spoiler visualizarMike 01/02/2017
Traídos Pelo Destino - Louise Bonotto | Resenha
Não é o tipo de leitura que eu estou acostumado, confesso. Gosto muito de suspense, ação e aventura. Mas para romance eu sempre faço cara feia. As histórias podem ser bonitas, mas são muito clichês e previsíveis. Gosto quando sou surpreendido, quando as coisas explodem ou segredos são revelados.
Traídos pelo destino é bem clichê, e tem uma premissa comum. Mas é um livro muito gostoso de ler. Dar uma pausa nos Best Sellers e Trilogias fez bem pra mim. Gostei muito mais do que esperava, mas como todo livro resenhado aqui no Farol, há pontos positivos e pontos negativos que precisam ser levados em consideração. O que sentimos na leitura é muito importante, mas nos textos que escrevo aqui não posso me deixar levar apenas pelo “gostei” ou “não gostei”.
Começando pelos pontos positivos, Louise Bonotto tem uma escrita ótima e que simplesmente flui. Flui tão bem que você vai lendo e nem percebe. Isso é ótimo, considerando que alguns livros de autores renomados eu me arrastei para terminar justamente pela lentidão (cof cof Stephenie Meyer cof cof). O livro é curto, tem apenas 194 páginas. Isso ajuda na rapidez da leitura.
O começo da história me lembrou muito a série Revenge, e essa é uma das minhas favoritas. Qualquer história que possua como plano de fundo uma Vingança chama a minha atenção. A protagonista se chama Sarah. Ela se separou do melhor amigo enquanto criança por um problema que as famílias tiveram entre si. Algo relacionado a dinheiro. Adam era o nome do garoto. Eles passaram cerca de 20 anos separados. Ela sofreu muito, porque a conexão que tinha com Adam era bem forte. A família de Sarah foi morar numa cidadezinha de interior enquanto Adam Mackenzie ficou com sua família na cidade grande.
A história começa mesmo cerca de 20 anos depois que Sarah e Adam se separaram. Ela agora tinha uma floricultura e vivia tranquila com sua família. Já Adam, havia perdido o pai e resolveu que se vingaria de Carlos Potter (Pai de Sarah) por ter dado um golpe em sua família. Assim, Adam chega à cidade com o nome de Alexandre. Sarah não o reconhece, mas ela sente que tem uma ligação com ele na primeira vez que se tocam, quando ele se apresenta como um visitante na cidade em busca de uma pousada.
A partir daí, o inesperado mas não tão inesperado acontece. Adam começa a se apaixonar de verdade por Sarah, coisa que ele não contava. Seu plano era conseguir provas que fossem suficientes para fazer com que Carlos fosse preso e condenado pelo que fez. Mas Adam se apaixona pela garota e começa a ter problemas em dar continuidade ao seu plano de vingança.
Louise Bonotto criou uma história clichê, mas com elementos não tão clichês. A trama principal da história é a vingança. Mas e quem foi que disse que Olavo, Pai de Adam, tinha contado a verdade pra ele sobre o golpe? Ao decorrer da história, descobrimos que Sarah tinha um irmão que morreu quando ela ainda morava perto de Adam, e que isso foi mais um motivo para que os seus pais decidissem se mudar do lugar. A história que Sarah sabia sobre o que aconteceu no passado era diferente da história que Adam tinha ouvido de seus pais.
Um diferencial na narrativa de Traídos Pelo Destino é que a autora tratou das coisas de uma forma normal. Geralmente nas tramas que envolvem vingança, existe toda uma conspiração e um planejamento por trás. Mas Adam acabou pecando no momento em que pisou na cidade: criou empatia pelo inimigo. E isso poderia acontecer na vida real. Mesmo que uma pessoa decida se vingar, ela não consegue ser um robô sem sentimento algum, e criar laços familiares com as pessoas é algo normal. Adam não consegue sustentar a mentira por muito tempo, e acaba tendo que resolver as coisas da forma mais simples de todas: Com diálogo.
Porém, como sempre temos que melhorar, tenho uma ressalva em relação aos diálogos. Os personagens são um pouco formais demais nas suas falas. A intenção era mostrar que Adam tinha uma linguagem um pouco mais culta por ser da cidade grande, e Sarah e sua família terem uma linguagem um pouco mais simples por terem vivido numa cidade pequena a vida toda. Alguns personagens chegam a tirar sarro de Adam pela sua forma de falar politicamente correta, mas não senti diferença na linguagem do pessoal do interior e dos personagens da cidade grande. Em uma das falas, Sarah diz o seguinte:
“Foi isso que me fez ficar catatônica no meu quarto. A percepção de que ele sofreu algum acidente…”
Não consegui imaginar uma garota que cresceu numa cidade de interior usando esse tipo de linguagem. E não somente ela, como também os outros personagens da cidade, como Carlos, Paula (Mãe de Sarah) e Dolores (Melhor personagem do livro). Foi a única coisa na história que incomodou um pouco, mas isso não chega a atrapalhar a leitura em nenhum momento.
Traídos Pelo Destino é um romance desses que você precisa ler para dar uma pausa na carnificina das histórias de ação e suspense. Era uma história que eu estava precisando. Há uma trana de fundo, mas o romance entre Sarah e Adam é o foco principal, e ele é bem desenvolvido. Claro, há todo aquele excesso dos romances onde um toque é capaz de arrepiar até os pelos da sobrancelha… haha… Mas eu shippei o casal principal. Você torce para que eles fiquem juntos no final.
Louise Bonotto merece meu agradecimento por não ter incluído um triângulo amoroso na história de Traídos Pelo Destino. Ela foca no casal e nos sentimentos deles, e o fato de ser narrado em terceira pessoa acertou em cheio por nos fazer entender o que cada um está passando e sentindo.
Se você é desses que gosta de um romance onde tudo acaba bem e o casal principal possuí uma química tangível, Traídos Pelo Destino é pra você. Mas se você não gosta muito de histórias com final feliz onde o casal faz de tudo para ficar junto e que seja um tanto quanto previsível, talvez não goste do livro. Mas é uma leitura curta, e eu recomendo para todos que querem começar a dar mais espaço para autores nacionais.
site: http://farolcultural.com/traidos-pelo-destino-louise-bonotto-resenha04/