Djeison.Hoerlle 15/03/2022
Dando sequência às minhas leituras-estudo, chegou a vez de "O design do dia-dia". Ok, embora eu seja um designer de produtos digitais e o livro seja de 1988 - época em que nem se pensava em computadores como itens cotidianos - a autoria é do pai do User Experience Design (ou ao menos pai do termo), Donald Norman, portanto achei que seria uma experiência válida. Só que não foi.
O motivo não é nenhuma falta de eloquência no discurso, no conteúdo ou mesmo na forma como é apresentado (embora eu tenha me cansado das infinitas histórias sobre as convenções e viagens do autor) e sim algo inerente à experiência humana: o tempo.
Sim, sempre ele. E mesmo me recusando a utilizar o termo "datado" - até porque tudo é invariavelmente produto de sua época - eu preciso admitir que ele teve sim seu papel de vilão na obra em questão.
Isso porque sou um millennial que nunca precisou discar em um telefone, tampouco usar um projetor. Meu primeiro contato com um computador foi posterior à revolução Macintosh e também à revolução Windows 97, o que me impossibilitou de mergulhar nos dramas das descrições dos sistemas primitivos que eram utilizados na época da publicação. Para falar a verdade, eu sequer conseguia visualizar a maioria dos exemplos.
E embora eu não tenha curtido, jamais ousaria tirar qualquer mérito do do autor, afinal, se as coisas melhoraram a ponto de não conseguirmos sequer empatizar com as dores dos usuários de 40 anos atrás, é porque os apelos aqui descritos foram ouvidos e considerados pelas gerações de designers seguintes.
No fim das contas, acho que essa é a sina das obras que se propõem a melhorar o mundo e as coisas dele: quando de fato conseguem, deixam de ser guias práticos para virar história.