JPHoppe 16/09/2021
Um dos livros mais perversos, nojentos, abjetos que já li. Só não é um completo lixo porque pelo menos serve para consulta de alguns dados biográficos, escala temporal e afins. Nada que uma consulta em qualquer enciclopédia on-line digna do nome não tenha, mas se a internet faltar e precisar...
Em primeiro lugar, seria muito válido que esse livro, assim como outros que compõem os "Guias Politicamente Incorretos", deixassem claro o que eles entendem como "Politicamente Incorreto". Entendo que certas posturas do "Politicamente Correto" tendem a parecer exageradas, como evitar usar termos que não necessariamente são ofensivos, como "anão", "pobre", "homossexual", e afins. Mas, talvez sejam. Não sou anão, pobre (há controvérsias) ou homossexual para dizer com propriedade. O ponto é que tem pessoas que veem nessas limitações de expressão uma espécie de censura, ou opressão, exatamente contra os que usam esse discurso. Visivelmente, é uma postura muito associada com conservadores, e a típica direita brasileira.
E talvez isso seja o maior temor. Já li três desses guias. O da História do Brasil é terrível. O do Futebol foi mais suave. Mas esse aqui foi o pior de todos. E se esse tipo de crítica histórica é o padrão da direita brasileira, não tem como dar credibilidade.
Poderia passar horas e horas escrevendo de todos os problemas do livro, mas vou ficar só em alguns pontos.
1. No início, o autor dá a entender que quer falar das pessoas que foram presidentes, e não do governo que fizeram. Isso é até resgatado na seção sobre a Ditadura Militar com pesar, porque a história deixada pelos presidentes ditadores era por demais simples e haveria pouco a dizer de cada um deles. Mas isso só dura até falar de Vargas e JK (que nem tenta esconder o apreço), e desaparece completamente nos governos PT. Todas as capas incluem apelidos dos presidentes. Nota-se que o desprezo e parcialidade em relação à Dilma quando um dos mais famosos, "Dilmãe", não aparece, mas meia dúzia de realmente ofensivos estão inclusos.
2. É mal escrito. Pegou um dicionário de sinônimos e mandou ver. Os adjetivos e comparações, parece que peguei sem querer um dos livros da saga Eragon, e isso nem de longe é um elogio.
3. Aqui e ali determinadas afirmações são muito esquisitas. Coisas como "ficaram casados por décadas apesar da esterilidade dela", "Itamar cresceu com mãe e avó, sem pulso firme do pai, portanto afetado", dentre vários e vários outros. Um ou outro chamam atenção, mas é um padrão consistente de preconceitos que dá nojo.
Nem vou entrar no mérito no pano de leve que passa para nazistas e outras atrocidades da história.