Dallas 22/09/2017
Crianças, rituais, possessão e horror cósmico. O que esperar de tudo isso? Eu conto.
Mais que uma história de horror envolvendo crianças. Uma lição de amor.
O plot é simples e brutal. Três meninos que no auge da infância, entre brincadeiras e passeios de bicicleta por estradinhas de terra, precisarão usar a força e a inteligencia para lutar contra um mal maior. E como sabemos, o mal mora nos detalhes.
Carlos mora sozinho com sua avó, Dona Mônica, sua unica família. Com o passar do tempo, entendemos que, na verdade, a doença de dona Mônica não é um simples mal da idade, mas sim uma entidade maligna e muito antiga que está se apossando e se nutrindo dela.
Carlos vai contar com a ajuda dos amigos Paulo e Samuel para combater esse mal. Mas como se derrota algo que não se vê? É ai que começam os pesadelos.
Everaldo Rodrigues nos despeja uma enxurrada de homenagens e referencias de grandes obras onde o horror e a amizade caminham de mãos dadas com personagens infantis. Como por exemplo, vemos a influencia e inspiração de Stephen King em trabalhos como IT e O corpo (Conto retirado do livro Quatro estações). Só quem já leu obras como essas podem entender a nostalgia de crianças andando de bicicleta pela cidade tentando reunir as peças do quebra-cabeças para resolver o grande problema.
Everaldo Rodrigues nos brinda com todas essas referencias num estilo próprio e cativante que irá te deixar sedento por mais.
Não só vemos a influencia de Stephen King na obra, como também notamos as peculiaridades de HP. Lovecraft em sua parcela de horror cósmico abordada. Toda a explicação de onde vem essa entidade milenar, ou como surge, se manifesta e como seria possível derrotá-la, é visivelmente uma referencia a esse grande autor clássico do horror.
E por fim, temos o estilo próprio do autor. Everaldo Rodrigues faz; não apenas em Horário de verão, mas em praticamente todos os seus livros, uma coisa que particularmente gosto muito. Ele nos mostra que boas histórias jamais serão somente preto no branco. Nada é uma coisa só. O que seria da luta de Paulo, Carlos e Samuel contra o maleficio, sem abordar todo o calor de uma amizade verdadeira?
O amor puro e sem preconceitos dos personagens valem mais que toda as cenas de dona Mônica levitando ou gritando palavrões.
O autor mescla tão bem os universos, fantasia com realidade... Terror e amizade... Amor e crueldade...Que ao findar a leitura passamos a nos perguntar: Mas afinal de contas, a vida não é mesmo assim? Pois não temo apenas um tipo de problema e sim varias coisas se juntam de formas diferentes formando um Monstro. E o que pode ser feito para derrotá-lo? Acreditar, confiar, amar e agir.
Portanto, Horário de verão é uma obra muito difícil de ser esquecida. Entre histórias de bruxas e monstros, há uma grande trama contada da forma mais simples possível, e mesmo assim deixa para trás aquele gostinho de conspiração.
Ajuste seu relógio, pois o horário de verão está chegando.
Resenha em vídeo abaixo. Por Pulp Fictions com Lucas Dallas
site: https://www.youtube.com/watch?v=QE---ZumdoQ