Intérprete de males

Intérprete de males Jhumpa Lahiri




Resenhas - Intérprete de Males


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Arsenio Meira 19/08/2014

Diáspora indiana

Sob o ponto de vista pessoal, os contos de Intérprete de Males representam, se tomados como um todo, uma obra que se dedica a discutir a experiência indiana da diáspora e as relações traçadas em território norte-americano. Ainda pontuando uma opinião minha, ora exposta como ressalva, a identidade não tem uma existência real nem per si. É, ao contrário, virtualmente um foco,acionado em diferentes momentos e indispensável como referência. Mas não é concreta, nem monolítica. Ou se parece ser, apenas engessa muitas fraturas. A identidade é sempre uma fenda aberta a múltiplas identificações.

Apesar de terem aspectos em comum, os contos propõem formas diferentes de reagir à interação com a nova cultura. Penso não ser possível compreendê-los através de modelos únicos como a assimilação do american way of life ou o constante conflito cultural , já que também simulam outras perspectivas. Porém, pode-se da mesma forma questionar a afirmação de que na diáspora, as identidades se tornam múltiplas.

Vale lembrar que o intérprete não é apenas aquele que se encarrega de traduzir, declarar ou de dar a conhecer as vontades, as intenções alheias, mas também aquele que se presta a revelar o que está oculto, à maneira das personagens quanto aos objetos religiosos ou quanto a si mesmos. Desse modo, e penso ter sido este o leitmotiv que norteou a escritora indiana, os indivíduos participam de diferentes maneiras do que julgam ser a sua cultura ou o seu pertencimento. A experiência da diáspora, no mundo global contemporâneo, requer habilidades no tocante à capacidade de cada um para socorrer-se sob a égide de uma outra cultura, traduzido múltiplos e distintos signos.

Aliás, não apenas a situação de trânsito requer tais habilidades, mas a própria condição atual de se viver numa sociedade em rede, permanentemente em conexão, reclama essa perícia - saber conviver em terras e costumes alheios.
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Nado 29/11/2020

Uma ótima antologia e com uma escrita primorosa. Nem todos os contos me prenderam, mas alguns deles eu achei fantástico.
Recomendo a leitura.
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Evy 01/11/2020

Intérprete de Males é o primeiro livro publicado da autora inglesa Jhumpa Lahiri. Filha de indianos, Lahiri escapa dos esteriótipos e nos descreve as singularidade de seus personagens em situações comuns com delicadeza e empatia.

Um casal em crise que volta a conversar quando a energia é cortada por uma hora durante cinco dias, um guia indiano que observa os costumes americanizados de uma família, uma jovem que se apaixona por um homem comprometido, um rapaz que se sente sozinho em Boston, uma família que acolhe um vizinho durante uma guerra, enfim...

Histórias de um dia a dia que mesclam culturas e que fariam sentido se ambientadas em qualquer lugar do mundo! Somos presenteados ainda com detalhes da cultura indiana: pratos, costumes, cheiros, memórias, vestimentas que permeiam os contos de forma sutil respeitando o cenário de cada conto e tornando tudo agradável e familiar.

Impossível não se identificar com as situações e personagens e não se sentir próximo deles através do cuidado na escrita da autora. Adorei a leitura e super recomendo!!
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Nay 03/06/2020

Os contos têm uma abordagem muito sutil a questões importantes, e ainda possui uma linguagem fácil, que aproxima e estimula a vontade de conhecer o final daquela história.
Me identifiquei bastante com a sra Sen, compartilhamos da saudade, da sensação de estar perdendo os acontecimentos...
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Renata CCS 09/02/2016

DissemiNação
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“Os mais próximos de nós, seja no amor ou no ódio, são nossos intérpretes do mundo.”
(George Eliot)

Com uma escrita limpíssima, direta e também extremamente delicada, Jhumpa Lahiri nos presenteou com INTÉRPRETE DE MALES, livro composto por nove contos, nos quais ficamos fascinados pela capacidade de observação que a autora consegue imprimir sobre a realidade de suas personagens.

Lahiri é uma espécie de narradora intérprete entre o Ocidente e o Oriente. Todos os personagens são indianos radicados nos EUA ou americanos de origem indiana, e sempre com algo em comum: a procura de uma identidade, sem deixar de lado sua origem, a cultura natal e suas heranças históricas. De certa forma, o que a escritora faz é delinear uma linha divisória entre dois mundos, americano e indiano, e depois denegrecer essa linha ao longo da narrativa.

