spoiler visualizarLeon 16/09/2012
Uma crítica à obsessão.
Edgar Allan Poe é um dos mais famosos escritores de contos de terror e suspense do mundo e, apesar de ter lido poucos contos dele, eu realmente o admiro muito. O conto O Retrato Oval, ou originalmente, Life in Death, que foi escrito em 1842, é um texto bem pequeno, mas também bastante interessante. A história pode ser dividida em duas partes, estando a segunda dentro da primeira, o que cria um curioso efeito de uma história dentro de uma história.
A primeira parte do conto só apresenta dois personagens: um homem e o seu criado, e se passa inteiramente em um castelo, ricamente detalhado pelo narrador, e que é descrito como sendo um lugar abandonado, grandioso, sombrio e antigo, um lugar típico de histórias de suspense ou terror.
A história dessa primeira parte se inicia com a ida dos dois homens, patrão e criado, a um velho castelo, já que um deles (o patrão, que narra essa parte da história em primeira pessoa) está ferido, e eles não tem lugar para passar a noite. Ao entrar no castelo, o homem acomoda-se em um dos quartos, e começa a ler um livro que fala sobre as pinturas que decoram aquele lugar quando um dos retratos na parede, que mostra uma bela jovem sorrindo, chama bastante a sua atenção. O homem acha a pintura tão real que se assusta ao encará-la, achando tratar-se da realidade. Uma vez que constata que não passa de um quadro, decide procurar no livro que fala sobre pinturas a história daquele retrato.
Assim que o homem começa a ler a descrição sobre a pintura, inicia-se a segunda parte do conto, que é narrada em terceira pessoa, e apresenta mais dois personagens: um pintor e uma donzela apaixonada por ele. Era uma mulher bela e amável, mas o pintor era obcecado pela arte, e muitas vezes não dava à mulher sua devida atenção. Certo dia, ele resolve pintar um retrato da donzela, que prontamente aceita. O pintor pede para que ela pose no ponto mais alto do castelo, e ela obedece.
Durante semanas, a mulher permanece lá, até que o frio a deixa doente. O pintor, ocupado demais em sua pintura, não presta atenção a esse fato, e a medida que os dias vai passando e ele vai concluindo sua obra-prima, a mulher vai piorando cada vez mais, ou seja, a medida que o quadro vai ganhando vida, a mulher vai perdendo a sua. No momento em que ele finalmente termina a pintura, surpreende-se a ver o quão viva ficou. Orgulhoso, volta-se para sua amante, e percebe que a mesma jaz morta.
É, como eu já disse, um conto bastante interessante, mesmo sendo curto. É também imprevisível, uma vez que se espera que o clímax ocorra na estadia do homem e o seu criado no castelo quando, na verdade, o ponto alto da história é a segunda parte. Poe critica a obsessão nesse conto, ao mostrar que o descaso do pintor para sua esposa acabou custando a vida dela.