Lu 08/05/2017
Crie unicórnios, mas não crie expectativas
Ao fechar o 'Ninfeias negras", fiquei com vontade saber mais sobre os Impressionistas e, em especial, Monet. Meu favorito continua sendo Van Gogh, mas eu preciso admitir que o pintor mais famoso de Giverny conseguiu passar a frente de Renoir.
E, de fato, as referências a Monet são o que o livro do Michel Bussi tem de melhor. A ideia de ambientar um assassinato na cidadezinha onde Monet fixou residência em seus últimos anos de vida é brilhante. Desde os livros da Agatha Christie (Assassinato na Biblioteca, Assassinato na Casa do Pastor, entre outros), é uma ideia que funciona muito bem, e que Michel soube aproveitar ao máximo, e usar sua narrativa descritiva (mas não em excesso) para ressaltar a beleza do lugar... e o horror do que estava escondido.
Outro triunfo é a montagem do caso. A maneira como as peças vão se encaixando aos poucos. Confesso que o final me surpreendeu bastante e isso é algo que eu adoro. Acompanhar Sylvio nas entrevistas foi muito divertido. O personagem é ligeiramente enrolado, mas talentoso....
... mas não posso dizer a mesma coisa de Laurenç. Para mim, ele é um belo exemplar de personagem-ostentação: ele chega prometendo mundos e fundos, mas entregando muito pouco. Achei sua atuação como um todo, patética e suas interações com Sylvio bobas, numa tentativa dispensável de humor. Até porque, o clima sombrio e de ameça que a velhinha narradora (outro acerto de Bussi) anuncia é muito mais interessante.
O resultado, portanto, é um tanto irregular, apesar da bela premissa inicial. Alguns personagens são chatos, e alguns trechos, especialmente os da Fannette, tornaram a leitura cansativa.
Enfim, é uma leitura interessante, ainda que contenha falhas. Nota final: 3,5 estrelas.
Recomendo, com ressalvas.