Miséria da Filosofia

Miséria da Filosofia Karl Marx




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Patrick41 10/10/2023

Uma Treta entre Marx e Proudhon.
Seu nome completo era Heinrich Karl Marx e nasceu em Treveris na Renânia alemã, em 5 de maio de 1818. Pela linha materna e pela paterna seus antepassados foram profundamente religiosos. O avô paterno era rabino. A mãe, judia holandesa, descendia de velho tronco de rabinos. O pai foi intelectual liberal e advogado famoso que teve de aceitar o cristianismo quando Karl completou seus anos, porque não era permitido aos judeus exercer a advocacia nos tribunais superiores.
Aos dezessete anos entrou na Universidade de Bonm, mais interessado no Direito que na Religião, resolveu estudar jurisprudência. Pouco depois Marx viu que a primeira escolha era equívoca seu e de seu mentor, Georg Wilhelm Hegel. Suas notas eram desiguais; parecia incapaz de equilibrar um raciocínio. Depois de passar um ano em Bonm, durante o qual desanimou o pai porque não era capaz de sobressair em nada, foi para a Universidade de Berlim. Ainda continuou, durante algum tempo, a estudar Jurisprudência, mas a convicção cada vez mais firma de que a advocacia era a profissão de parasitas levou-o ao estudo da História da Filosofia. Cada vez se via mais fascinado pelo frio racionalismo de Hegel.
Hegel sustentava que a razão – ou a lógica pura – não só concebe as coisas como também lhes dá origem, provocando a ação; que não existe linha divisória entre o conhecimento filosófico e a sua aplicação para a compreensão do fato científico; que a vida muda constantemente como resultado de uma luta dialética de ideias opostas, nos quais os contrários resultam em uma síntese. Marx levou ainda mais longe a filosofia hegeliana.
Apesar de ser fundamentalmente homem de ação, passou praticamente a vida inteira dentro das bibliotecas. Pai de família extremoso, leal a seus amigos íntimos, mostrava-se duro e intolerante com quem não aceitasse suas ideias de modo integral.
Escritor e pensador da classe média, que nunca aceitou um trabalho fixo para ganhar a vida, foi eleito primeiro presidente da primeira Associação Internacional dos Trabalhadores. Ainda que fosse alemão e vivesse a maior parte de sai vida na Inglaterra, sua influência, profundamente revolucionária, tem-se manifestado mais vigorosa na Rússia e no Extremo Oriente.
Em Paris, Marx conheceu Friedrich Engels que, dois anos mais jovem do que ele, se converteu em discípulo, colaborador e, mais tarde, em editor de sua obra póstuma. Nascido na Westfália, tinha se rebelado contra a sua própria classe, a classe que vivia da riqueza herdada e pôs-se ao lado dos pobres. Intelecto bem-dotado e escritor brilhante, seguiu a esteira de Marx no desenvolvimento da teoria do materialismo histórico. Contrariamente ao que se poderia supor, a atmosfera política de Paris enfraqueceu e a vida cultural tornou-se intolerável.
A cidade o ajudou a organizar o Manifesto Comunista, a primeira declaração pública do socialismo internacional. No mesmo ano, publicou Marx sua primeira obra importante, que é uma réplica à densa obra de tipo retórico do economista francês Proudhon. Proudhon deu a esse livro o título de Filosofia da Miséria; a obra de Marx, também escrita em francês, foi publicada com o título mordaz de A Miséria da Filosofia.
Marx viveu em extrema pobreza, em um dos lugares mais sórdidos de Bloomsbury, seu alojamento só oferecia uma vantagem; ficava perto do Museu Britânico, aonde ia diariamente e onde trabalhava horas e horas a ler, comparando e compilando os materiais para a obra aparentemente obscura, que haveria de assombrar e comover o mundo. Suas condições de vida eram tão estreitas e dispôs sempre de tão pouco dinheiro, que a família sofreu grandes privações e três de seus filhos morreram na juventude.
No Manifesto Comunista, Marx aplicou a dialética de Hegel à História e à Economia Política, o Manifesto sustentava que a propriedade dos meios ou instrumentos de produção é a chave para a compreensão do materialismo histórico. A diferença primordial entre as classes é a distinção entre o grupo dos que possuem os meios de produção e o grupo dos que não os possuem. Pela própria natureza de sua posição, a classe que possui os instrumentos de produção explora a classe que emprega para utilizar os instrumentos mencionados.
Aos sessenta anos de idade, a saúde do filósofo começou a declinar rapidamente. A ajuda econômica que recebera de Engels mal chegava para manter-se e manter a família nos limites do estritamente necessário. Jenny foi vítima de câncer e morreu em 1881, quando Marx sofria um ataque de pleurisia. Embora de curasse, ficou tão débil com a doença e o golpe da morte da mulher que nunca recuperou a saúde. Quinze meses depois da morte de Jenny, piorou e morreu em Londres, a 14 de março de 1883, aos sessenta e três anos de idade.