O confronto com o sentimento de inadequação, a solidão e saudades são constantes entre os personagens, que se aproximam e divergem a partir da identificação de suas vulnerabilidades e fragilidades. A autora empenha-se em cuidar de todas as situações sem sarcasmos, e com uma sensibilidade que rejeita qualquer drama em nome de uma sinceridade ampla e benevolente.

Embora nenhum dos personagens consiga descobrir a fórmula para o fim do distanciamento entre si e o resto do mundo, os contos são excepcionalmente maduros e nem um pouco derrotistas. Apesar de tratar de situações delicadas e difíceis, o livro está longe de ser dramático ou piegas.

Desconfio que muitas situações podem ser experiências da própria autora, filha de indianos nascida em Londres e criada nos EUA. São muitas as lembranças e heranças mescladas à constante falta de habilidade com um mundo diferente, fazendo com que os personagens se tornem verdadeiros intérpretes de significados, novos e antigos.

Cuidadosa e precisa, Jhumpa Lahiri nos prova que é preciso fazer com que as pessoas entendam o significado de ser estrangeiro. Sim! É o ser estrangeiro que está em evidência. Indivíduos que são estrangeiros dentro de seu próprio país.
Nanci 09/02/2016minha estante
Ainda, não conheço, mas vai pra lista :)


Renata CCS 09/02/2016minha estante
Nanci, para vc que é amante de contos, recomendo muito!




Rosana Oliveira 14/02/2024

Não serviu pra mim
Um conjunto de contos indianos que, para mim, foram cotidianos demais. Alguns até mais profundos, como o casal que perde o filho, ou a senhora que é expulsa do lugar que morava de favor. Outros tão sem graça nos quais me deixou com a impressão de que foram estendidos com a esperança de que juntando tantas casualidades, a história se salvaria. Gostei muito do primeiro e amei o último
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Juliana 15/10/2022

O intérprete de males foi um livro que me surpreendeu muito, os contos são de uma delicadeza e sensibilidade absurdas, gostei muito da forma que a Jumpha Lahiri conseguiu combinar as questões culturais, já que fala bastante sobre o contato entre a cultura estadunidense e a indiana, com os elementos da subjetividade humana. Tenho indicado para várias pessoas, porque é um livro lindo, curto e com uma escrita muito fluída. Fora que o formato de contos ajuda a gente às vezes num momento que estamos um pouco sem hábito de ler.
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ToniBooks 01/07/2023

Um pé na lua e outro em três continentes
Os personagens de "Intérpretes de males" são majoritariamente indianos que vivem nos Estados Unidos ou americanos que matêm laços com eles. Esse contraste é um dos grandes motivos da obra: a permanência dos traços culturais em um país estranho.
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@livrosdelei 07/01/2021

Boas reflexões sobre imigração, mas gostei de poucos contos
Essa obra foi a última leitura de 2020 do @clubelivrosdelei e eu estou bastante tocada pela sensibilidade que o livro traz, além de um maior contato com a cultura indiana

Não foram todos os contos que me encantaram. Achei também que os males apresentados no livro são muito específicos para imigrantes indianos (o que dificultou a leitura para mim de uma maneira mais ampla). Mas reconheço o quanto grandiosa essa leitura foi e que valerá uma releitura daqui uns anos (com um maior amadurecimento até)

Jhumpa deixa sinais muito discretos e profundos em cada um dos contos. Como bem observado nas discussões do clube, todo conto nos mostra um pouco sobre uma mulher indiana (ou de descendência indiana) e suas dificuldades

Ainda que de maneira mais sútil, é 100% possível se conectar com os contos e se identificar. Os meus prediletos foram ?Uma questão temporária?, ?Intérprete de males?, ?Sexy? e ?O terceiro e último continente?

Achei mágico quando descobrimos o quanto o livro em si é um intérprete de males: pegando todas as dificuldades enfrentadas por essa população e interpretando para nós (outsiders). Indico a leitura para todos que querem sair da zona de conforto ? (e gostam de contos)
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Tamires 24/09/2019

Intérprete de males, de Jhumpa Lahiri
Esplêndido. É o que foi, para mim, o livro Intérprete de males, de Jhumpa Lahiri (TAG/Biblioteca Azul, setembro-2019). Quem leu, sabe que o adjetivo não foi escolhido por acaso: é o que a centenária Sra. Croft acha sobre o homem ter posto uma bandeira (americana) na lua, retirado do último conto da coletânea, “O terceiro e último continente“.

