Aline Marques 28/06/2017A dor é individual, bem como o amor. [IG @ousejalivros]Se você é daqueles que acredita que as pessoas com deficiências vieram ao mundo para ensinar lições, pagar por pecados de terceiros ou qualquer outra bobagem que repete para si mesmo a fim de ignorar que a existência e bem estar deles independe do seu medo, preconceito ou crenças, mas não de suas atitudes, aproxime-se, pois você realmente tem muito o que aprender.
Admito que, em determinados pontos, esse aprendizado ultrapassará alguns limites e será complicado abrir mão de suas certezas e prosseguir. Quando o momento chegar lembre-se de que todos temos direitos, um deles é o de sentir o que bem entendemos.
Ah, mais uma coisa, se a vida não é sua, você automaticamente perde o direito de criticar. Sem excessões.
Dorme menino levado
Dorme que a vida já vem
Teu pai está muito cansado
De tanta dor que ele tem
(Vinicius de Moraes)
Vianna possui uma escrita bela, leve e sagaz, que inebria e expõe, mantendo o leitor tão próximo quanto possível.
Do diagnóstico a adolescência de Henrique, acompanhamos os percalços de uma história única, mas não incomum.
Seu relato é UM relato de UM pai cansado de buscar e buscar e buscar, sem sucesso, o progresso de seu eterno menino. Um elo reafirmado pela necessidade um do outro e alimentado pelo amor.
E quando os sentimentos ficarem muito intensos, quando parecer que ele se perdeu, opte por acreditar que ele se encontrou na ânsia de encarar suas agonias e desalentos.
Não sei se as ambições do autor vão além de sua dedicatória, já que ele deixa claro o quão pouco vale tudo o que ele construiu até hoje (não que eu concorde). Mas as suas palavras me acompanharão por muito tempo, mesmo as mais sombrias.
Ele certamente não é um herói (de qualquer tipo), apenas humano. Basta que o leitor lembre-se disso durante a leitura e tudo ficará bem no final.
Ao menos é o que eu desejo para ele e seu filho. E para mim e o meu.