A Gata, Um Homem e Duas Mulheres e o Cortador de Juncos

A Gata, Um Homem e Duas Mulheres e o Cortador de Juncos Junichiro Tanizaki




Resenhas - A Gata, Um Homem e Duas Mulheres e o Cortador de Juncos


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Valério 02/12/2023

De médio a bom
A primeira narrativa me pareceu insossa. Embora permita uma imersão na cultura e modo de pensar e agir japoneses, o enredo deixa a desejar. Já a segunda narrativa (o cortador de juncos) me pareceu mais original e interessante e ainda mais revelador sobre a cultura japonesa.
Obra de leitura agradável.
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Patricia 02/11/2023

Eu gosto desse autor, o que eu não gosto é a ausência de final. Nem falo final aberto, falo de ausência mesmo, de histórias que simplesmente te fazer se perguntar se o livro veio com páginas faltando. Eu já vi isso em alguns outros livros japoneses mais antigos, então pode ser um estilo literário por lá? Enfim, nesse livro temos duas histórias, eu gostei muitíssimo da primeira, sobre a gata. Infelizmente foi agraciada com um história sem final. O segundo conto, o do cortador de juncos, não me cativou. Porém o final desse foi muito melhor, para começo de conversa teve um final, e esse final foi bem interessante.
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Diego Almeida @diegoalmeida999 20/04/2021

Tanizaki sempre me conquistando
Na primeira narrativa vemos diversas questões que envolvem o mundo das relações afetivas, a efemeridade do casamento em determinados contextos, mas neste caso em específico a gata lily é personagem que trás os demais, fazendo o contra peso eu diria, entre os humanos cada um com seus objetivos e a pobrezinha cativante e natural em sua forma de ser. Muito pode ser dito aqui mas vou evitar aprofundar, vale a pena ler. No caso da segunda narrativa do livro o Cortador de juncos, começou de forma mais teórico e denso, mas a medida que surge o segundo narrador, acabei me apagando a sua história e querendo mais e mais saber como acabava. No fim me surpreendi e gostei demais, da fugacidade com que as coisas se desenrolaram.
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Evel 30/10/2020

Fantástico
Recomendo muito. Uma leitura envolvente, que nos prende numa teia formada pelas minúcias do cotidiano. Lindo
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Pandora 28/03/2019

A gata, um homem e duas mulheres

Gosto muito de livros assim, em que a história parece muito simples, mas na verdade é um estudo do ser humano e suas relações.

Os personagens em “A gata, um homem e duas mulheres” são tão vis! A começar pelo homem em questão, Shozo. Mimado e infantil, é totalmente manipulável. Diz que ama a gata Lily, mas permite que ela seja doada duas vezes, por capricho das mulheres à sua volta. Até fisicamente Shozo é infantilizado: um gordo bonachão e preguiçoso que só quer saber de comer e brincar com sua gata, sem assumir as responsabilidades profissionais, da casa e do casamento. Sua mãe, com quem mora, é aquela que o filho procura para todo tipo de plano ou conselho e que se aproveita disto para fazer conchavos e direcionar o filho na direção que julga mais conveniente.

Fukuko, a nova mulher, é fútil, aproveitadora e inconsequente: não se importa de se casar com Shozo por escolha de seu pai e de sua sogra, desde que seu pai continue bancando seus caprichos e diversões.

Shinako me parece a menos pior: é uma moça trabalhadora, que foi expulsa de casa pelo marido para que ele pudesse ficar com Fukuko; quando casada com Shozo odiava e maltratava a gata por ciúmes e após a separação decide persuadir a nova esposa a lhe dar o bichinho com a intenção de atrair Shozo, mas acaba se afeiçoando verdadeiramente ao animal.

No meio disso tudo está Lily, a gata que serve de joguete nas mãos de todos e que, privada da convivência com outros gatos - já que todos os frutos de suas várias ninhadas foram doados -, e de ter uma vida calma ao lado de Shozo - que a ama, mas aceita desfazer-se dela -, se torna indiferente a tudo e envelhece a olhos vistos.

Acho importante observar que o comportamento submisso e a personalidade manipulável de Shozo permitem que até o ser que ele mais ama sofra as consequências de sua omissão. No caso é uma gata, mas poderia ser qualquer outra coisa.