Interprete de males é esplêndido por vários motivos. Seja pelos os personagens cativantes, trama envolvente ou pelos finais arrebatadores, é um livro de contos — nove, no total — em que todas as histórias são boas por uma ou outra característica. É difícil escolher um conto favorito, ou um personagem mais marcante. Desde a primeira narrativa, somos imersos no peso da intercultura: indianos ou descendentes que estão à margem do pertencimento, entre países completamente distintos, mas dos quais carregam características que formam o que eles são. Interprete de males, ganhador do Pulitzer no ano 2000, é um livro sobre imigrantes, mas não é só isso. É um livro sobre cotidiano, sobre o que nos torna aquilo que somos.

Jhumpa Lahiri é filha de indianos, nascida em Londres, naturalizada americana. Toda essa trajetória, ao meu ver, reflete em muita leveza e em muita verdade nos personagens deste livro. Mesmo nas tramas mais dramáticas, não há exagero. Todos os atos dos personagens e desfechos dos contos são extremamente convincentes. Gosto de imaginar o quanto de autobiográfico tem um livro e Intérprete de males aguça ainda mais esse tipo de curiosidade.

“Embora não o visse havia meses, só então senti a ausência do sr. Pirzada. Só então, erguendo meu copo de água em nome dele, foi que entendi como era sentir falta de alguém que estava a tantos quilômetros e horas de distância, assim como ele havia sentido falta da esposa e das filhas durante tantos meses.” (Quando o sr. Pirzada vinha jantar, p. 52)

“— Essa palavra: ‘sexy’. O que quer dizer?
(…)
— Quer dizer amar alguém que a gente não conhece.” (Sexy, p. 117)

“Sempre que ele desanima, digo que, se eu sobrevivi em três continentes, não há obstáculos que ele não possa superar.” (O terceiro e último continente, p. 207)

Uma coisa interessante na leitura do conto que dá nome ao livro é que ele explica não só a profissão de um dos personagens, mas, de certa forma, explica também o que faz Jhumpa Lahiri para nós leitores, especialmente os que não têm essa vivência de se estabelecer tão longe de sua cultura. Embora diferentes, os contos funcionam muito bem juntos e o título Intérprete de males acaba por traduzir e sintetizar cada um deles.

site: https://www.tamiresdecarvalho.com/resenha-interprete-de-males-de-jhumpa-lahiri/
Pudima 24/12/2019minha estante
Que resenha linda! Adorei sua escrita. Maravilhosa!!




jota 31/01/2023

MUITO BOM: curiosas histórias passadas na Índia e nos EUA envolvendo personagens hindus bastante arraigados em sua cultura, notadamente os imigrantes diretamente envolvidos com americanos
Lido entre 27 e 31 de janeiro de 2023. Avaliação da leitura: 4,8/5,0

De ascendência indiana, Nilanjana Sudeshna Lahiri, ou simplesmente Jhumpa Lahiri, nascida na Inglaterra em 1967, depois naturalizada americana, atualmente vive na Itália há alguns anos já. De lá escreveu o prefácio para Laços, de Domenico Starnone, aqui lançado em 2017, que ela chamou de um escritor brilhante; ele poderia dizer o mesmo dela. E ele disse isso também, com outras palavras, no seu prefácio italiano para o livro dela: “Intérprete de Males é a prova de que um livro merece uma alegre festa de comemoração não somente por ser testemunha de um momento significativo da condição humana, mas por fazê-lo com sensibilidade, inteligência e arte refinada.” Starnone tem razão: esses elogios todos cabem como luva na escrita de Lahiri.

As várias mudanças geográficas na vida da autora não causaram nela o mesmo efeito que causaram em alguns de seus personagens, hindus que se mudaram para os EUA; mesmo após anos vivendo no país, ainda se sentem um tanto estrangeiros ali. Em Intérprete de Males (original é de 1999) acompanhamos com bastante interesse e certa curiosidade personagens de cultura indiana vivendo em seu próprio país ou no exterior, nessas histórias que premiaram a autora com o Pulitzer de 2000.

