Nati 14/08/2018" You don't get to freeze the picture when you want it. It would have been living in the past and eventually, you just start doing the same jokes over and over again."Uma das coisas que mais gosto na escrita da Morgan Matson é a forma como ela desenvolve os relacionamentos dentro da história - sejam de amizade, sejam de família ou românticos. São sempre laços divertidos e profundos, naturais e bem desenvolvidos, onde os personagens se comunicam e resolvem seus problemas ao longo da trama sem precisar recorrer ao drama. Os romances são sempre super bem trabalhados e vão evoluindo de forma muito realista e gostosa, e os casais se complementam. Ambos os trabalhos anteriores que li da autora são histórias meio 'coming of age', onde a protagonista vai descobrindo quem realmente é e caminhando nessa transição entre adolescência e vida adulta, porém de forma relacionável. E talvez a expectativa de mais uma vez encontrar tudo isso nesse novo livro da autora, porém com o bônus de um cenário divertido de casamento onde tudo dá errado, foi o que me fez me decepcionar muito com "Save The Date".
Primeiro, Charlie não é nem de longe uma protagonista à altura de Andie e Emily. A mais irritante e imatura, com certeza. Desesperada para ter o 'fim de semana perfeito' com a família uma última vez (esse dramalhão me cansou horrores), ela não só tratou várias pessoas mal, como afastou e se esqueceu completamente da melhor amiga durante esse tempo todo...ou seja, um dos aspectos mais legais dos livros da Morgan, que são as amizades fortes, já caiu por terra de cara. Segundo, ela é super egoísta e saí soltando faíscas quando as coisas não vão do jeito dela. A relação familiar, que era o ponto chave deste livro, não foi nem tão bem trabalhada assim - ficou-se focando tanto em tudo o que estava dando errado no casamento, nos sentimentos da Charlie com relação ao final de semana perfeito dela, e eram tantos personagens ali dentro da história, da família ou não, que não houve tempo suficiente para haver interações e construção de relacionamento e personagens suficiente para que eu me apegasse a praticamente ninguém. É muito falado da relação que a Charlie tem com os irmãos, porém em momento nenhum isso é aprofundado ou o leitor consegue sentir tudo isso que ela fala, por que as interações entre eles são poucas demais pra construir essa sensação, pra o leitor sentir por que a Charlie está se esforçando tanto pra ter essa última reunião, como essa família é realmente especial como ela diz. E nesse foco dela de nada sair errado, ela começa a deixar passar coisas óbvias na trama, que são os 'plot twists' do livro, porém fica claro pra o leitor o que vai acontecer desde o início. Não que nos livros anteriores a Morgan oferecesse grandes surpresas ou viradas de mesa, mas ainda assim sempre tinha algum ponto de virada interessante na história, e até isso aqui foi meio 'meh'.
E o que falar do romance, que sempre é um dos pontos altos dos livros da autora? A protagonista perdeu o livro INTEIRO com um cara, e mal e mal interagiu com o verdadeiro interesse amoroso....e só nas últimas 100 páginas que tivemos algo lembrando um romance. Ou seja, até isso se perdeu dentro da história. A escrita aqui também não ajudou muito - como se passava no espaço de dois dias, realmente não tinha como desenvolver mais coisas sem entupir o livro de pequenas cenas e torná-lo ainda mais desnecessariamente maior do que já é. Ficou tudo meio apressado, me senti lendo a novelização de um filme adolescente de sessão da tarde, praticamente. Fora que TUDO o que podia dar errado durante um final de semana, deu - ao ponto de em algum momento parar de ser engraçado e ficar ridículo e irreal.
Outra coisa que pecou: o humor. Foram poucas as cenas realmente engraçadas e divertidas dentro da história. MAS achei a inserção das tirinhas uma sacada bem legal e um paralelo com os acontecimentos do momento da trama, além de reforçar a trama do fim da Grand Central Station e tal. O único highlight aqui foi a aparição dos personagens do livro anterior, "The Unexpected Everything", que é o meu favorito dela até o momento, e que tiveram cenas muito legais (fora que amei rever meu ship, Andie e Clark).
Enfim, não foi um bom ano pra minhas queridinhas do YA contemporâneo - nem pra Kasie West nem pra Morgan Matson. Uma pena, por que sempre me sinto muito bem lendo os livros dela. Mas continuarei acompanhando o trabalho de ambas e esperando ansiosa pelos próximos livros!