simples, no estado Bruto, sem retoques, com puro sentimento, a nos passar os detalhes do momento vivenciado, das palavras registradas.
A edição deste livro também foi concebida para ser lida como se fossem anotações de rascunho no estado bruto, iniciando pela capa, com costura aparente, sem imagens ou qualquer indicativo do nome do autor. Há apenas o título do trabalho (no livro) e uma caixa com as informações necessárias: título, autor e editora. Todo o trabalho feito de forma bruta, sem adereços, sem detalhes, mas tudo muito bem construído e criativo.
Encontramos na obra rasuras em seus textos, vemos tanto a versão original quanto a final, com modificações no título e nos versos. Algumas delas são inspiradas em coisas, pessoas e em outras são meramente ilustrativas, com nomes fictícios para dar a ideia do que o autor quer nos passar, com histórias e circunstâncias que as geraram.
Para quem não sabe, Thedy Corrêa é vocalista e um dos fundadores da Banda Nenhum de Nós. Ele iniciou sua carreira em meados dos anos 1980, colocando a banda entre uma das maiores através do seu grande sucesso, a canção Camila.
Engana-se quem pensa que há uma escrita rebuscada, cheia de regras gramaticais, com versos brancos ou rimas por toda a parte. Aqui temos uma forma diferenciada de escrever e isso pode ser fator para não agradar tantos leitores, já que os amantes de poesias entendem de regras que nem sempre são encontradas. Não é que há erros, há uma forma mais informal de ser escrita – se é que posso chamar assim.
Merece destaque o trabalho da editora Belas Letras. A ideia de fazer a estética do livro, de acordo com o título, com ar Bruto, foi incrível.
Trecho:
“eu não ligo para o que
os outros vão dizer
eu não ligo para os nomes
que vão nos chamar
só pense, meu querido
que um tiro tem o poder
de fazer tudo isso mudar”
site:
http://www.revelandosentimentos.com.br/2017/06/resenha-bruto.html