Nasceu em 15 de janeiro de 1865, Pierre-Joseph Proudhon, filósofo e economista político que seria considerado um dos mais influentes teóricos do anarquismo. De origem humilde, começou a trabalhar cedo numa tipografia, onde entrou em contato com liberais e socialistas experimentais, que representavam as mais importantes correntes políticas da época. Em 1838 foi para Paris e em 1840 publica seu primeiro e maior trabalho: O Que é Propriedade? – um estudo sobre o princípio do direito e do governo.
Nessa obra afirma-se socialista, criticando a propriedade privada e sustentando que a exploração da força de trabalho alheia era um roubo. Cada pessoa deveria comandar os meios de produção que se valesse. O livro atraiu o interesse de Karl Marx que o classificou como socialista utópico, condição que jamais reconheceu. A amizade terminou quando Marx respondeu ao Sistema das Contradições Econômicas ou a Filosofia da Miséria de Proudhon com seu A Miséria da Filosofia, de 1847. A disputa tornou-se uma das origens da divisão entre as alas marxistas e anarquistas nas reuniões da Associação Internacional dos Trabalhadores.
Proudhon era favorável às cooperativas, assim como à propriedade coletiva dos meios de produção. Opunha-se à nacionalização da terra e das empresas. Considera que a revolução social poderia ser alcançada por meios pacíficos. Proudhon promove um redimensionamento do conceito de federação, ele concebe o federalismo na sua integralidade, de modo a compreendê-lo como um princípio de associação que pode ser praticado nos diferentes níveis da vida social (MORIYÓN, 2018).
É na obra do Princípio Federativo e da Necessidade de Reconstruir o Partido da Revolução (1863) que Proudhon expõe detalhadamente a sua proposta federativa, denominada Federação Agrícola-Industrial. É importante analisar e discutir as formulações analíticas de Proudhon em torno dos regimes fundamentais nos princípios da autoridade e da liberdade.
Em Princípio Federativo e da Necessidade de Reconstruir o Partido da Revolução (1863), Proudhon salienta que existem dois princípios que fundamentam os regimes políticos: a autoridade e a liberdade. Os regimes da autoridade – monarquia e comunismo – caracterizam-se pela ausência da divisão de poderes. Por outro lado, os regimes baseados no princípio da liberdade – democracia e anarquia – operam com base na divisão de poderes. No que se refere aos regimes de autoridade, a monarquia é a forma de governo na qual o soberano – o rei, no caso – exerce o poder sobre todos, o comunismo, ao contrário, baseia-se no governo de todos sobre todos. Os regimes assentados no princípio da liberdade organizam-se, a democracia é a forma de governo na qual o governo de todos é exercido por cada um, ou seja, está fundamentada na participação dos cidadãos, e a anarquia, como expõe Proudhon, é o “governo de cada um por cada um” (2001: 49).
Miséria da Filosofia, O Anti-proudhon.
O que é ser alemão? É dedicar-se à matemática, ao idealismo, à revolta estéril e egoísta como Stirner ou a uma moral de imperativo categórico como Kant, essencialmente por impotência de transformar o mundo, seja de maneira política como foi o caso da França. Valor constituído é o valor baseado na quantidade de trabalho representada no objetivo; o valor de uso é o valor utilitário de um objetivo, o valor de troca é o equivalente em outros bens ou em prata desse objeto. Esses dois valores opõem-se, “eles estão na razão inversa um do outro”, a produção cresce o valor diminui e o valor considera nem a utilidade nem o trabalho.
De acordo com Karl Marx, é o trabalho e somente o trabalho que produz todos os elementos da riqueza e que os combinam até em suas últimas moléculas, segundo uma lei de proporcionalidade variável, porém certa. Aponta que um desses partidos não será totalmente eliminado e permanecerá como o eterno rival do comunismo: é a corrente da qual Proudhon é considerado pai, o anarquismo.
Miséria da Filosofia se refere à concepção proudhoniana da propriedade, denuncia sua abstração e afirma a incapacidade de Proudhon e compreender a sua origem econômica. Não é porque opõe o indivíduo à sociedade que Marx combate o Anarquismo, mas, ao contrário, porque, faltando a essência do primeiro, este não alcança também a verdadeira natureza do segundo. Toda categoria econômica, toda lei, todo conceito econômico é abstração das relações sociais e não a verdadeiro “senão enquanto essas relações subsistem”. Não são, pois, verdadeira senão transitoriamente, visto que nada dura eternamente e que o movimento, a troca, a evolução conflitual são a lei de que tudo o que existe.
O indivíduo vive de seu trabalho e com o vínculo concreto, material, com os outros indivíduos que vivem e produzem. É real a produção cotidiana por homens, por meio de certas formas de produção, de sua vida material. Este será exatamente o erro de Proudhon: o de não ver que o modo de produzir e o quadro histórico-social não se confundem com que é produzido, que o lençol e o pano, para retomar o exemplo de Marx, produzidos pelos homens não se confundem com as “relações sociais nas quais elas produzem o lençol e o pano” e que são a condição de possibilidade, a base real da produção. A realidade é pra Marx a da história porque ela é a da vida.
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