Tícia 06/05/2018
Três coisas sobre minha pessoa que você precisa saber antes de continuar essa resenha:
1) Eu lendo nacional é tão raro quanto nota de 100 conto na carteira no fim de mês;
2) Sou incrivelmente franca. Se o livro é ruim, falo que é uma bosta; se for bom, dissemino a boa nova pra geral. Não faz diferença se é meu autor favorito, se é autor famoso, um nobre desconhecido ou se é autor amigo. Sou partidária de que a verdade precisa ser dita.
3) Tô cagando se discordam de meu métodos.
Esclareço tais questões porque Por você foi escrito pela Silvana, uma chegada minha. E como gostei muito da história, tem sempre um pra golfar: “só tá falando que é bom porque é amigo”.
Né, não. Ela é boa mesmo.
E falar esse tipo de coisa é desmerecer o trabalho da pessoa, já que um autor não se define como foda ou bosta pela subjetividade de uma opinião positiva ou negativa; ele é bom ou ruim por seu próprio talento ou pela falta dele.
Minha opinião, não uma regra. Óbvio.
Isto posto, vamos ao livro.
Relutei muito pra ler por motivos óbvios: nacional. Mas também porque foi uma amiga que escreveu. Eu pensava: se o livro for uma merda e eu falar que é melhor devolver pra iemanjá, ela pode ficar triste.
Daí, enrolei. E enrolei.
Até que um dia ela me intimou: lê aí, porra! Não necessariamente com essas palavras, mas deu pra entender a ideia.
E eu li.
Já falei que meço o quanto gosto de um livro pela velocidade que leio o bixim? Se agarro no negócio é porque não deu liga; se devoro páginas numa rapidez doida, é porque o troço é bom mesmo. Eu? Comi o rai do livro.
Porque você, leitor, não faz ideia de como essa mulher é talentosa.
Sabe aquela escrita que não atravanca porque é fluída, muito fácil de ler? E é tão gostosa e carismática que você perde a noção e, de novo, tá entrando madrugada adentro e claramente se fodendo no dia seguinte.
Sobre a história em si, gostei, embora vá apontar um ou outro desagrado de leve.
É um histórico ambientando na Inglaterra de 1830 e tantos, nos tempos de bailes e etc. O mocinho era um empresário rico e libertino (safado, nos nossos termos) e ela, a debutante da vez. Os dois se conhecem e a coisa já evolui pra interesse fulminante.
A história foca basicamente os encontros e desencontros dos dois. Gostei, foi divertido acompanhar a evolução do relacionamento e, principalmente, ver o quanto eles se ferravam (ou quase) quando o troço esquentava. Porque, puta que o pariu pra o quanto esse mocinho é atrevido. Exatamente meu número.
Porém, chegou um ponto que a coisa ficou meio que na mesmice. De repente, se tivesse colocado um barraco no meio, sei lá, poderia movimentar mais. Quase torci pra surgir uma vadia-clichê. Sabe como é, pra quem tem um pé no tumulto, o circo tem que pegar fogo nem que seja na dentada.
Daí, lá pro meio acontece uma merda. Não vou falar do que se trata porque spoiler é feio, mas posso dizer que é a partir desse acontecimento que, ou o relacionamento amadureceria ou ia ladeira abaixo.
Outra coisa que reparei foram os diálogos.
Vez ou outra, me deparo com a falha em algumas autoras brasileiras (e estrangeiras também) de escrever diálogos muito artificiais, sem naturalidade. Parece que os personagens seguem um esquema de falas marcadas, um troço previsível, sei lá. Não tô sabendo explicar essa merda.
Só sei que adorei os diálogos de Por você porque foram naturais, como em uma conversa normal. Deve ser o fluxo natural de quem escreve fodamente e não tá muito atrás de autoras consagradas.
Mais ou menos isso, não tô conseguindo por em palavras.
Gostei, gostei muito. Nem eu tô acreditando em mim mesma já que tenho consciência do tamanho da minha ranzinzice literária. No entanto, o mérito é da autora, que conseguiu romper outra grande barreira pessoal minha. Vai que entra na minha dura cabeça que tem muito talento tupiniquim escondido por aí?
Sabe o mais assombroso?
Já comecei a ler a sequência. Quer dizer, o terceiro da série ao invés do segundo, porque sou dessas.
Se recomendo?
Como chocolate!
;)
Curte nozes:
https://www.facebook.com/livrosfalacaoeetc/