Israel.Mello 08/05/2023
Do For Love, uma jornada em busca de propósito
O livro conta as experiências de Letícia Mello, uma jovem brasileira que, ao perceber que não se encaixa no modelo de vida proposto pela sociedade moderna, decide empreender uma aventura em busca de propósito: algo mais profundo e satisfatório do que apenas viver para ganhar dinheiro, pagar contas, ganhar mais dinheiro e acumular riquezas materiais.
Em sua busca por uma vida que faça mais sentido, Letícia, que é natural do Rio Grande do Sul, deixa de lado sua rotina e relativo conforto em terras brasileiras para mergulhar de cabeça em uma viagem de voluntariado por países do sudeste asiático.
A jornada inicia pela Tailândia, passa pelo Camboja (na minha opinião, o período mais marcante da história) e, por fim, chega ao Vietnã. Três países vizinhos, porém distintos entre si, cada um com suas histórias e culturas particulares, mas que também compartilham algumas similaridades, a principal delas sendo os sérios problemas enfrentados por suas populações, tais como o acesso limitado à educação, a escassez de recursos econômicos, a violência e um triste histórico de guerras, massacres e opressão.
A narrativa é envolvente e existem muitas histórias divertidas, como as experiências culinárias, os casos amorosos, os perrengues, as experiências em projetos de voluntariado e as imersões culturais, mas o choque de realidade é inevitável. O conteúdo nem sempre é fácil de digerir. Embora não seja uma surpresa, é triste constatar que ainda existem tantas pessoas passando por necessidades e tão poucas empenhadas em mudar esse cenário.
O livro fala sobre generosidade (surpreendentemente uma característica latente daqueles que mais necessitam), bondade e altruísmo, esperança e amor, mas também sobre maldade, violência, desonestidade e miséria (no sentido mais amplo da palavra, tanto no contexto socioeconômico quanto na esfera moral). É um relato cheio de contrastes que, no final, expõe a vida como ela é!
Vale destacar a coragem de Letícia. Não é fácil imaginar que uma mulher (infelizmente, sabemos que esse é um grande fator de risco) de 24 anos se jogou sozinha no mundo, sem amigos ou familiares, com pouquíssimo dinheiro, muitas barreiras linguísticas e culturais, motivada apenas pela vontade de ajudar o próximo. Consigo imaginar diversas formas dessa viagem dar errado e, de fato, algumas coisas ruins aconteceram, mas você vai ter que ler para saber do que estou falando.
"Hoje, eu tenho muito mais medo de não viver do que de morrer, já que a morte é inevitável e imprevisível, enquanto a vida é uma escolha diária."
A leitura é altamente recomendada. Acho que é uma excelente oportunidade para conhecer novas culturas e ter contato com um mundo ?distante?, que a maioria de nós jamais terá contato pessoalmente. Além disso, é uma excelente maneira de apoiar o trabalho de uma escritora nacional que lançou seu trabalho de forma independente.