Gabriel 29/09/2018
Preciso comentar pra vocês que Ninféias Negras estava em minha lista de compras fazem, no mínimo, uns 3 anos, contudo, sempre acabei deixando de lado e optando por outros livros. No meu último acesso de loucura em que comprei quase 20 livros, coloquei um exemplar da obra em meu carrinho de compras determinado a removê-lo da minha lista de desejados. Então começo a leitura: Vejam bem, eu vim de duas leituras de suspense, uma maravilhosa (A mulher na Janela) e uma bem mais ou menos (O homem de giz), então minhas expectativas com relação a Ninféias Negras estavam aquém do esperado. Comecei a lê-lo despretensiosamente e num primeiro momento não me senti conectado a história, apesar de desde o início achar a narrativa muito bem escrita e o enredo original e envolvente, pois como vocês sabem, amo quando os livros constroem suas histórias utilizando fatos reais e eventos que de fato aconteceram.
Michel foi muito feliz na escolha do enredo e na montagem dos eventos que se passam em Giverny. Enquanto somos apresentados ao mistério principal que rodeia a trama, também mergulhamos na história do vilarejo através da história de três gerações distintas: A velha bruxa do moinho, uma professora de artes e uma garotinha de 11 anos cujo sonho é se tornar uma pintora de sucesso, tal qual Monet. A história delas a princípio não possui nenhuma relação com a morte de Jérôme Morval, um prestigiado médico, que foi encontrado brutalmente assassinado e jogado em um dos lagos que outrora serviram de inspiração para a pintura de "Nenúfares", contudo, com o desenrolar da trama, vemos que elas são a peça final do quebra cabeça para a resolução da trama.
Sei que já falei sobre, mas realmente fiquei impressionado com a forma como Bassi mesclou a história de Monet e Giverny com a ficção e o ambiente sufocante presente em Ninféias. A casa do pintor hoje é um museu que recebem turistas de advindos de todo o mundo para conhecer seu ateliê e nesse quesito o o livro é impecável do começo ao fim, abusando nas descrições dos diversos jardins e lagos paradisíacos, tornando a experiência de leitura ainda mais agradável e rica. A junção com a ficção é extremamente bem construída e durante a leitura, somos apresentados a uma antiga lenda que ronda o vilarejo sobre um suposto quadro que Monet pintou em seu leito de morte: Trata-se de uma versão sombria da obra Nenúfares batizado de Ninféias Negras. Esse quadro, por sua vez, nunca foi encontrado. O autor amarra os temas discutidos em uma trama original e com muito, muito suspense, além de personagens bem construídos. A velha bruxa é uma das melhores presentes na história, mas também destaco o investigador Sylvio e sua excêntrica esposa que trouxeram um tom cômico e leve para a narrativa. Me diverti demais com os dois e ficava ansioso esperando por mais aparições dos mesmos.
Com relação a resolução do mistério e o desfecho entre as histórias das personagens, nem nas mais remotas hipóteses eu iria pensar em algo que se aproximasse do que Bassi pensou e para fim, foi a cereja do bolo que coroa Ninféias Negras com as sonhadas 5 estrelas. Confesso que enquanto redigia essa resenha para vocês, voltei em algumas passagens marcadas pra refrescar minha memória e agora percebo as dicas sutis que autor nos deixou pra mostrar a relação entre as três mulheres, mas como citei, nunca iria imaginar dessa forma. O livro possui um bom ritmo e mesmo as páginas iniciais que são utilizadas pra apresentar a cidade, os moradores e o mistério envolvendo o assassino de Morval apresentam um bom ritmo e coerência com a história, porém, do meio em diante em totalmente impossível largar a história! Eu me lembro de ter desmarcado todos os meus compromissos, pois eu precisava saber o ponto em comum entre as três personagens e descobrir a identidade do assassino. Sei que já falei isso, mas fui pego totalmente de surpreso e nossa, que sensação boa!
Preciso destacar o profissionalismo com o que Michael escreveu e guiou sua história de maneira fluida e sem "engasgos" e furos de sincronismo. Escrever uma boa história de suspense que mantenha o leitor instigado e curioso e ao mesmo tempo não deixar que o ritmo da história caia na mesmice é muito difícil. Agora imaginem fazer isso tudo e ainda pensar em um plot twist "destruidor" como foi no caso desses? Estou falando isso, pois além de resenhista, estou tentando escrever um livro do gênero, e é muito difícil! Eu tiraria meu chapéu para Michael se eu tivesse um.
Em suma, Ninféias Negras brinda o leitor com uma narrativa original, criativa e brilhante, um desfecho emocionante e totalmente inesperado. Alinhado com a escrita aguçada de Michael, poucas vezes finalizei um livro embasbacado com toda a sagacidade da história. Fica aqui mais uma dica minha de suspense pra você que se interessa por livros históricos assim como eu. Podem confiar, é bom demais!
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