Naty__ 24/05/2017Uma grande liçãoAbsolutamente abandonado. As fraldas indicam, com o choro incessante, que é um bebê. Pessoas passam e encontram aquela criança na porta de um bar. Aqueles corações, moles, sentem dó do pequeno; se perguntam o motivo de tamanha atrocidade. Ninguém entende, eles não sabem explicar, mas apenas observam que há uma vida ali, no meio daquele nada, junto com a solidão.
É com essa reflexão que inicio esta resenha. Quantas crianças são largadas pelos pais? Quantos pequenos são abandonados, sem sequer ter o poder de escolha, o poder de demonstrar a sua vontade e de clamar por ajuda? Danilo foi um desses garotinhos. Um menino lindo, saudável, mas que foi largado por pessoas que eram consideradas seus pais. Até que ponto somos capazes de chamá-los dessa forma? Afinal, entende o Supremo Tribunal Federal que pai é quem cria, pai é aquele que possui um laço afetivo, independentemente do sanguíneo. Então, volto para consertar a expressão: Danilo foi um desses garotinhos abandonado pelas pessoas que o colocaram no mundo.
Ao se deparar com aqueles olhos puxados, aquele jeitinho cativante e o olhar sofrido, aquele casal decide acolhê-lo como um filho e então vão registrá-lo no Cartório. Danilo passa ter a atenção que não tinha, porém, ele cresce num ambiente não muito apropriado para um garoto naquela idade: num bar. Podemos ver imagens dele encostado numa mesa de sinuca e, constantemente, frequentando-o.
Nuha foi quase tudo o que uma pessoa poderia imaginar: jornaleiro, balconista de bar, açougueiro, limpador de fossa, descarregador de caminhão, operário, jornalista, muambeiro, professor de história, instrutor de yôga, fiscal de concurso público, assessor de imprensa, operador de teleprompter, produtor e traficante. Com apenas 16 anos, ele se tornou bandido no Japão; tornou-se contrabandista em Bali.
Quem está do lado de fora apenas pensa em apontar e condená-lo. Porém, quem lê esta obra compreende seus momentos de fraqueza, é claro que acha umas coisas absurdas, mas queremos abraçar o autor, dizer o quanto lamentamos por tudo o que ele passou e o quanto comemoramos por sua superação. Afinal, é fácil julgar quando estamos observando a vida alheia, difícil é passar por tudo aquilo e dar a volta por cima.
Hoje, com uma vida diferente, escrevendo sua obra, o autor nos ensina que é possível sermos melhores do que fomos e do que somos. Parece clichê dizer isso, mas muitos reclamam de barriga cheia, não enxergam que o problema do outro é maior do que o nosso. É isso que aprendemos ao ler este livro. Qual é a sua dificuldade no momento? Ouvir uma reclamação da sua mãe, um descontentamento do pai e ter notas baixas nos estudos? Ser abandonado pelos próprios pais parece mais pesado do que isso, mais triste. O autor tinha muitos motivos para ficar depressivo e entrar num quadro debilitado.
Podemos ter muitas dificuldades físicas, emocionais e diversas outras... Mas será mesmo que é o fim do mundo? Nuha nos mostra que não. Nada é o fim do mundo, nem mesmo o final.
Essa obra nos prepara de muitas maneiras e deveria ser leitura obrigatória para abrir nossos olhos. Nos fazer observar as pessoas de forma mais humana, realista e solidária. Quantas vezes uma pessoa não quer nosso abraço, carinho e atenção? Quantos são rejeitados por seus familiares e só queria um tratamento diferenciado de um desconhecido? Vamos olhar ao nosso redor, ajudar mais as pessoas, tratá-las como humanas e nunca esquecer: se caímos, podemos levantar.
Esta resenha saiu mais como um desabafo, uma lição, e não poderia ser diferente. Nuha nos proporciona isso. Só lendo para entender e para sentir. Você gosta do gênero? Indico para que leia agora. Você não gosta do gênero? Indico para que comece por este, imediatamente.
Se eu tivesse de definir este livro em duas palavras seriam: intenso e indelével.
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http://www.revelandosentimentos.com.br/2017/05/resenha-nada-consta.html