joanice.oliveir 05/05/2017
Resenha: Segunda Chance - Kamila Villarreal
Segunda Chance é um romance maduro e irresistivelmente cativante e assustadoramente real e que poderia ser a história de nossa vida.
Mikael Karlström tem 40 anos e é recém-chegado na cidade Atibaia no interior de São Paulo juntamente com sua filha de 15 anos, Marie. Eles são pequena cidade de Halmstad na Suécia. Estão em solo brasileiro, porque Mikael agora é o engenheiro indicado para transmitir novos conhecimentos aos funcionários da Electrolux no país.
Sua adaptação ao país se dar lentamente, principalmente com idioma, porque demanda tempo que Mike não tem e somente ele tem contato com as pessoas, já que domina um pouco o português e sempre pede para que Marie fique dentro de casa para não passar por problemas, pois não sabe a língua nativa dos brasileiros.
“Mikael Karlström era seu pote de ouro no fim do arco-íris.”
Como o Destino adora aprontar com todos, Marie na ausência do pai decide pedir um pouco de leite na casa da vizinha louca que adora escutar Céline Dion no último volume e pior canta juntamente rs. No caminho que tem uma distância de poucos mais de 40 metros de uma casa para a outra, a jovem é atacada por um maníaco que tenta a todo custo abusa-la. Diana – dona da casa vizinha – escuta juntamente com sua filha Céline – sim, em homenagem a cantora rsrs – o pedido de socorro de Marie – Help!Help! – e decide ajuda-la.
Diana pega uma arma e pede para sua filha ficar dentro de casa. Ao sair ela ver o agressor e atira em sua perna. Céline sai de dentro de casa e auxilia sua mãe e a jovem atacada. A polícia chega e prende o criminoso. Ambas são levadas para prestar depoimentos e Marie receber os primeiros socorros.
O pai de Marie chega e não encontra sua filha e fica preocupado. Após comprar uns mantimentos para a despensa da casa, ele é surpreendido por duas mulheres pedindo para acompanha-las até o hospital. Uma policial e a outra Diana. Não sabiam Diana e Mikael que seus caminhos estão sendo juntados naquele momento.
Mikael agradece a Diana e a Céline – que falou em inglês com a Marie – em ter ajudado e cuidado de sua filha. A partir desse momento Diana coloca em sua mente em ser uma pessoa solidária e atenciosa com seus vizinhos. Ela começa a frequentar a casa dos Karlström querendo saber do bem estar dos dois, convidá-los para almoços e tudo mais. A mãe de Diana ver isso com certa preocupação, porque a filha tem algum motivo a mais para essa atenção especial com os vizinhos.
Marie e Cel viram amigas. A brasileira começa a dar aulas de português para a sueca e seu pai. Viram companheiras de sala de aula e confidentes quando percebem que seus pais estão apaixonados e tentando romper com seus passados para conseguirem ter um relacionamento sem problemas.
“ – Cada vez que você me toca, meu cérebro derrete, sua voz e seus beijos...me fazem perder a razão...Acho que quem fez alguma coisa foi você.”
Diana é uma nova mulher mais forte, alegre e feliz depois que conheceu seu engenheiro, porque muito antes sofrera nas mãos do pai de Cel que era violento, ignorante e perigoso. Mikael apaixonou-se em pouco tempo por sua jornalista, pois encontrou carinho, dedicação e uma nova chance de amar nos braços de Diana. Porém, da mesma forma que as Forças Universais trabalham para unir as pessoas, elas também adoram colocar desafios que nem sempre são fáceis.
Ciúmes, um ex-marido perigoso e ameaçador à espreita, a desconfiança de uma sogra e uma ameaça vinda de um momento de heroísmo somado ao retorno marcado de Mikael para à Suécia são os desafios para esse casal. Será que conseguiram vencer o relacionamento com data de acabar? Será que conseguirão lidar com seus fantasmas? E a falta de apoio e compreensão de alguns? Você entraria num relacionamento sabendo que teria que enfrentar distanciamento físico e ameaças de N formas?
