Dom Casmurro

Dom Casmurro Machado de Assis




Resenhas - Dom Casmurro


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Leituras do Sam 06/04/2017

Belíssima obra
Bom, é um clássico. O maior sentido desta palavra e não tenho muito a acrescentar se não tecer todos os elogios possíveis, digo somente que esta edição da Editora Carambaia é primorosa e para imitar José Dias: é uma obra belíssima.
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Leila de Carvalho e Gonçalves 07/11/2018

Obra-Prima
De autoria de Machado de Assis, nosso maior escritor, ?Dom Casmurro? é um dos grandes clássicos da literatura brasileira. Frequentemente escolhido como leitura obrigatória nos vestibulares, é praticamente impossível ultrapassar o ensino médio sem conhecê-lo.

Sua história relata as memórias pouco confiáveis de um advogado cinquentão, Bento Santiago, que apresenta bons motivos para crer que foi traído pela esposa Capitolina ou Capitu com o melhor amigo, o comerciante Ezequiel Escobar. Aliás, até a paternidade do único filho ele coloca em dúvida.

Tendo como cenário o Rio de Janeiro durante o Segundo Império, um dos temas abordados no romance é a moral da época, contudo também centralizam a atenção a ambiguidade de Capitu, o ciúme e, sobretudo, o caráter de Bentinho que já mereceu até estudos psicanalíticos. Aliás, é assídua a menção da rica intertextualidade do texto que vai de Schopenhauer a Goethe, merecendo destaque a tragédia ?Otelo, o Mouro de Veneza?, de Shakespeare que é três vezes citada ao longo do texto, respectivamente nos capítulos LXII, LXXII e CXXXV.

De acordo com John Gledson, um dos mais reputados estudiosos da obra machadiana, ?Dom Casmurro? é um ?romance realista voltado para a análise psicológica que critica ironicamente a elite carioca a partir do comportamento de determinadas personagens?. Exibindo traços românticos, como a fixação pelo olhar de Capitu, o professor de literatura Ian Watt também o considera próximo do impressionismo, ao recriar o passado através da memória de Bentinho. No entanto, alguns críticos contemporâneos, como Roberto Schwarz, afirmam que se trata da ?primeira obra modernista brasileira, graças aos capítulos curtos, a estrutura fragmentária não-linear, o gosto pelo elíptico e alusivo, a postura metalinguística de quem escreve e se vê escrevendo, as intromissões na narrativa e a possibilidade de várias interpretações?.

Quanto ao texto, o leitor pode encará-lo como um romance policial, investigando cada ação e desconfiando das declarações do narrador tal qual um detetive, a fim de crer ou não no adultério, pois são inúmeras as incongruências, atitudes incompreensíveis e enigmas. A bem da verdade, ?Dom Casmurro? permite distintos entendimentos e cabe a cada um tirar suas conclusões quanto as personagens e o enredo. Por sinal, este é um aspecto recorrente na obra machadiana, todavia nem sempre o romance foi encarado desta forma.

Durante décadas, houve certo consenso a respeito da infidelidade de Capitu, mas a ascensão do feminismo favoreceu um novo olhar para o livro e a brasilianista Helen Caldwell foi quem primeiro colocou Bentinho publicamente no banco dos réus. Em ?The Brazilian Othello of Machado de Assis?, lançado em 196O, ela afirma que Capitu jamais o traiu, foi vítima de um marido tresloucado que induz o leitor a crer em suas palavras que não condizem com a verdade.

Vinte e quatro anos depois, foi a vez de ?The Deceptive Realism of Machado de Assis: A Dissenting Interpretation of Dom Casmurro? trazer outro entendimento. No livro, de autoria de John Gledson, Bentinho não é um novo Otelo que por ciúme destrói e difama a amada. ?Mimado pela mãe, ele faz parte de uma família abastada e conservadora, logo a liberdade de opinião de uma mocinha moderna, filha de um vizinho pobre, prova ser intolerável. Neste sentido, os ciúmes condensam uma problemática social mais ampla, historicamente específica, e funcionam como convulsões de uma sociedade patriarcal em crise.?

Quando o assunto parecia esgotado, uma matéria de Millôr Fernandes para a revista ?Veja?, publicada em 26/01/2005, revelou uma leitura mais picante além de polêmica, causando até indignação por parte dos leitores. O escritor defende a ideia que tanto Capitu quanto Bentinho foram amantes de Escobar, inclusive, cita trechos do romance que indicariam a paixão do narrador pelo amigo.

Segundo o historiador Marc Bloch: ?o passado muda de acordo com o presente que o lê??. Em pouco mais de um século, ?Dom Casmurro? comprovou esta máxima, ao abarcar novas leituras conforme a sociedade foi se transformando, notadamente em relação a sexualidade e a condição feminina. Enfim, Capitu traiu, não traiu ou foi traída, qual é sua opinião?
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