LAPLACE 20/01/2017Suspense Policial BrasileiroMargot enfrentou um dos piores pesadelos da maioria das pessoas: ser se sequestrada. Se isso já não fosse aterrorizador o suficiente, a garota descobre que seu raptor é Irony Joe, um seria killer norte-americano que vem tocando o terror pelo país, e de quem nenhuma vítima conseguiu escapar.
Em um golpe de sorte, Margot consegue fugir de seu cativeiro e voltar para seu pai, contudo, para garantir sua segurança, ela é enviada para viver com a mãe no Brasil, deixando seu porto seguro e partindo para uma terra desconhecida.
Com um novo nome, em um país completamente diferente, falando outra língua, e vivendo com uma mulher que, embora tenha lhe trazido ao mundo, nada sabe sobre, Margot precisa se adaptar à sua nova vida, sem nem fazer ideia que seu passado não a deixará em paz tão facilmente.
Querem saber mais? Então corram para ler o livro!
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Não vou mentir, eu me interessei por esse livro pela capa. Quando vi o título, essa arte linda e desoladora, e as gotas de sangue na janela de vidro quebrada pensei logo: isso ou é ficção científica — invasão alienígena à frente! — ou é uma distopia. Daí eu fui ler a sinopse e... quebrei a cara! A obra é um suspense, bastante real, uma coisa que pode acontecer nos dias de hoje, não tem nada a ver com tudo que imaginei.
Ainda assim resolvi arriscar, embora eu não curta livros do gênero. O que é meio equivocado, não é? Porém, como eu disse, a capa me prendeu, e outra, a autora é nacional. Quantas autoras brasileiras que escrevem sobre uma jovem perseguida por um serial killer você pode dizer que conhece?
A Manuela Titoto é a minha primeira e, como disse, embora livros de suspense não estejam em minha lista de leituras, às vezes eu gosto de sair da rotina, quando uma obra consegue me fisgar, como foi o caso dessa aqui. E ainda bem que eu o fiz, porque a história é muito boa.
A autora não se aprofunda na investigação policial, temos a busca pelo Irony Joe e esse é o grande conflito, afinal, precisam prendê-lo antes que ele mate a Margot, mas Manuela conduz a trama de uma forma que o livro não se torne um episódio de CSI, o que me fez gostar ainda mais, porque o gênero policial é outro que não me atrai.
Temos diversas subtramas que enriquecem a história, como a adaptação de Margot à sua vida no Brasil, suas novas amizades e o relacionamento com sua mãe — por falar nisso, eita mulher para gostar de fazer besteira na vida, hein, Sara?
Manuela desenvolve esses conflitos menores ao longo de texto, enquanto no pano de fundo temos a trama principal e a ansiedade por descobrir se Irony Joe será preso ou não. A autora não perde a foco da narrativa, porém também não a torna maçante, essa jogada de colocar o grande problema em segundo plano foi ótima para a história não ficar repetitiva, e assim pudemos não só conhecer mais os personagens — através das subtramas —, como agregar material para a solução do conflito principal.
Somos bombardeados com muita informação — às vezes atiradas em cima de nós e às vezes de forma discreta, para ver se captamos a mensagem implícita — página após página, e aos poucos os pontos vão se ligando e temos certeza que solucionamos o grande conflito e o final da obra é previsível. Aí a autora vem e nos passa uma rasteira.
Com maestria, Manuela conduz nosso pensamento por um caminho e nos faz encontrar um muro, mostrando-nos que ela é quem dá as cartas e que não desvendaremos os segredos tão facilmente. Uma parte do conflito principal eu consegui decifrar logo no começo, no entanto não especificarei aqui para não soltar spoiler. Não sei se foi intenção da autora fazer algo assim, de fácil percepção, ou se eu que captei, a questão é que isso não interferiu em minha experiência.
Por mais que seja bom sermos surpreendidos na leitura, o que me atrai em uma obra é o texto como um todo, a forma como ele é trabalhado, a evolução das personagens, suas reações, a maneira como as coisas acontecem, enfim, eu não leio um livro por causa do final, não me importo em fazer deduções antecipadas e receber spoilers, até costumo procura-los. Mas não se preocupe, se você achar que o livro se tornará ruim caso consiga captar o que eu captei logo no começo, eu te garanto que mais para frente a Manuela te surpreenderá, e muito.
Teve só algo que me incomodou no livro, contudo é uma opinião pessoal minha, não é nada que interfira no que a autora prometeu nos entregar com seu livro, ela realiza isso, e não posso comentar aqui o que foi para não dar spoiler. O livro é muito bom, tanto fãs do gênero como pessoas que não o curtam tanto podem gostar, e adorei ver uma autora nacional se aventurando pelo suspense, precisamos de mais escritores assim.