jota 28/11/2020BOM (Ricardo Piglia teoriza o conto e elogia especialmente Jorge Luis Borges)Livro traz onze textos (e um epílogo) em que o assunto predominante é a forma literária breve, o conto. Fiquei com vontade de escrever os contos de Jorge Luis Borges bem entendido, mas isso seria um pouco de má vontade para com Piglia. Porque ele também tece rápidos comentários sobre Kafka, Joyce, Faulkner, Hemingway, Macedonio Fernandez, Roberto Arlt, Witold Gombrowicz e outros. É um pequeno volume, destinado a leitores que desejam ir um pouco além da simples leitura de um narrativa, que querem aprender mais, no caso, como se dá a ligação entre ficção e teoria literária. Nada melhor do que deixar o próprio Ricardo Piglia explicar o conteúdo de Formas Breves:
“Neste livro, trabalhei com narrativas reais e também com variantes e versões imaginárias de argumentos existentes. Pequenos experimentos narrativos e relatos pessoais me serviram como modelos microscópicos de um mundo possível, ou como fragmentos do mapa de um remoto território desconhecido. A literatura permite pensar o que existe, mas também o que se anuncia e ainda não é.” Não se admire se a explicação de Piglia não ficou tão clara assim, que ele é um grande admirador de Jorge Luis Borges, a quem estuda e faz elogios o tempo todo neste livro. Borges, como se sabe, não é exatamente um escritor muito lido (compreendido) pelas massas.
Borges sempre me pareceu estar muito mais preocupado com o cérebro do leitor do que com seu coração, com suas emoções. O ideal seria um equilíbrio entre as duas coisas, penso, como Faulkner e Kafaka conseguem mais facilmente. Não sou grande fã do argentino, li pouco do que publicou, então quando Piglia escreve sem parar sobre o autor de O Aleph e outras obras conhecidas, que considero um tanto herméticas, não me sinto tão disposto a prestar muita atenção em suas palavras, concordar com tudo. Enfim, esse volume não me agradou muito, mas quem é fã de Borges certamente vai apreciar bastante inteirar-se um pouco mais de sua arte através das anotações de Ricardo Piglia.
Lido entre 22 e 26/11/2020.