O cortador de juncos

“O cortador de juncos” começa com um passeio do primeiro personagem (narrador sem nome) por um lugar histórico; é contemplativo e cheio de citações de história e obras japonesas, o que é muito interessante e abre novas possibilidades de pesquisa e leitura, mas é também uma parte mais difícil para quem não tem conhecimento da cultura japonesa. Com a chegada do segundo personagem, o contador de um triângulo amoroso que envolveu seus pais e sua tia, a leitura se torna dinâmica e atrativa.

Oyu é uma jovem viúva, por quem um membro da família Serihashi se apaixona à primeira vista. Ela é bonita, sofisticada e muito mimada por todos e embora não seja nobre, vive como se fosse. Após a morte do marido, ela continua a viver com a família dele e por terem um filho, reza a tradição que ela honre a memória do falecido e não se case de novo. Sendo assim, o apaixonado decide se casar com a irmã dela, Oshizu, para poder estar perto de Oyu.

Aqui, como na primeira história, são as mulheres as figuras fortes e dominantes; até mesmo Oshizu, a irmã que se sacrifica pela felicidade da outra, ao impor o celibato ao marido, o faz com veemência.

Uma característica importante na obra de Tanizaki é a amoralidade: triângulos amorosos, suicídios, relações fora do casamento, fetiches, tudo é contado de forma direta e sem julgamentos. Li “Voragem”, do autor, e os temas são uma constante.

Recomendo para os leitores que desejam sair do lugar-comum e explorar novas formas de escrita e cultura. Todos os livros de autores orientais que li eu gostei, em maior ou menor grau, e me fizeram ampliar minha visão de mundo.
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Diego 21/02/2018

Nas duas novelas reunidas nesse livro, Tanizaki explora assuntos similares de formas bem diferentes. Famoso por tramas que fogem das normas morais, o autor usa como tema central nas duas histórias triângulos amorosos, submissão e relacionamentos fracassados.

Em "A gata, um homem e duas mulheres", a gata Lily acaba sendo usada como artifício de guerra na batalha entre as mulheres Fukoko, atual esposa, e Shinako, ex-mulher de Shozo. Lily é o grande amor da vida de Shozo, sua intimidade e relacionamento é muito mais forte com a gata do que sempre foi com qualquer das duas mulheres. Tal situação minou o primeiro casamento, e como é mostrado no início da novela, também já começava a atrapalhar o segundo matrimônio.

É interessante notar que, ao contrário de "O cortador de juncos" e da sociedade japonesa em geral no final do século XIX e início do século XX, o personagem subserviente não é a mulher, e sim Shozo. Mimado e facilmente manipulado, o homem sempre recorre à mãe para ajudá-lo com qualquer problema. Mas as mulheres também não são pessoas exemplares. Shinako maquinou todo um plano para trazer Shozo de volta utilizando-se da gata. Já Fukoko, que não se incomoda de ser parte de um casamento arranjado, só é feliz quando recebe dinheiro do pai para gastar. O único personagem que transmite ao leitor uma boa impressão é a pobre Lily, presa entre pessoas desprezíveis.

A novela "O cortador de juncos" é formada por uma clara divisão de duas partes. Na primeira parte, Tanizaki faz uma homenagem a literatura japonesa clássica e ao teatro nô. Ao sair para um passeio, esse primeiro personagem principal passa por diversos lugares de importância literária e histórica. Aproveitando isso, o autor faz diversas citações à antigos poemas e contos japoneses. É uma escrita interessante, mas também arrastada.

Ao encontrar o segundo personagem principal (ambos são anônimos), o narrador da história muda e a segunda metade da história se inicia. Muda-se também o estilo da novela, que fica bem mais direta. Aqui, o segundo narrador conta a história do triângulo amoroso de seus pais. O homem se apaixona pela viúva Oyu, mas acaba se casando com sua irmã mais nova Oshizu, com o único objetivo de ficar mais próximo de Oyu, que não pode e não deseja se casar novamente.

Desde o início Oshizu percebe e aceita as verdadeiras intenções de seu marido, por pura submissão e devoção a irmã. O resto da novela discorre como foram os quatro anos que esse trio passou junto. Tal situação pode parecer absurda nos dias de hoje, mas no Japão do século XIX, período em que a história é ambientada é bem plausível.
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