Os 13 tique-taques

Os 13 tique-taques James Thurber




Resenhas - Os 13 tique-taques


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Cristiane.Brasil 29/04/2023

Os 13 Tique-Taques
The 13 Clocks contém todos os elementos essenciais de um bom conto de fadas. Há o príncipe que se faz passar por um pobre menestrel, a princesa que é encarcerada no castelo pelo duque malvado, a missão que precisa ser cumprida num prazo praticamente impossível. Esse limite de tempo é vital à trama, uma vez que o duque afirma ter ?assassinado? o tempo, e os 13 relógios do castelo se encontram congelados às 4h50. Cabe ao príncipe encontrar um precioso tesouro e entregá-lo assim que os relógios marcarem as 5h. Sua única esperança é o Golux, um minúsculo mago que ostenta uma estranha lógica e um indescritível chapéu.

O castelo é um lugar perigoso, ruidosamente protegido por enormes guardas metálicos, silenciosamente controlados pelos espiões encapuzados do duque. Criaturas assombradas espreitam na escuridão das masmorras. Toques de absurdo fazem contraponto a essa atmosfera de horror. Bolas multicoloridas ricocheteiam pelas escadarias nos momentos mais improváveis - serão os fantasmas de crianças assassinadas que brincam lá em cima? Risadas distantes sugerem que sim. A história também possui traços de parábola: o amor acaba vencendo, o tempo é descongelado, e o mal? se dá mal. Nas páginas finais, o duque é perseguido por uma ?golha de bosma? que cheira a quartos velhos que não se abrem mais e ressoa como coelhos a gritar.

A linguagem é extraordinariamente criativa, e o tom, perversamente irônico: marcas registradas de um dos mais admirados e polêmicos humoristas da primeira metade do século XX. À época em que escrevia The 13 Clocks, Thurber quase não enxergava mais, e diversas passagens do livro (em que figuras vagas se deslocam nas sombras, feixes de luz atravessam os cômodos escuros, raios subitamente iluminam o breu da noite) sugerem a preocupação do autor com a cegueira que estava por vir.

A introdução é de Neil Gaiman que descreve ?é capaz de ser o melhor livro do mundo. E mesmo que não seja o melhor livro do mundo, ainda assim ele é, de certo, algo nunca antes visto, e, até onde me consta, nunca se viu algo como ele desde então.?

Trecho:
?Metade dos lugares a que já fui nunca existiu. Eu invento e reinvento. Metade do que digo que há não se encontrará. Quando eu era moço, falei de ouro enterrado na mata e homens correram léguas para a matar cavar. Até eu cabei.?
?Mas por quê??
?Achei que a lorota fosse verdade.?
?Mas você disse que inventou.?
?Eu sei, mas não sabia mais. Eu também esqueço.?
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Ana :) 06/04/2017

Do tipo que pede uma releitura
Na metade do livro, entendi que precisaria relê-lo para captar tudo que a obra trazia. O primeiro capítulo me deixou bem empolgada. Daí em diante, houve altos e baixos. O Golux é ótimo e há boas sacadas. O estilo me lembrou Alice no País das Maravilhas em vários momentos.Os jogos de linguagem são interessantes, mas não me fascinaram.

O problema é que alguns aspectos da história poderiam ser melhor trabalhados. Entendi o diálogo que estabelece com a narrativa dos contos de fadas, portanto minha crítica não é em relação ao alegorismo dos personagens, às poucas explicações ou ao desenrolar das ações, mas acho que faltou alguma coisa para amarrar melhor esses componentes.

A edição da Poetisa conta com uma introdução calorosa de Neil Gaiman, e não há dúvida do quanto o livro influenciou sua escrita. Há também uma justificativa do tradutor que contextualiza o autor no cenário literário de sua época.

Enfim, terminei sabendo que tinha lido um bom livro, mas com a sensação de não ter entendido muito bem o que apreciei nele.
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