Agradavelmente surpreendente. Segunda Chance é um romance doce, dramático e cativante que me conquistou no momento que conheci os personagens que são tão reais que parecem que os conhecemos.
“Ele a iludiu duas vezes, a enganou e a maltratou. Mas, ainda assim, deixou um presente maravilhoso, em forma de filha.”
Diana tem 37 anos, jornalista e sócia na revista Querido Leitor juntamente com Denise – sua amiga de faculdade -, mãe de Céline e principalmente criou sua filha com ajuda de sua mãe, já que o filho do Wendigo que era o pai da menina se recusava a assumi-la e dizia que odiava a criança e conviveu com ambas até Diana não aguentar mais e ir embora para bem longe, onde ele não as encontrasse. Ela é forte, mas emocionalmente desequilibrada e teimosa até demais. Teve momento que eu queria estrangulá-la, porque parecia uma adolescente brigando e se posicionando. Além de ela ter um azar para lá de sobrenatural. Parece até que acumulou azar das reencarnações rs, porque ela passa por três situações delicadas e perigosas e sobrevive, porque não era o momento dela.
Mikael é um amor de homem. Maduro, generoso, doce, atencioso e principalmente disposto a amar novamente sem se pretender muito com o passado. Ele assumiu a criação da filha após a morte de sua esposa Annika num acidente fatal e tenta a todo custo fazer seu relacionamento com Diana dar certo e conquistar a confiança de sua sogra Lucrécia.
“Apesar do pulso firme, Mikael era carinhoso, sabia que era bom pai e que vinha fazendo um bom trabalho desde a partida de Annika.”
Céline é bem teimosa como a mãe, todavia mais compreensível e flexível e algumas vezes parece mais racional em suas decisões e ideias. Odeia ter um nome famoso, mas ama sua mãe incondicionalmente. Marie é doce, falante e muito inteligente e tenta retornar à sua rotina após o ataque do maníaco e encontra em seus vizinhos, um caminho para um recomeço.
Dona Lucrécia é uma avó para lá de engraçada e solta cada palavrão que eu pensava assim: “Se mamãe escuta eu falar assim, vai lavar minha boca com sabão rs”. Ela ama sua filha e neta e por isso sente-se ameaçada com o relacionamento do engenheiro sueco com sua sonhadora filha, porque teme que o retorno dele para seu país machuque mais ainda o coração de sua primogênita.
Você pode pensar que é mais um romance, mas não é. Kamila envolveu suas paixões e tenho certeza um pouco de si nessa história. Suécia foi escolhida como país de Mikael e Marie por causa dos livros da série Os Homens que não amavam as mulheres que recomendo para todos e que fica mais evidente com os casos de violência contra as mulheres que é a temática chave nas obras de Stieg Largsson. Temos uma Diana que é jornalista que é a profissão de nossa autora e muitas outras coisas que tornam a história bem verídica nos dando a impressão de já conhecer os personagens.
Algo que gostei mais ainda é que não existe aquele drama mexicano que vejo nos romances que vendem aos montes por aí. Fico irritada com mocinhas frágeis e que se entregam na primeira piscadela do bad boy e esquecem-se de pensar nas consequências e principalmente com quem estão se envolvendo. Aqui o casal é maduro e marcado por perdas dolorosas sendo mais cautelosos, porque tem famílias e não querem desarmonizar seus lares, entretanto deixando claro que não vão deixar de ser felizes por caprichos de familiares.
Segunda Chance é o aviso de que a vida só termina – em plano físico – quando morremos. Que em vida mesmo tendo perdas e sofrimentos sempre podemos recomeçar através do amor e da esperança.
“Silêncio antes de nascer, silêncio após a morte. A vida é puro ruído entre dois silêncios insondáveis.” (Isabel Allende)
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