Brunno 01/02/2021Aconteceu naquele verão: doze histórias de amorTrata-se de uma coletânea de contos sobre o amor romântico escrita por alguns dos nomes de maior destaque de young e new adult da atualidade, como Leigh Bardugo e Stephanie Perkins, bem como por outros nem tão conhecidos – ao menos por mim –, mas que se revelaram igualmente talentosos – ou, em alguns casos, até melhores. Todos os contos têm em comum o fato de ocorrerem integral ou principalmente durante o verão.
No universo de “Inércia”, de Veronica Roth, os pacientes que estão prestes a morrer têm a possibilidade de chamar familiares e/ou amigos para a Última Visita, oportunidade em que, por trinta minutos, paciente e visitante conseguem rever simultânea e conscientemente as lembranças que possuem em comum. É como a “penseira” da série “Harry Potter”, com a diferença de que, enquanto lá a memória é de apenas uma pessoa, aqui ela necessariamente tem que ser compartilhada por duas pessoas, as quais podem reviver o momento conscientes do passado e do presente. Claire, apesar de não ser mais amiga de Matt há seis meses, é chamada por ele para a Última Visita, onde os pontos altos e baixos da amizade são revisitados.
Em “Mil maneiras de tudo isso dar errado”, de Jennifer E. Smith, Annie, desde que as férias de verão começaram, está ansiosa para rever Griffin, um colega das aulas de espanhol, apesar de ele nunca ter dado um sinal de que gostasse dela, restringindo-se a sanar cautelosamente suas dúvidas sobre conjugações verbais e pretéritos perfeitos. Eis que um dia, totalmente por acaso, eles se encontram em um supermercado e, após alguns momentos embaraçosos e hesitantes, um encontro no fliperama é marcado para o dia seguinte. Embora Annie sinta-se rejeitada pelas maneiras retraídas de Griffin, ela surpreende-se com o fato de ele ser a única pessoa a conseguir interagir – e interagir naturalmente – com Noah, um menino autista da colônia de férias em que ela atua como monitora, e questiona-se se algum dia conseguirá estabelecer uma ligação emocional parecida com aquela com Griffin.
Stephanie Perkins, por sua vez, no conto “Em noventa minutos, vá em direção a North”, dá continuidade à história do casal formado na coletânea anterior – “O Presente do Meu Grande Amor: doze histórias de Natal”. O relacionamento de North e Marigold terminou por decisão dele e ambos seguiram caminhos diferentes. Ela, porém, meses depois, e apesar de ainda nutrir sentimentos por ele, decide reencontrá-lo para impedi-lo de desperdiçar seu futuro com uma vida aquém daquela que ele merece.
“Ela está me dizendo que o fim do amor é uma boa frase para reflexão, mas é uma péssima escolha para uma tatuagem. Porque, assim como existem post-its e portas vermelhas de condomínios, também existem galhos de árvores e litorais. Também existem sacos de dormir, barracas e céus pontilhados de estrelas, existe gente como ela, e existe essa pessoa que estou me tornando.”
Os contos descritos são os meus favoritos, mas ainda há alguns outros muito bons, mágicos – tanto no sentido figurado quanto no literal da palavra – e apaixonantes, e outros – confesso – bem ruinzinhos, com finais deprimentes e desoladores. Achei interessante que vários contos dessa coletânea fugiram do romance convencional, incluindo, criaturas do mar, cinemas assombrados, parques de diversões com demônios e loop temporal. Com exceção de dois contos, foi uma leitura muito prazerosa, divertida, romântica e envolvente. Recomendo!
“Ainda há mil maneiras de tudo isso dar errado. Mas há mil maneiras diferentes de dar certo também.”