O negativo do capital

O negativo do capital Jorge Grespan




Resenhas -


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Mr. Matos 24/10/2020

Comentário magistral
Podemos começar falando que é uma obra de muito rigor analítico é muito fiel ao horizonte marxista que entende que "seria supérflua toda ciência que concluísse que a aparência do objeto investigado se mostra concretamente, seja identificada a essência do mesmo" portanto toda ciência só pode ser verdadeiramente critica rompendo com as fantasmagorias ideológicas, os erros e explicitando a essência mesma do fenômeno objetivado. Em outras palavras, procurando reconstruir a estrutura lógica-dialética do argumento da critica da economia politica marxista, o professor Grespan tentar apreender a totalidade do Capital como sujeito histórico que, determina as categorias sociais historicamente concretas e identificando que a categoria lógica determinante da ordem do capital é a "contradição." Marx em sua obra demonstra que essa contradição se manifesta concretamente de diversas formas como a lei tendencial da queda da taxa de lucro e etc. Grespan demonstra que o processo critico de Marx é a realização de uma critica imanente do capitalismo, é uma critica que se desenvolve nos próprios termos do capitalismo no seu próprio funcionamento processual onde a crise sempre aparece como "potencialidade relativa" que é um elemento que escapou a uma serie de bons interpretes da teoria da crise de Marx como a própria Rosa Luxemburgo ou Maurice Dobb, Hilferding ou Tugan-Baranovsky que não existe uma possibilidade absoluta de crise onde o capitalismo vai se estrangular e autodestruir como bem gostariam os Revisionistas Bernstein e Stalin que destruíram os elementos revolucionários do Pensamento Marxista que so pode se retomado após a publicação de Gênese e estrutura do Capital de Karl Marx por Roman Rosdoslky que por um esforço homérico esse Sobrevivente, que sobreviveu ao Stalinismo na URSS que aniquilou uma geração inteira de intelectuais marxistas, após fugir para a Austria para evitar o mesmo fim tragico de Riazanov, Pachoukanis, Bukharin e Trotsky, Rosdolsky foge para a Austria onde acaba em um campo de concentração nazista por ser tanto comunista quanto por suas origens judaicas, após a sua libertação do campo de concentração o mesmo decide fugir para os EUA onde la encontra a perseguição Macarthista que o impede de conseguir emprego em uma universidade, o que o levou a uma vida de miséria até o fim dos seus dias, Contudo sua obra salvou o Marxismo da vulgaridade e retomou a sua importância teórico-critica como uma ciência rigorosa. O livro do Professor Grespan se insere na tradição que se inspirou e se inspira na "revolução teórica" criada por Rosdoslky, o livro é um convite ao abandono dos idiotas abandonar Mises, Hayek, Paulo Guedes et caterva e a Economia Vulgar propagada por esses sujeitos. Entre todas as lições profundamente importantes que esse importantíssimo livro tem a que eu considero mais relevante é a de que a Crise não é um evento isolado, não é uma causa ou um efeito de tal ou tal coisa, a Crise é um processo. Ela é o fim e o começo de um processo de acumulação o "trabalho de Sísifo" do Capital em seu infinito processo de Destruição e Criação do Social produzindo uma forma social absolutamente instável que a qualquer momento pode ser desmontada pra fim de uma reorganização da estrutura produtiva capitalista. Como essa reflexão poderia se efetiva no Brasil atual ? a partir do momento em que a pandemia de covid-19 no Brasil realizou um verdadeiro desastre que seria aqui inútil enumerar seus diversos efeitos, gostaria de salientar apenas a destruição de diversas pequenas e medias empresas e o aumento substancial de desempregados, a regressão nacional rumo a fome e a pauperização as propostas politicas de reforma tributaria se recusam a discutir impostos sobre lucros e dividendos, sobre heranças e grandes fortunas, mas avançam a espoliação e pauperização dos pobres e classes médias, a reforma administrativa ameaça além do aparato dos serviços públicos os direitos adquiridos dos servidores públicos e os mais afetados serão os professores os pequenos funcionários enquanto magistrados do judiciário, alto oficialato militar, parlamentares se tornam intocáveis em seu auto privilegiamento, enquanto tudo isso ocorre em plena pandemia os bilionários se tornaram ainda mais ricos em pelo menos 50 bilhões, conforme o livro do professor Grespan isso pode ser lido como um processo de gestão, A crise é uma forma de gestão do processo de acumulação do capital, os direitos estão ameaçados justamente por essa nova reorganização do capital, essa é a destruição necessária do ponto de vista do capital para criar um novo rearranjo é como a pedra que rola do alto montanha que Sísifo tem de empurrar montanha acima de novo, nos somos como formigas que todo movimento da Rocha destrói tudo que nos dedicamos a construir até o proximo momento ascendente ou decrescente da Rocha, a Economia Vulgar nos ensina que esse é um processo natural que não ha nada a se fazer assim como os astros circulam em orbitas elípticas o capital é tão natural quanto, Marx nos ensina que podemos parar a Rocha que podemos criar um outro rumo para esse processo, que ele não é natural que ele atende as determinações do próprio metabolismo social então é preciso transformar radicalmente a ontologia social. Além de compreender completamente a fenomenologia da nossa sociedade de forma rigorosamente critica, não basta o entendimento é preciso a conscientização enquanto sujeito-agente do processo histórico, é preciso entender que tanto na criação quanto na destruição, o capitalismo exerce a sua essência, como na imagem tornada possível por Camus temos de enxergar nesse processo, um Sísifo feliz mesmo diante do Horror Bolsonarista.
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danielmoratti 21/01/2021

Não é um livro de simples leitura, por se tratar de uma tese de doutorado e que posteriormente foi publicada no formato de livro pela editora expressão popular.

O contato com o livro foi em razão de estar aprofundando meus estudos no tema das crises econômicas a partir de uma abordagem da crítica da economia política. Desse modo, o autor, a partir de Marx, perpassa pela formação da crise em todos os três livros d'O Capital, mostrando que esse elemento sempre esteve presente, apesar de Marx nunca ter formulado exatamente uma teoria das crises econômicas, sendo um fenômeno intrínseco ao processo de acumulação capitalista.
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