São nove no total e a primeira é Uma Questão Temporária, que juntamente com a terceira, que dá título ao livro, me pareceram as melhores. A falta de eletricidade em casa, durante cerca de cinco dias, uma hora por noite, no princípio parecia aproximar ainda mais um jovem casal indiano nos EUA. Só parecia porque no final... Intérprete de Males, e o título é explicado pelo guia hindu que conduz uma família também hindu, mas residente nos EUA, por pontos turísticos exóticos da Índia, poderia terminar de outra forma, como uma história de intensa atração sexual, se macacos não tivessem atacado o filho da protagonista. Tem quem viu nesse conto uma quase paródia do livro de E. M. Forster, Passagem Para a Índia (Bia Abramo, na FSP em 02.06.2001).

Dois dos demais contos tratam de personagens indianas vivendo na Índia, caso da quarta história, Um Durwan de Verdade – história de uma quase moradora de rua, que teria vivido faustosamente no passado, mas que agora presta serviços variados, como se fosse uma zeladora (durwan) informal de um prédio meio decadente da cidade, não tem salário e ainda é acusada de ladra um dia – e da oitava história, O Tratamento de Bibi Haldar, uma mulher de 29 anos, solteira, que trabalha para um primo, também sem salário, e que sofre ataques epiléticos. Todos os vizinhos e conhecidos acham que ela deveria se casar, ter um homem, que curaria seus males, esse seria seu tratamento ideal. Um dia a descobrem grávida...

Os contos de números cinco e sete, respectivamente Sexy e Esta Casa Abençoada, tratam de relacionamento interracial, de americanas de nível educacional superior com homens hindus, também de nível escolar superior. A primeira, na condição de amante que por ele, casado e com filhos, é chamada de sexy, por suas longas e belas pernas; a segunda como esposa de um técnico especializado que não tolera que a esposa trate como tesouros, objetos e estátuas de origem cristã, especialmente uma grande, da Virgem Maria no jardim, que os antigos moradores da casa que ora habitam deixaram na residência. Não era uma casa engraçada, mas uma casa abençoada...

A temática da imigração passa por histórias tão diferentes como Quando o Senhor Pirzada Vinha Jantar, segundo conto, A Senhora Sen, sexto conto, O Terceiro e Último Continente, nono conto. A história do Sr. Pirzada é contada por uma jovem narradora, da família onde ele jantou durante alguns meses nos EUA, e envolve conflitos religiosos e políticos passados entre Índia, Paquistão e Bangladesh, que eram acompanhados pelo noticiário televisivo durante a refeição noturna da família e seu convidado. A história da senhora Sen é contada por um garoto americano de onze anos que era cuidado pela imigrante hindu, mulher de um professor universitário, também imigrante; ela adorava peixe e detestava dirigir, motivo de algumas desavenças do casal. O menino ficava aos seus cuidados enquanto a mãe trabalhava fora; ele conviveu com o casal até que um acidente pôs fim ao trabalho da senhora Sen.

Encerra o volume o já citado O Terceiro e Último Continente, a história de um jovem profissional hindu com passagem pela Europa e agora contratado para trabalhar no MIT, Instituto de Tecnologia de Massachusetts, em Cambridge (daí seu “terceiro continente”) que, sem muito dinheiro no início, resolve alugar um quarto para morar numa grande e antiga casa, após ver um anúncio que só aceitava como inquilinos gente de Harvard ou do MIT. Tão curioso quanto o jovem hindu é a proprietária do imóvel, uma velha senhora de hábitos bastante estranhos para nós. E com essa curiosa narrativa, fechamos o livro de Jhumpa Lahiri esperando por mais histórias curtas, tão interessantes e bem escritas como as de Intérprete de Males.
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Fábio Nogueira 15/09/2020

Bom demais
Cada conto melhor que o outro. Agora é partir pra leitura de O xará.
Recomendo!
Oberdan 15/09/2020minha estante
Tenho que ler!


Fábio Nogueira 15/09/2020minha estante
Deve! Kkk




Josana.Baltazar 09/12/2021

Esse ano tomei gosto por contos, uma vez que ao longo do ano tive o prazer de ser apresentada a três ou quatro livros de contos maravilhosos. Esse em especial nos da pinceladas dos costumes dos indianos, em histórias que poderiam ser reais. Pontuam questões fortes de família, envelhecer, enlouquecer, abandono e cuidado, amei
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Fe 08/09/2020

Interessante!
O livro me chamou muita atenção pela temática, entretanto não me cativou como eu esperava.. Não sei se tive dificuldade para compreender as histórias pois não são compatíveis com a minha realidade, mas não amei o livro. Ainda recomendo essa leitura como uma forma de conhecer um pouco mais sobre a temática cultural e de migrações. É um livro curto, de leitura fácil!!
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