Marcus 08/09/2023Ficção científica e questões reaisUma parte obscurecida do céu noturno chama a atenção de um jovem astrônomo. Perturbações são notadas por profissionais a milhares de quilômetros. Assim é percebida a veloz aproximação de uma nuvem escura, e seus impactos sobre a Terra despertam preocupação.
A ideia original dessa obra e as discussões entre os cientistas são o melhor de “A Nuvem Negra”. Fred Hoyle foi um astrônomo, e como autor não poupa o leitor de longos debates científicos - por vezes bem profundos. Isso não afasta o interesse pela leitura, mas em muitos momentos deixa muito claro como é delicado o equilíbrio térmico em que a vida prospera em nosso planeta. Não há uma “nuvem negra” se aproximando, mas já vivemos os resultados de uma crise climática.
Hoyle mantém o clima de suspense ao longo de toda narrativa. Não devo dizer mais para não comprometer o efeito surpresa, ainda que o livro seja de 1957. No fim dessa edição da Todavia - traduzida por Érico Assis - há um breve artigo do biólogo e escritor Richard Dawkins. O texto é muito elogioso, mas também traz ressalvas a alguns conceitos científicos da obra. Vale registrar que Fred Hoyle foi um astrônomo célebre, mas negava a teoria do Big Bang - nome que criou - e a Teoria da Evolução.
“A Nuvem Negra” tem valor como ficção e informação científica, mas é datada e lamentável quanto à participação das mulheres. Em ao menos dois momentos, o texto causa aversão pelo machismo.
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